por Adalberto Monteiro*
A militância será um dos fatores decisivos no desfecho da disputa presidencial. O que está em jogo é o Brasil e a sorte de seu povo. A militância que descortinou um novo tempo para o país com a histórica vitória de 2002, herdeira da rica tradição guerreira, republicana, democrática, patriótica, progressista, de nosso povo, é chamada a impedir o retrocesso e defender o Brasil e seu povo, reelegendo Lula presidente.
Não vale, portanto, omissão de qualquer espécie nem mesmo a proveniente da justa ira pelas ''patetadas'' e ilegalidades dos ''aloprados''. Que cada militante asssuma seu posto na rua! A história igual a um técnico de futebol à beira do gramado nos ordena: ao ataque! ao ataque!
Quando uma pátria é invadida, nos postes das avenidas de suas cidades e nos troncos das árvores de suas florestas, se lê: ''Cidadãos, Cidadãs, às armas!''.
O Brasil não foi tomado por tropas inimigas, mas a oposição conservadora na ambição de retomar a presidência da República mutilou a salutar disputa democrática e transformou as eleições presidenciais numa verdadeira guerra política. Querem ''expelir''o presidente Lula do Palácio Planalto a quem consideram um intruso, não apenas por sua origem operária, mas, sobretudo, pelo seu compromisso com a soberania do país e com a melhoria da vida do povo.
Por isso, a história convoca os partidários de um Brasil soberano, democrático, socialmente justo, a ocupar o seu posto nas ruas. Se uma esquina está vazia ou tomada pelas bandeiras do adversário é porque algum partidário do Brasil ainda não se deu conta de que o Brasil corre risco. Se Alckmin vence é a volta de FHC, é a volta das privatizações (Adeus, Petrobras), é a volta do corte de direitos sociais, é a volta da submissão às grandes potências com o retorno da Alca, é a volta do autoritarismo, com os movimentos sociais sendo tratados como ''caso de polícia'', é volta da impunidade da corrupção.
Não vale, portanto, omissão de qualquer espécie nem mesmo a proveniente da justa ira pelas ''patetadas'' e ilegalidades dos ''aloprados''. Os militantes que já enfrentaram as piores adversidades não podem ficar acuados ante o cerrado ataque da direita. A história, igual a técnico de futebol à beira do gramado, grita aos quatro ventos: Ao ataque! Ao ataque!
Que cada militante assuma seu posto, exerça seu papel. Na escola, no trabalho, na Igreja, no Templo, no bar, no lar, na fila do cinema, na arquibancada do campo de futebol, na Internet, no comício, na passeata. Essa eleição vai ser decidida ''no braço'', erga, pois, a sua bandeira. Essa eleição vai ser decidida pela justeza do programa da campanha Lula: distribua, pois, seu panfleto, acione seu correio eletrônico, tenha na ponta da língua o argumento. Tenha paciência com os indecisos, calma com os descrentes, humildade para ouvir as críticas do povo e na paz e na moral e com altivez polemize com os adversários.
Não espere por ninguém. Assuma seu posto, arregimente você mesmo seu batalhão. O Brasil corre risco. Se no Comitê do Lula não tiver bandeira, improvise, faça você mesmo a sua. Explore sua criatividade e versatilidade. Só não vale se omitir. As gerações futuras terão aquela sadia inveja de nós que temos o privilégio e a responsabilidade de reeleger Lula e garantir que o Brasil siga no caminho da unidade nacional, da democracia, da soberania, do desenvolvimento econômico e social, crescendo numa integração solidária com os povos e países irmãos e vizinhos.
A vitória de Lula está ao alcance das mãos do povo brasileiro. Ao contrário do que foi alardeado o segundo turno não começa ''zero a zero''. Começa com Lula com quase 7 milhões de votos à frente de seu adversário. A pesquisa Data Folha, divulgada em 6 de outubro, confirma essa vantagem.
Mas, uma vitória ao alcance das mãos não é, ainda, uma vitória ''nas mãos''. (Mesmo um peixe pescado, algumas vezes escapole das mãos do pescador e volta ao rio). Para concretizar a vitória é necessário um conjunto de providências: ampliar as alianças, campanha politizada e ofensiva, bom desempenho nos debates, qualidade dos programas de TV. Mas, no geral, nesses quesitos, entre ganhos e perdas pode haver certo equilíbrio entre Lula e Alckmin.
Serão longos esses vinte e poucos dias que nos separam do histórico 29 de outubro. Poderá haver uma oscilação de condições favoráveis a um e outro concorrente. Digo isso, porque embora Lula seja o favorito, ele tem contra si uma doença que existe em nossa democracia. A liberdade de imprensa, um dos pilares sobre o qual se ergue a vida democrática, está sob a ditadura de um pensamento único. Pela Constituição, os canais de TV são concessões que o povo através do Estado disponibiliza à iniciativa privada para, entre outros objetivos, bem informar à Nação. Praticamente, todas as redes de TV se tornaram o oposto desse preceito. Se Lula terá dez minutos na TV no horário do Tribunal Superior Eleitoral, o seu adversário terá ao seu favor quase que todas as horas do dia, tal o grau de parcialidade e manipulação da rede Globo e de outras.
Erroneamente, mesmo entre a esquerda, passou-se a menosprezar um fator que pode ser o decisivo nesse segundo turno presidencial e na disputa pendente aos governos de alguns Estados: a militância. O núcleo dessa militância são os filiados aos partidos políticos, integrantes de entidades e movimentos de natureza diversa e se estende à parcela dos eleitores que dado a radicalismo do confronto se tornam, ''inorganicamente'', militantes.
Alckmin, consciente que tem força restrita entre a militância tradicional, apela para o que denomina de ''militância cívica''. Trata-se de um contingente de eleitores motivado por valores e bandeiras retrógradas de sua campanha, como o preconceito contra os brasileiros pobres e os nossos compatriotas nordestinos. Na ganância de vencer, Alckmin e o aparato de propaganda da campanha tucana cometem o crime de insuflar a divisão da Nação, o preconceito entre brasileiros. Lastimavelmente, tais mensagens obscurantistas tiveram eco, sobretudo, em parte do eleitorado do sul e de São Paulo. A direita está açulada e tem quase toda a mídia ao seu dispor para arregimentar o que o tucano chama de ''militância cívica''. Que os partidários do Brasil, que os partidários da reeleição de Lula, não subestimem esse fato.
Por isso, a militância que no passado remoto lutou pela abolição da escravatura, pela República, que nos anos 40 lutou pela criação da Petrobrás, saiu às ruas contra o nazifascismo e explodiu em justa ira pelo suicídio imposto a Getúlio Vargas, que elegeu Juscelino e Jango e os defenderam das maquinações golpistas de ontem; a militância que pela causa da democracia enfrentou ao preço da própria vida a truculência da Ditadura Militar; a militância que deu o tiro fatal no arbítrio com as históricas campanhas das Diretas-Já e pela vitória de Tancredo Neves; a militância que com suas mobilizações e idéias ajudou a escrever a Constituinte de 88; a militância que com ''a cara e a coragem'' derrubou cercas do latifúndio e arrancou com greves reajustes salariais e melhores condições de trabalho; a militância da memorável campanha de Lula em 89; a militância juvenil que sempre encheu as praças e avenidas com luta e esperança; a militância que numa correlação de forças desigual, resistiu e enfrentou o anticomunismo e a avalanche neoliberal dos anos 90;
A militância que descortinou um novo tempo para o Brasil com a histórica vitória de 2002, herdeira dessa rica tradição guerreira, republicana, democrática, patriótica, progressista, de nosso povo, é chamada a impedir o retrocesso e defender o Brasil e seu povo, reelegendo Lula presidente.
*Adalberto Monteiro , Jornalista e poeta, é secretário nacional de Formação e Propaganda do PCdoB e presidente do Instituto Maurício Grabois.
in http://www.vermelho.org.br
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