Era comum até pouco tempo atrás, recair a culpa em todos atentados terroristas, na Al Qaeda, mesmo quando estes apresentavam DNA dos serviços de inteligência israelense ou de países do ocidente.
Valter Xéu*
Na maioria das vezes, quando o governo dos Estados Unidos tinha dificuldades no Congresso para aprovar mais recursos destinados às tropas no Oriente Médio, provocava um atentado qualquer e então, com a população amedrantada e com a cumplicidade da mídia que ampliava o fato, a aprovação no congresso era imediata.
Agora, quem está na crista da onda é o Estado Islâmico, acusado pelo governo turco de ser o mentor do atentado na Turquia em que pelo menos morreram 96 pessoas e deixou mais de 200 feridos.
Um detalhe, porém, é que a mídia por desinformação ou por cumplicidade, esquece e não informa que a Turquia juntamente com Arábia Saudita, Qatar e potências ocidentais, foram quem criaram, armaram e dão todo tipo de apoio a esse grupo terrorista.
Como os turcos não são iguais aos norte-americanos, que levam ao pé da letra como verdade absoluta todas as mentiras ditas pelos seus governantes, diversas manifestações pipocam por todo o país contra o governo de Erdogan. Os manifestantes com faixas chamam o estado de assassino pois vê no ataque o "dedo" dos serviços de inteligência do governo.
Agora em novembro haverá eleições na Turquia e o governo que perdeu espaço na anterior, poderá ampliar a derrota ainda mais nesta próxima. E, assim, os serviços de inteligência já estão em ação no sentido de levar o terror ao povo e ao mesmo tempo mostrar que só um governo forte como o atual será capaz de combatê-lo.
Mas já temendo que o tiro pode sair pela culatra, o governo logo no sábado (10), proibiu a divulgação de imagens e bloqueou o acesso aos meios de comunicação e redes sociais como Facebook e Twitter. Portanto, o atentado na Turquia tem mais a cara do Erdogan do que dos militantes do EI.
*Valter Xéu é jornalista, editor e diretor dos portais Pátria Latina e Irã News.
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