Os 15 marinheiros britânicos capturados por Irão vão ser julgados , devendo estes ser condenados se ficar provado que violaram águas territoriais do Irão, declarou hoje o embaixador de Teerão em Moscovo, noticia a Lusa.
«Não foi recebido qualquer pedido de desculpas por parte da Grã-Bretanha e o caso torna-se, por conseguinte, de carácter judicial», declarou o embaixador Gholamreza Ansari à televisão russa Vesti.
«Se a sua culpabilidade for demonstrada, naturalmente que se seguirá uma condenação e, por agora, quero apenas sublinhar que o procedimento judicial já teve início», acrescentou o diplomata.
Teerão continua a reter os 15 marinheiros britânicos capturados no passado dia 23, acusados de terem entrado ilegalmente em águas iranianas, uma versão contestada por Londres.
Nenhum sinal deixa prever uma saída rápida para a crise entre Londres e Teerão, oito dias após a captura dos marinheiros pelos Guardas da Revolução iranianos na foz do rio Chatt Al-Arab.
Londres «está a empreender uma discussão formal» com Teerão, indicou um porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros britânico, enquanto que Washington e a União Europeia (UE) expressaram sexta-feira o seu apoio ao governo de Tony Blair.
Teerão entregou quinta-feira à noite uma nota diplomática à embaixada britânica no Irão, tendo a ministra dos Negócios Estrangeiros britânica, Margaret Beckett, comentado não ver «nenhum sinal» da vontade dos iranianos de quererem resolver esta crise.
«Os líderes britânicos devem evitar a exploração mediática e a politização para impedir que o assunto se complique», declarou hoje o chefe da diplomacia iraniana, Manuchehr Mottaki.
Os Estados Unidos rejeitaram sexta-feira qualquer possibilidade de troca dos 15 marinheiros britânicos por cinco iranianos detidos desde Janeiro pelas forças da coligação no Iraque, cuja liberação é pedida por Teerão.
O especialista em Defesa da BBC, Paul Wood, disse que existe uma "teoria" segundo a qual os marinheiros britânicos foram capturados em obediência a uma ordem "procedente dos mais altos níveis do governo iraniano", o que torna a negociação "um jogo bastante diferente" para o Ministério britânico dos Negócios extrangeiros.
Segundo o especialista, no ano passado o presidente norte- americano, George W. Bush, ordenou secretamente que agentes iranianos supostamente trabalhando no Iraque deveriam ser capturados ou mortos, porque a coalizão acreditava que Teerão está "fomentando problemas" no país vizinho.
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