Quanto mais o tempo passa desde o ataque aliado contra a Síria, a 14 de Abril de 2018, mais as informações disponíveis fazem ressaltar a amplitude do desastre. Se os Estados Unidos ainda conseguem impedir as fugas de informação provindo dos seus exércitos, não há hipótese com as provenientes de França. Washington, Paris e Londres, é certo, mostraram que continuam a julgar dirigir o mundo, mas também que já não possuem mais os meios para isso.
Thierry Meyssan
Uma semana após o ataque aliado contra a Síria, inúmeras questões permanecem em suspenso quanto aos objectivos desta operação e sobre a sua concretização. Os poucos factos confirmados contradizem as declarações oficiais ocidentais.
Os objectivos dos bombardeamentos
Segundo a narrativa Ocidental, estes bombardeamentos não visavam derrubar a República Árabe Síria (dita como «regime de Bashar»), mas, antes a sancionar a utilização de armas químicas.
No entanto, nenhuma prova da utilização destas armas pela Síria foi mostrada. Em seu lugar, os três aliados difundiram, cada um, avaliações fundadas num vídeo original dos "Capacetes Brancos" [7]. De acordo com os seus estatutos, a Organização agiu com o aval do Conselho do Atlântico Norte, mas tal não é certo. Com efeito, este não fora consultado antes do bombardeio de Trípoli (Líbia), em 2011, e ninguém protestou. Esta coordenação visava assegurar que todos os mísseis lançados, quer do Mediterrâneo, do Mar Vermelho e do ar, atingissem o seu ponto de impacto ao mesmo tempo. No entanto, as coisas não correram como planeado (planejado-br): quando a operação aliada deveria ter sido feita em meia hora, passaram-se 1 hora e 46 minutos entre o primeiro e o último tiro.
A Rússia havia previamente anunciado que ripostaria se os seus soldados fossem mortos. Os Aliados, portanto, impuseram como missão aos seus exércitos velar por poupá-los.
No entanto, o Exército russo observou os disparos e transmitiu, em tempo real, as coordenadas dos mísseis aliados ao Exército árabe sírio para que ele pudesse destruí-los. Além disso, quando os Sírios foram ultrapassados pela pletora de disparos aliados, o Exército russo activou o seu sistema de inibição dos comandos e controlos da OTAN, paralisando assim a maior parte dos seus lançadores. Foi a primeira vez que os Franceses foram confrontados com este sistema, que havia já perturbado os Estados Unidos e os Britânicos no Mediterrâneo, no Mar Negro e em Kaliningrado.
Além disso, dois navios russos deixaram o porto de Tartus para brincar ao gato e ao rato com um submarino nuclear de ataque Britânico [11]. Com efeito, descontando o carácter fantasista do suposto ataque químico na Ghuta, este tipo de bombardeamento não permite, de forma nenhuma, garantir que os sofrimentos dos civis acabem.
A França, por sua vez, não parou de sublinhar que não tinha entrado em guerra contra o «regime de Bashar» ; propósito imediatamente contradito pela Síria, que devolveu a Grã Cruz da Legião de Honra do Presidente al-Assad ao Embaixador da Roménia, o qual representa os interesses franceses em Damasco. «Não é ponto de honra para o Presidente Assad usar uma condecoração atribuída por um regime escravo dos Estados Unidos que apoia os terroristas», disse o porta-voz da presidência.
Certos autores, próximos da OTAN, evocaram a «responsabilidade de proteger» (R2P) proclamada pela ONU. Mais uma vez, ainda, tal é irrelevante. Com efeito, a R2P apenas se aplica para suplementar Estados falhados, o que não é evidentemente o caso da República Árabe Síria cujos serviços públicos continuam a funcionar após 7 anos de guerra.
Em última análise, se os Estados Unidos, a França e Reino Unido mostraram, com esta operação, que se colocavam fora do Direito Internacional, eles mostraram também que os seus Exércitos já não são aquilo que eram.
Thierry Meyssan
Tradução
Alva
Fonte : "O fiasco do bombardeamento da Síria", Thierry Meyssan, Tradução Alva, Rede Voltaire, 24 de Abril de 2018, www.voltairenet.org/article200909.html
Subscrever Pravda Telegram channel, Facebook, Twitter