Uma das cerca de 30 pessoas ouvidas pelo Ministério Público Estadual no caso do mensalão mineiro, o presidente da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), Clésio Andrade, afirmou que o ministro Walfrido Mares Guia, então vice-governador, atuava informalmente na coordenação da campanha do tucano Eduardo Azeredo à reeleição. Vice da chapa em 1998, Clésio também disse que Mares Guia e o ex-presidente da Cemig Carlos Eloy - oficialmente o coordenador geral da campanha - indicavam os repasses de recursos para candidatos proporcionais do PTB, segundo o Estado de Sao Paulo.
No depoimento, de 27 de setembro do ano passado, ele assumiu que pediu ao tesoureiro da campanha, Cláudio Mourão, que ajudasse com recursos três ou quatro deputados do PFL (hoje DEM), seu partido na época. E disse que o mesmo comportamento era adotado por Azeredo em relação ao PSDB.
Clésio fazia a ponte do PFL, o próprio Azeredo do PSDB e o Walfrido e o Carlos Eloy do PTB, concluiu o promotor João Medeiros, com base no depoimento. Clésio era sócio da SMPB, agência de Marcos Valério investigada no caso, mas deixou-a para se candidatar.
Segundo Medeiros, Mares Guia e Azeredo foram convidados a dar depoimento, mas não deram resposta formal. O promotor explicou que isso não impede o ajuizamento da ação.
Valério esteve na promotoria no dia 10 de abril, mas alegou direito ao silêncio e que só responderia no inquérito em curso no Supremo Tribunal Federal (STF). Para seu advogado, Marcelo Leonardo, o Ministério Público Estadual não tem poder para conduzir a investigação, pois os fatos já são objeto de inquérito na esfera federal.
Entendemos que eles não têm competência para a matéria. Toda a investigação sobre esse assunto está no STF, em virtude de a apuração envolver o senador Eduardo Azeredo.
Mares Guia repetiu, por meio da assessoria, que não coordenou nem formal nem informalmente a campanha de Azeredo em 1998. Naquele ano, o ministro foi candidato a deputado federal e, segundo a assessoria, percorreu mais de 700 municípios.
O Estado não conseguiu contato com a assessoria de Azeredo durante o fim de semana. O senador, porém, já afirmou que não foi responsável pelas questões financeiras de sua campanha nem tinha conhecimento delas. Mourão, em depoimento à CPI dos Correios em 2005, deu a mesma informação. Sobre as estatais, Azeredo também disse tinham autonomia financeira e seus dirigentes afiançam que tudo foi feito dentro da legalidade.
Clésio foi procurado, via sua assessoria, mas não retornou o pedido de contato. Carlos Eloy e Mourão não foram localizados.
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