Investimento e crescimento econômico local: uma discussão introdutória
A otimização no uso dos recursos a investir é fator decisivo para o crescimento de um local. Mesmo sendo a empresa ou o governo o agente da decisão, o conhecimento das condições externas à empresa ou ao órgão governamental é variável importante à tomada de decisão econômica e fundamental em períodos de ciclos baixos.
Kotler (2007) afirma que os locais competem uns com os outros em três dimensões interdependentes. A primeira delas é a chamada investibilidade (as outras duas dimensões, não discutidas aqui, são a habitabilidade e a visitabilidade).
A investibilidade é a capacidade do lócus em atrair investimento, manter um ambiente propício e favorável aos negócios em geral e sustentar vantagens competitivas em um ou mais complexos produtivos, atividades ou setores econômicos em que o local eventualmente se especializou. A propósito, uma forma de se "enxergar" a investibilidade é se verificar o nível de inflows do investimento direto estrangeiro (IDE) dos locais investigados.
Entende-se que o conhecimento das condições exógenas aos agentes econômicos é possível de ser conseguida (destacadamente por meio de procedimentos econométricos) e que, ainda, é factível se estudar o grau de associação entre o nível de investimento (investibilidade) e as variáveis que promovem esse investimento. Por meio do conhecimento dessas variáveis, autoridades locais (públicas ou privadas) poderão estruturar um plano de ação para aumentar suas capacidades econômicas e, com isso, atrair investimentos e alcançar maiores metas de crescimento desejadas à sua cidade (ou local). Logo, tal conhecimento permitirá às autoridades atuarem e gerenciarem seus recursos de forma mais eficiente.
No que diz respeito ao nível de análise, idealmente, o IDE deve ser examinado em nível da empresa, dado que a decisão de investimento de cada empresa multinacional (EMN) é afetada por seus objetivos estratégicos. Mas, as multinacionais costumam investir em um determinado país ou região, praticamente, em bloco (efeito bandwagon), não obstante as variações idiossincráticas nas decisões de investimento. A corrida entre os rivais para entrar nos mercados emergentes, muitas vezes, desencadeia esse efeito (KNICKERBOCKER, 1973). Sendo assim, as mudanças nos destinos do IDE, ao longo do tempo, devem ser analisadas em nível de local (país, região ou cidade), porque os determinantes afetam todas as empresas multinacionais (FREEMAN, 1978).
Inúmeras pesquisas e publicações, tais como as da United Nations Conference on Trade and Development (UNCTAD), rotineiramente divulgam dados agregados, por país, sobre o IDE. Estes dados, muitas vezes, revelam um aumento significativo de IDE em uma determinada região, com uma desaceleração simultânea de investimentos em outros destinos, sugerindo a mudança dos determinantes do IDE.
Os movimentos nos fluxos de IDE, atualmente, são bastante complexos e estão ligados a uma série de fatores que rodeiam o ambiente competitivo em que as firmas atuam e às características econômicas dos países acolhedores e remetentes.
REFERÊNCIAS
FREEMAN, J. H. (ed.). The unit of analysis in organizational research. San Francisco: Jossey-Bass, 1978.
KNICKERBOCKER, F. T. Oligopolistic reaction and the multinational enterprise. Cambridge: Harvard University Press, 1973.
KOTLER, P. Marketing no setor público. Porto Alegre: Boman, 2007.
Texto elaborado por: Fred Leite Siqueira Campos
Professor Doutor e pesquisador na área de Economia
E-mail: [email protected]
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