Elie Wiesel, a perda de um herói

"Eu decidi dedicar minha vida para contar a história porque senti que, tendo sobrevivido, eu devo algo para os falecidos e qualquer um que não recordar, estará traindo-os novamente."
Elie Wiesel

Elie Wiesel era isso. Esta sua citação reflete a nobreza deste homem.

Elie Wiesel nasceu em 1928 em Sighet, uma pequena aldeia ao norte da Transilvânia, na Romênia, uma área que fez parte da Hungria de 1941 a 1945. Wiesel foi o único filho homem das quatro crianças de Shlomo, um dono de armazém, e de sua esposa Sarah Wiesel. Ele era então dedicado ao estudo de Torá, Talmude e ensinamentos místicos do Chassidismo e Cabala.

Os nazistas, liderados por Adolf Eichmann, entraram na Hungria na primavera de 1944 com ordens de exterminar uma estimativa de 600.000 judeus em menos de seis semanas. Wiesel tinha 15 anos quando os nazistas o deportaram, junto com a família, para Auschwitz-Birkenau.

Sua mãe e irmã mais nova morreram nas câmaras de gás na noite de sua chegada a Auschwitz. Ele e o pai foram deportados para Buchenwald, outro campo de concentração, onde seu pai faleceu antes que o campo fosse libertado em 11 de abril de 1945. Somente depois da guerra é que Wiesel soube que suas duas irmãs mais velhas, Hilda e Bera, também sobreviveram.

Desde então Wiesel soube trazer os horrores dos campos para as consciências das outras gerações.

Para este grande pensador, este ícone do judaísmo, a lembrança dos horrores cometidos contra os judeus e tantos outros durante a Segunda Guerra, não podiam ser esquecidos, para que ninguém tentasse impingir tais desgraças a qualquer pessoa.

Sendo ele mesmo testemunha e vítima do nazismo genocida, Elie teve a coragem e a iniciativa de trabalhar em prol dos direitos humanos.

Elie disse certa vez:

"Isto é o que devemos fazer: não dormir bem quando as pessoas sofrem em qualquer lugar do mundo, não dormir bem quando alguém é perseguido, não dormir bem quando as pessoas estão com fome aqui ou ali, não dormir bem quando há pessoas doentes e ninguém está lá para ajudá-los, não dormir bem, quando alguém em algum lugar precisa de você."

E isto foi o que ele fez. Além de trabalhar incansavelmente para seu povo judeu, Elie Wiesel também ergueu a voz para denunciar a situação dos massacres em Ruanda, na ex-Iugoslávia e em tantas partes onde reinava a injustiça.

Este renomado escritor nos deixou várias obras onde descrevia sua própria saga. Foram mais de 50 livros de ficção e não ficção.

Em 1986, o Comitê Nobel lhe concedeu o Prêmio Nobel para a paz. O próprio comitê descreveu Wiesel desta forma:

"Elie Wiesel emergiu como um dos mais importantes líderes espirituais e guias em uma idade em que a violência, a repressão e o racismo continuam a caracterizar o mundo. Wiesel é um mensageiro para a humanidade; sua mensagem é de paz, reconciliação e dignidade humana. Sua crença de que as forças que combatem o mal no mundo podem ser vitoriosas é uma crença duramente conquistada. Sua mensagem é baseada em sua própria experiência pessoal de humilhação total e do total desprezo pela humanidade mostrado em campos de extermínio de Hitler. A mensagem está na forma de um testemunho, repetida e aprofundada através das obras de um grande autor."

Hoje, 30 anos depois, estas palavras são bem mais verdadeiras.

Além disso, Elie também se tornou um dos mais famosos defensores de Israel. Este judeu de fala mansa disse:

"Fica claro para mim que não se pode ser judeu sem Israel. Religioso ou não-religioso, sionista ou não- sionista, Ashquenazita ou sefaradita - todos estes não vão existir sem Israel."

Em 02 de Julho o mundo todo e os judeus em particular perdemos esta grande alma. Mas não perdemos sua mensagem em defesa dos direitos humanos. Não podemos deixar de lembrar do Holocausto e das injustiças que insistem a perdurar no mundo.

Este é seu legado.

"Sem memória não há nenhuma cultura. Sem memória,
não haveria nenhuma civilização, nenhuma sociedade, nenhum futuro."

Elie Wiesel

 

Floriano Pesaro
Secretário de Estado de Desenvolvimento Social
Deputado Federa

 

Subscrever Pravda Telegram channel, Facebook, Twitter

Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey