O ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, é acusado de receber R$ 100 mil em propina da empreiteira Gautama, apontada pela Operação Navalha, da Polícia Federal, como a coordenadora de esquema que fraudava obras públicas.
Ele teria decidido pedir licença ou demissão do cargo ontem à noite, segundo o jornal Folha de S.Paulo. A decisão teria sido um conselho do senador José Sarney (PMDB-AP).
Segundo apurações do jornal, o anúncio seria feito ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva no vôo que traria a comitiva de volta do Paraguai para o Brasil. A comitiva chegou à Base Aérea de Brasília às 23h dessa segunda-feira. Lula e Rondeau deixaram o local às 23h45 sem darem declarações.
A PF aponta indícios de que o ministro teria superfaturado em R$ 2 milhões uma obra do governo federal no Piauí, o que ele nega. Segundo o jornal O Povo o presidente assistiu ontem à noite ao vídeo divulgado pela Polícia Federal, que mostra um assessor do ministro recebendo um envelope da secretária da empresa Gautama, responsável pelo esquema.
A organização criminosa descoberta pela Polícia Federal desviou recursos dos Ministérios de Minas e Energia; Planejamento; Integração Nacional; Cidades; e do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit). O esquema passava por dez estados e o Distrito Federal, envolvendo crimes como fraudes em licitações, corrupção passiva e ativa, tráfico de influência e lavagem de dinheiro, segundo a PF. Ao todo, 46 pessoas foram presas. Os acusados começaram a depor ontem, no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Para o presidente em exercício, José Alencar, não há nada a comentar sobre o caso porque não há uma acusação nem uma condenação, apenas uma suspeita. Segundo Alencar, o ministro disse com firmeza que não está envolvido e gostaria que fosse feita uma investigação.
O presidente em exercício elogiou o trabalho da Polícia Federal e declarou que condena qualquer esquema de corrupção porque fora da lei não há salvação. Mas ponderou: "Não posso condenar as pessoas quando apenas há indícios".
Sobre a possibilidade de afastamento de Silas Rondeau, Alencar deixou a questão por conta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva: "É uma questão do ponto de vista de consciência pessoal do ministro. E em relação ao ministério, quem decide é o Lula".
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