Não é por casualidade que passou o melhor Natal dos últimos anos: o Brasil antecipou o pagamento de sua dívida com o Fundo - cujo vencimento seria só em 2007, com juros de 4% ao ano. De uma só vez, o governo Lula pagou 15 bilhões de dólares.
O feliz senhor Rato se desfez em elogios ao gesto do Lula por seguir à risca a cartilha das reformas neoliberais: "...É um exemplo muito bom para as economias emergentes entenderem do que as reformas não só valem a pena, mas podem dar resultados positivos e rápidos" afirmou.
Depois de comemorar como abutres este fato -resultado do sofrimento imposto ao povo brasileiro com os reiterados ajustes, e assim que as repercussões do gesto do Lula e a ampla divulgação na imprensa patronal saíram das manchetes, apareceu o dado que faltava: "O governo acelera as captações de dinheiro no exterior" (Gazeta Mercantil - 28/12/05).
Antecipando as emissões de títulos da dívida externa brasileira por um total de 3,5 milhões de dólares, com juros de entre 8,5% e 12,75% ao ano (emissão prevista inicialmente só para 2006) o governo brasileiro presenteou os agiotas internacionais com um lucro em dólares de cerca de 10% anual. Em 2005 o Tesouro Federal fez várias colocações de títulos da dívida interna. Os juros reais, pagos aos especuladores, foram de 13% ao ano.
Com a "valorização" do real diante do dólar, "os títulos da dívida interna garantiram um lucro de nada menos que 35% ao ano para os investidores estrangeiros!" (Maria Lúcia Fattorelli Carneiro - Coordenação da Campanha Jubileu Sul). "Na prática, o Brasil ANTECIPOU E ACELEROU o endividamento em títulos da dívida externa a um custo de cerca de 10% ao ano em dólares, aumentou o endividamento" "interno" a um custo real de 13% ao ano (sendo que os inversores estrangeiros lucraram 35%) e antecipou o pagamento das dívidas ao FMI, cujo custo era de apenas 4% ao ano" (Maria Lúcia Fattorelli Carneiro)".
Lula demonstrou assim, não só ser neoliberal, mas o melhor de todos. Mas, tentando disfarçar seu gesto de servil agente do imperialismo, Lula teve a cara de pau de afirmar: "... acabou-se o tempo da colonização; vamos nos auto-administrar. O Brasil já é adulto". Entrega mais de 15 bilhões de dólares ao imperialismo para financiar suas guerras, para continuar explorando e oprimindo os trabalhadores e os povos do planeta, aumentando a dependência do Brasil perante os agiotas internacionais, aprofundando o caráter colonial do país diante do império e tem a petulância de falar do fim da colonização. O discurso dos traidores é mesmo impressionante.
Seguindo suas palavra, Lula continuou: "O Brasil precisa pelo menos de 15 ou 20 anos de desenvolvimento sustentado para garantir melhorias sociais e estruturais". Mas não nos enganemos: não haverá nenhum desenvolvimento do país mantendo estas políticas neoliberais. Os trabalhadores e o povo pobre do país também não estão dispostos a esperar tanto tempo assim. As únicas que se desenvolvem sob esta política são a fome, a miséria, o desemprego e o ajuste salarial, por um lado; e o lucro dos banqueiros, dos grandes capitalistas e dos agiotas internacionais, pelo outro.
É preciso continuar a desmascarar os traidores; enfrentar os que se elegeram como depositários da esperança de milhões e, uma vez no governo, revelaram seu verdadeiro rosto de agentes do imperialismo; enfrentá-los sem dar descanso à falsa oposição da direita tradicional, que vota no congresso nacional as mesmas medidas contra os trabalhadores e o povo apresentadas pelo atual governo.
Nas ocupações da terra, na luta pela reforma agrária ou por moradia, nas greves, nas mobilizações e também nas urnas, a tarefa que se impõe é e derrotar o modelo neoliberal e seus aplicadores: o governo Lula e se partido, o PT; e avançar na construção da verdadeira independência nacional, começando por deixar de pagar a dívida externa.
Deputado Babá
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