O rabino Henry Sobel, acusado de furto nos Estados Unidos, vai cumprir pena no Brasil, mas não vai ficar preso. O rabino fez um acordo com a promotoria americana: vai prestar cem dias de serviço comunitário no Brasil.
Henry Sobel disse em entrevista exclusiva ao Jornal da Globo, que já escolheu duas entidades para prestar os serviços comunitários. Uma é o Lar das Crianças, da Congregação Israelita Paulista. A outra é uma organização da comunidade judaica. Ambas atendem a pessoas carentes de todas as religiões.
Em março, ele foi preso nos Estados Unidos pelo roubo de gravatas em lojas de grife. Dois meses depois da prisão, o rabino não lembra de tudo.
Não me lembro dos detalhes. Me lembro daquilo que aconteceu depois. Eu me lembro do meu depoimento na delegacia, lá em Palm Beach, mas o fato em si escapa completamente à minha consciência, disse o rabino Henry Sobel.
O rabino, no entanto, não esquece a vergonha. Me mostraram as gravatas. Aí, eu reconheci o crime. Então, através de uma lógica A-B-C, deu para tirar conclusões. Pode crer: é muito dolorido para mim falar sobre o incidente dois meses depois, diz.
Aos poucos, Henry Sobel está diminuindo a dosagem dos remédios contra a insônia e estresse, que, segundo os médicos, teriam motivado o crime.
Eu acredito naquilo que os médicos dizem aqui: que foi uma overdose, uma dosagem exagerada de remédios. E isto mexeu com a minha química cerebral e mudou o meu comportamento. Não importa. Eu fico profundamente aborrecido, constrangido com aquilo que aconteceu. Aquilo que aconteceu jamais deveria ter acontecido, afirma.
Como figura pública, como líder religioso e como pessoa, Henry Sobel diz que nunca vai esquecer o vexame.
Eu me senti profundamente humilhado, me senti indigno de ser aquilo que eu sou. Mas, olhando em retrospecto, e a cena não sai da minha cabeça, talvez foi importante como uma lição de aprendizagem, conta.
O rabino ainda acha que vai demorar para conseguir o próprio perdão.
Eu preciso me redimir perante a mim mesmo e perante a sociedade que esta me apoiando. Principalmente, eu preciso me redimir perante Deus. Nunca mais, finalizou.
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