O ex-Presidente de Moçambique, Joaquim Chissano, é o primeiro vencedor do Prémio Mo Ibrahim de Boa Governação em África, no valor de cinco milhões de dólares, segundo SIC. O galardão foi criado pelo milionário do ramo dos telemóveis Mo Ibrahim, como forma de incentivar a boa governança em África.
Cada premiado receberá, numa primeira fase, cinco milhões de dólares (3,4 milhões de euros), em tranches entregues ao longo de dez anos.
Depois disso, passa a receber anualmente, e até ao fim da vida, 200 mil dólares (139 mil euros) a título pessoal e outros 200 mil para patrocinar "boas causas". É o mais elevado valor monetário deste tipo de prémios em todo o mundo - de recordar que o Prémio Nobel é de apenas 1,5 milhões de dólares (um milhão de euros).
Filho de um funcionário público e de uma camponesa, Chissano foi o primeiro aluno negro a frequentar o liceu Salazar de Lourenço Marques (actual Maputo). Em 1960 veio estudar Medicina para Lisboa, mas a sua militância política e a oposição ao domínio colonial obrigaram-no a fugir para a Tanzânia. Dois anos depois, foi um dos fundadores da guerrilha marxista Frelimo, onde dirigia a Informação e a Segurança.
Fundamental nos Acordos de Lusaca, que puseram fim ao domínio colonial, os dotes diplomáticos valeram-lhe a chefia do Governo de transição para a Independência (1974-75). Escolhido para chefe da diplomacia por Samora Machel, em 1986 sucedeu-lhe na presidência do país, após a morte deste na queda de um avião.
Chissano herdou um país com uma economia destruída e uma população pobre e analfabeta. O Presidente rapidamente percebeu que precisava de ajuda para relançar a economia. Adoptou então uma posição de não alinhamento que lhe valeu apoio tanto de países comunistas, como do Ocidente.
Em 1992, assinou um acordo com a Renamo, pondo fim à guerra. Vencedor das primeiras eleições livres no país em 1994, foi reeleito em 1999, mas recusou um terceiro mandato. Casado com Marcelina Rafael e pai de quatro filhos, Chissano vê agora o seu trabalho nas áreas da economia, da educação e da saúde reconhecido. "Como homem que reconciliou uma nação, Chissano é um modelo não só para África, mas para o resto do mundo", disse Mo Ibrahim.
Questionado por jornalistas sob o facto do filho de Chissano ser acusado de implicação na morte do jornalista Carlos Cardoso, o presidente da ONU Kofi Annan, disse que todas as questões foram levadas em conta, mas que o ex-Presidente moçambicano não pode ser prejudicado por uma questão que envolve um seu familiar e não o próprio.
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