Se tudo correr dentro dos prazos anunciados, em março de 2014 estarão concluídas duas obras rodoviárias que irão facilitar o acesso ao Porto de Santos, melhorando sobremaneira o trânsito de cargas destinadas à importação e exportação.
Mauro Lourenço Dias (*)
Será o fim de uma década de caos, ainda que não se possa esperar que não venham a ocorrer problemas porque o volume dos negócios sempre cresce em velocidade superior à da resposta do poder público.
A primeira obra é o trecho Leste do Rodoanel, que fará a ligação do trecho Sul com o sistema Anchieta-Imigrantes e as rodovias SP-066 (Itaquaquecetuba-São José dos Campos), Ayrton Senna e Dutra, facilitando o acesso ao Aeroporto de Guarulhos e ao Vale do Paraíba. A outra é o novo acesso viário de Cubatão que prevê um minianel de interligação do km 55 da via Anchieta com as rodovias Cônego Domênico Rangoni e Padre Manuel da Nóbrega. Estas obras incluem a duplicação de trecho de oito quilômetros da rodovia Cônego Domênico Rangoni entre a via Anchieta e o viaduto Cosipão.
A par disso, é de ressaltar que a entrada em funcionamento dos trechos duplicados da via férrea que liga Campinas a Santos pela América Latina Logística (ALL) agilizou a movimentação de cargas ao Porto. Quando concluída, a nova estrutura ferroviária, que faz parte do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC-2), vai dobrar o número de trens em circulação na Margem Direita. E deverá tirar pelo menos 1.500 caminhões por dia das estradas, beneficiando especialmente o segmento de açúcar a granel.
Obviamente, todas essas obras são bem-vindas, mas não se sabe se serão suficientes para suportar a demanda que será provocada pela entrada em funcionamento de dois terminais privados: o da Embraport e o da Brasil Terminal Portuário (BTP). O terminal da Embraport, em construção da Margem Esquerda, vai operar com contêineres e líquidos e deve entrar em atividade em junho de 2013 com um berço de atracação e parte de seu pátio concluídos. Em outubro, dar-se-á a entrega de trecho adicional, o que permitirá a movimentação de 1,2 milhão de TEUs (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés) por ano.
O terminal BTP, que vem sendo levantado em área recuperada na região da Alemoa, onde funcionou por décadas um depósito de resíduos portuários, deve entrar em atividade no primeiro trimestre de 2013 e pretende, na fase inicial de operação, movimentar 1,2 milhão de TEUs e 1,4 milhão de toneladas de granéis líquidos.
Seja como for, o que se espera é que as obras rodoviárias e ferroviárias em fase de conclusão sejam suficientes para suportar a demanda e reduzir em parte o custo da logística no País, que hoje é quatro vezes maior que o dos EUA ou da Argentina. Essa redução pode ser ainda mais acentuada se o governo admitir reduzir o pedágio no modal rodoviário. Afinal, a tarifa paga hoje embute, em média, 20% de impostos, o que encarece o custo logístico.
________________________
(*) Mauro Lourenço Dias, engenheiro eletrônico, é vice-presidente da Fiorde Logística Internacional, de São Paulo-SP, e professor de pós-graduação em Transportes e Logística no Departamento de Engenharia Civil da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). E-mail: [email protected] Site: www.fiorde.com.br
Subscrever Pravda Telegram channel, Facebook, Twitter