Salah Eddine Amaidan em greve de fome

Atleta de nível mundial faz greve de fome em solidariedade com os presos políticos saharauis nas prisões marroquinas

Em estágio intensivo em Font Romeu, nos Pirenéus, com as equipas nacionais francesa e argelina, Salah Eddine Amaidan, atleta Saharaui de alto nível está hoje em greve de fome.


Apesar do exigente programa de treino a que está sujeito e do problema de altitude, Salah Eddine Amaidan não quis deixar de se juntar à luta que é a sua, a liberdade do seu povo e do seu país, o Sahara Ocidental.

Há 6 anos que é refugiado político em França, depois de ter fugido de Marrocos onde quotidianamente sofria descriminações, estava proibido de falar a sua língua natal e exprimir a sua cultura, identificado no seu próprio bilhete de identidade com duas simples letras: SH.
Salah Eddine Amaidan é hoje, apenas, mais um saharaui entre muitos outros pelo mundo inteiro, que fazem um dia de greve de fome de solidariedade face à indiferença.


Nos acampamentos de refugiados, em território libertado, do outro lado no território ocupado do Sahara Ocidental ou na diáspora por esse mundo, os saharauis demonstram hoje a sua solidariedade com os seus presos políticos, abusivamente encarcerados devido às suas opiniões, espancados, torturados, julgados sem reais processos de defesa, contra tudo aquilo que preconizam todas as convenções internacionais e mesmo marroquinas.

Cerca de meio milhão de saharauis estão hoje provavelmente em greve de fome para apoiar os seus 59 presos políticos e exigir a sua libertação imediata e incondicional. 40 deles estão em greve de fome por tempo indeterminado e alguns cumprem já hoje um mês de jejum total. Entre eles estão nomes ilustres, como Ali Salem Tamek, Brahim Dahan, Hammadi Nasiri, Yahdih Ettarrouzi Rashid Sghayar e Saleh Lebaihi, presos por terem visitado as suas famílias nos acampamentos de refugiados no sul da Argélia, aguardam julgamento há mais de seis meses, correndo o risco de poderem responder perante tribunal militar por suposta «traição à pátria». Uma pátria que não reconhecem por não ser a sua.

A ONU, através do relatório de seu secretário-geral, evitou a evidente e premente necessidade de outorgar à MINURSO, a sua missão de paz no território, a responsabilidade pelo monitoramento das violações dos direitos humanos.

Aguarda-se agora se o Conselho de Segurança ignorará mais uma vez a missão de proteger os povos indígenas sob o jugo do colonialismo, não obstante a situação no território e todas apelos nacionais e internacionais que exigem que assuma a sua responsabilidade.

Salah Eddine Amaidan tem 26 anos, é saharaui. Nasceu e cresceu na zona do Sahara Ocidental sob ocupação marroquina e foi obrigado a integrar a equipa nacional junior de Marrocos com a idade de 12 anos. Em 1999 era já triplo campeão de cross de Marrocos, segundo no campeonato de África, e duas vezes campeão do mundo árabe. Em 2003, durante uma prova na cidade de Agde, em França, resolveu assumir um risco político para toda a vida: nos últimos 200 metros, e quando comandava já a prova isolado, empunhou a bandeira Saharaui, ilegal em Marrocos e símbolo da «Intifada Saharui», e cortou a linha de meta. Sabia que seria presso caso regressasse a Marrocos e por isso pediu asilo político em França onde vive actualmente.

Desde esse dia, Salah tornou-se "representante do povo saharaui", não só nos mais importantes acontecimentos desportivos mas como porta-voz e embaixador da causa do seu povo.

Salah tem pago caro o seu activismo. Quando ainda se encontrava em Marrocos, a casa da sua família sa famille a été plusieurs fois invadida. Ele foi várias vezes amordaçado, preso, interrogado e torturado. Após o seu exílio em França , três membros da sua família foram presos pela sua resistência pacífica no Sahara Ocidental sob ocupação de Marrocos. O seu tio foi morto recentemente entre Tant-Tan e a cidade saharaui de Smara por polícias marroquinos (ver Boletim da Associação de Amizade Portugal-Sahara Ocidental - http://issuu.com/sulcoopdes/docs/boletim_sahara_ocidental__janeiro_2010_ ). Apesar de em relativa segurança em França, já por quatro vezes foi atacado por quatro vezes por desconhecidos, e ainda recentemente quando treinava com a supercampeão britânica Paula Radcliffe nos Pirinèus. Actualmente não tem nacionalidade, por ter recusado assumir a nacionalidade espanhola ou francesa.

Com base em informações da APSO (Amis du Peuple Saharaoui) e do AgoraVox

Associação de Amizade Portugal – Sahara Ocidental

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