O Projeto-Piloto de Educação Sanitária Brasil Livre de Aftosa prevê a realização de palestras e a visita de um barco-escola a 16 municípios do Pará para orientar pecuaristas, pescadores, lideranças e autoridades locais, além de estudantes sobre a importância da erradicação da doença no país. Hoje, a febre aftosa é a maior barreira à abertura de novos mercados para a carne brasileira aqui e no exterior.
Conduzindo uma tripulação de cinco especialistas em educação sanitária, o barco Boto Tucuxí já esteve em Santarém, Monte Alegre e Oriximiná (Pará), onde foram promovidas palestras, apresentações de grupos folclóricos, teatro de mamulengos, música regional e exposições para a população local. Os técnicos passam informações, como noções de higiene e as regras para se vacinar o gado corretamente. A embarcação, cedida pela Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), foi transformada em uma escola flutuante com capacidade para 40 alunos. Esta é primeira vez que o governo, desde que assumiu o controle da aftosa no Brasil, há 70 anos, utiliza a mobilização social pra levar a educação sanitária às regiões mais distantes do país.
O projeto pretende mostrar que a febre aftosa prejudica o desenvolvimento econômico da região. Além disso, a falta de informação favorece o surgimento de outras enfermidades, como a raiva e a tuberculose. A doença causa a perda do apetite do gado, diminuição da produção leiteira, perda de peso, crescimento retardado, menor eficiência reprodutiva, podendo levar a morte, principalmente, os animais jovens. Acabar com as doenças que afetam os animais é também primordial para diminuir impactos negativos na saúde pública. "Essa ação também é essencial para elevar e gerar renda na região. O melhor fiscal é o consumidor bem informado", completa o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues.
A idéia, conforme explica o coordenador de Educação Sanitária do projeto em Santarém, José Carlos Bühler, surgiu devido a pouca infra-estrutura de defesa sanitária disponível na região. "Um único caso de febre aftosa, registrado em junho, em Monte Alegre, foi desastroso para economia do município. Isso porque quando ocorre o caso são montadas barreiras que impedem não só a saída da carne do estado, mas do pescado, frutas e castanhas, principais atividades da região.", conta Bühler.
Numa segunda etapa do projeto, realizado em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Agência de Defesa Agropecuária do Pará (Adepará), Banco da Amazônia, Banco do Brasil, Universidade Federal Rural do Pará, Ceplac e a Universidade Luterana do Brasil (ULBRA), entre outros, o barco visitará mais 13 municípios do Baixo e Médio Amazonas, no Pará.
Nas visitas a Santarém, Monte Alegre e Oriximiná, mais de 1.500 pessoas receberam orientações sobre como prevenir e combater a febre aftosa. As palestras, ministradas pelas especialistas Rose Antunes e Rosane Colares, são adaptadas para cada tipo de público, como estudantes de 1ª a 8ª séries, universitários dos cursos de Agronomia, Veterinária e Zootecnia, pecuaristas e militares do Exército e Marinha. As crianças, ao final da aula, recebem um kit com camiseta, mochila, revista em quadrinhos, folder e bloco de papel.
O Pará foi escolhido para iniciar o projeto-piloto porque possui o maior rebanho do Circuito Pecuário Norte, com cerca de 15 milhões de bovinos e bubalinos. O circuito engloba ainda os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Rondônia, Roraima e parte de Tocantins. Com exceção de Rondônia e Tocantins, considerados como livres de aftosa com vacinação, os demais estados são classificados como áreas de risco sanitário.
O projeto Brasil Livre de Aftosa tem com meta a erradicação da doença até 2005. A previsão é de que com a eliminação da aftosa o Brasil consiga aumentar significativamente as exportações de carne, que este ano devem chegar a 1,6 milhão de toneladas, com faturamento de US$ 2,2 bilhões. Hoje, o país já é o maior exportador mundial do produto.
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