4 Ativistas pela Democracia em Mianmar Executados pelo Regime Militar
Ditadura militar informou execução de democratas pacíficos. Único crime: opor-se ao regime que matou 12 mil inocentes em dois anos e meio
Terrorismo de Estado assistido de camarote, com direito à pipoca e groselha, pelas imorais grandes potências ocidentais lideradas pelos EUA
Quatro conhecidos ativistas pelos direitos humanos birmanos, parte da massiva oposição pacífica à brutal Junta Militar que se instalou em Mianmar em fevereiro de 2021, foram executados segundo informe do regime ditatorial divulgadas no último dia 25.
Mais recente capítulo do terrorismo de Estado crescente que toma conta do país do Sudeste Asiático, assistido de camarote (com direito à pipoca e groselha) pelas grandes potências ocidentais pateticamente lideradas pelos Estados Unidos da América.
Segundo o jornal propagandista da cruel ditadura birmanesa, o Global New Light of Myanmar, Kyaw Min Yu, Phyo Zeya Thaw, Hla Myo Aung e Aung Thura Zaw, senteciados neste ano em tribunais secretos, a portas fechadas com pena de morte justificada na Lei de Contraterrorismo de 2014, praticaram "brutais e desumanos atos de terror".
Pouco depois do informe das execuções, não especificadas como, quando nem onde se deram, a organização local Progressive Voice emitiu um press release, afirmando que,
"O mundo deve agir urgentemente, condenando a execução cruel de quatro ativistas pela democracia em Mianmar, a fim de deter os deploráveis atos de terror dos militares."
Thaw era cantor de hip-hop e, nos anos democráticos que precederam o atual regime, foi parlamentar pela Liga Nacional para a Democracia, partido de Aung San Suu Kyi, ex-presidenta destituída pelo golpe militar há dois anos e meio.
Enquanto familiares dos ativistas agoniza, a Junta Militar recusa-se a divulgar a localização e condição dos respectivos corpos, emitindo apenas palavras vagas e mensagens pouco claras após a notícia da execução.
O Capítulo VIII, Seção XIV do Manual de Cadeia de Mianmar, no parágrafo 660 estabelece que corpos de prisioneiros executados “devem ser transportados para fora do portão principal, e ali entregues a eles [familiares ou amigos]".
Além disso, de acordo com o parágrafo 661, quando a sentença for executada, o superintendente deverá “devolver o mandado ao tribunal de onde foi emitido (...) notificando como a sentença foi executada”.
Mesmo que os cadáveres não tenham sido devolvidos, o parágrafo 1027 estipula que as sepulturas sejam marcadas com “o nome do falecido, sua residência e a data de sua morte”.
Nada disso tem sido procedido, contudo. O secretário-adjunto de Assistance Association for Political Prisoners de Mianmar, U Bo Kyi, afirmou que se o regime executou os quatro ativistas como noticia, trata-se de crime: o presidente Min Aung Hlaing, diz Kyi, cometeu assassinato. "A Junta é ilegal, não foi eleita pelo povo, portanto não tem o direito de executar ninguém".
Em nota, a Assistance Association for Political Prisoners afirmou que este crime deve ser um alerta aos diplomatas de todo o mundo. "Foram feitas promessas de que essas execuções, que poderiam constituir crime de guerra e crime contra a humanidade, não ocorreriam".
Khin Ohmar, presidente de Progressive Voice, denunciou que a inacao total da ONU e da comunidade internacional e culpada por estes e outros crimes que o regime militar tem perpetrado em Mianmar, desde que aplicou o golpe em 2021.
"Os governos internacionais e a ONU devem parar de desviar a responsabilidade para um órgão regional [ASEAN] que apenas protegeu os militares de uma ação internacional coordenada. As execuções ocorrem após a visita do enviado especial da ASEAN a Mianmar no início deste mês, onde ele elogiou ter alcançado 'algum progresso' durante sua missão", disse Ohmar.
Segundo o Independent Mechanism for Myanmar, órgao criado pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU, as sentenças de morte anunciadas pelos militares birmaneses podem constituir grave crime internacional.
Mais de 12 mil pessoas foram mortas em Mianmar desde que os militares tomaram o poder, em um clima de terror que apenas se intensifica inversamente proporcional à inação da propalada "comunidade internacional".
11.759 pessoas estão atualmente detidas em Mianmar, dentre as quais 1.345 estão cumprindo pena alem de inumeros casos de tortura. Desde julho passado, os militares condenaram 117 pessoas à morte, incluindo duas crianças. A última execução de presos políticos em Mianmar ocorreu há mais de 35 anos, entre 1986 e 1987.
Tal qual a catástrofe iemenita, afegã, iraquiana, haitiana e tantas outras ao redor do globo na condição de beco sem saída que apenas piora há décadas, a tragédia humanitária que os birmaneses entrentam vê-se completamente esquecida pelos lords do bem-dizer do Ocidente - incluindo os fantoches de luxo, seus porta-vozes da mídia, publicitários da politicagem global mais criminosa, e sutis promotores de terror travestidos precariamente de jornalistas.
Que esperar, pois, de um punhado de canalhas liderados pelo único "autor" de ataques com bombas atômicas na história da humanidade?
Justamente o isolamento de Mianmar o torna mais vulnerável, e mais improvável que as execuções enfraqueçam o sangrento regime birmanês como alguns dentro e fora do país estão afirmando que ocorrerá daquinem diante: a Junta deverá ser fortalecida na tentativa de espalhar medo entre a população, "esquecida" internacionalmente.
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