Nesta quarta-feira o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu uma saída consensual para as negociações em torno dos subsídios agrícolas na chamada Rodada de Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC). Lula disse que os países ricos não estão acostumados a negociar, mas, sim, a impor suas vontades às nações mais pobres, segundo o Portal Terra.
- Eu acho que tanto os americanos quanto os europeus estão habituados a um tempo em que não havia negociação. Eles impunham o que eles queriam e os outros eram obrigados a aceitar - afirmou o presidente após almoço em homenagem ao primeiro-ministro de Trinidad e Tobago, Patrick Manning.
- O mundo passa por uma crise de produção e todos deviam plantar mais alimentos. Para que os países pobres plantem mais alimentos é preciso que haja perspectivas de mercado para venderem seus produtos. Isso para mim está muito claro - completou o presidente.
Nesta quarta-feira o ministro indiano de Comércio, Kamal Nath, forte aliado do Brasil, entrou nas negociações e deve reforçar a posição das nações em desenvolvimento em prol da redução da barreiras protecionistas de Estados Unidos e União Européia (UE).
Apesar do reforço, a ministra do Comércio Exterior da França, Anne-Marie Idrac, disse nesta quarta-feira que a UE não pretende ampliar suas concessões agrícolas nas negociações.
- Nós já demos demonstrações a eles que estamos dispostos a fazer isso (negociar), mas eu acho que eles sempre acham que os países emergentes têm que se subordinar à lógica deles e à teoria deles - disse o presidente.
- Se não houver uma efetiva redução dos subsídios dos Estados Unidos e flexibilização para o mercado agrícola dos europeus, não tem acordo. E cada um arca com a sua responsabilidade. Cada um depois vai colher aquilo que plantou - afirmou Lula.
O presidente aproveitou para elogiar o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, que sofreu desgaste nos debates em Genebra, na Suíça, por ter comparado a postura dos Estados Unidos e da União Européia à técnica do chefe da propaganda da Alemanha nazista, Joseph Goebbels, segundo a qual uma mentira dita mil vezes acaba sendo aceita como verdade.
- Amorim é um extraordinário negociador e penso que nós estamos em boas mãos - afirmou o presidente, reforçando que está "otimista" com a possibilidade de um desfecho mais equilibrado das negociações.
- Tenho dito que sempre sou o mais otimista dos dirigentes mundiais na possibilidade de fazer um acordo na Rodada de Doha até porque eu estou convencido de que se nós quisermos ter paz no mundo, se nós quisermos combater o terrorismo, se nós quisermos evitar essa perseguição aos imigrantes do mundo inteiro, nós temos que ajudar a desenvolver os países mais pobres. Isso necessariamente passa por um bom acordo na Rodada de Doha - declarou Lula.Subscrever Pravda Telegram channel, Facebook, Twitter