Com o apoio dos EUA, oposição investe no caos para derrubar Maduro
Falta de alimentos, cortes no fornecimento de energia elétrica, abastecimento de agua e uma feroz campanha na mídia são atos organizados diariamente pela oposição que perdeu nas urnas e que aposta num plano de enfraquecimento do governo para chegar ao poder.
Por Nil Nikandrov
Traduzido por Anna Malm*- Correspondente de Pátria Latina na Europa
Não há dúvidas de que uma conspiração contra o regime bolivariano está sendo gradual e deliberadamente implementada. Os acontecimentos na Venezuela lembram muito os cenários que comprometeram e enfraqueceram e subsequentemente derrubaram o governo de Salvador Allende, no Chile em 1973 . A constante falta de alimentos de base, as constantes interrupções do fornecimento de energia elétrica e do abastecimento de água assim como o aumento da criminalidade a a inflação estão afetando a maneira de ver dos venezuelanos.
Diosdado Cabello, o presidente da Assembléia Nacional acusou abertamente a radical oposição de estar por detrás planejando furtivamente uma conspiração. Ele disse que:- "Os acontecimentos de abril de 2002 estão se repetindo, e os mesmos atores estão agora também fazendo os papéis principais". Cabello disse que as forças de direita no país estão planejando apoderar-se do poder e de levar as conquistas da revolução bolivarianas ao ponto de partida, ou seja a zero e mais nada:- "Eles querem retornar a ilegalidade da Quarta República, com perseguições políticas, assassinatos e o completo desaparecimento de oponentes, assim como com os ditados do neoliberalismo e da violência constante". De acordo com Cabello círculos empresariais estariam diretamente envolvidos na conspiração, mas tentariam "se manter nas sombras" ou seja, mantendo-se vagos e indistintos.
Ameaças de injúria física estão constantemente sendo feitas contra os funcionários do governo bolivariano e membros do partido governamental PSUV - Partido Socialista Unido da Venezuela. As eleições municipais a se aproximarem, em 8 de dezembro, serão um teste para o governo, uma demonstração do grau de apôio da população ao mesmo. Se a eleição demonstrar que a oposição esteve ganhando posições de liderança, as suas pressões no governo irão aumentar de maneira considerável. Diosdado Cabello não descartou essa possibilidade e advertiu os conspiradores a respeito das possíveis consequências dizendo que:- "Se eles tomarem o primeiro passo, nós não iremos perder tempo em contemplações. Nossa resposta será esmagadora:- o povo, as forças armadas e o governo irão conjuntamente repelir esse abusivo fascismo".
A conspiração está sendo planejada principalmente através dos canais da CIA- Agência Central de Inteligência (Central Intelligence Agency) e da Agência de Inteligência da Defesa dos Estados Unidos (U.S. Defense Intelligence Agency). O jornal eletrônico Caracola.com fez reportagens em setembro desse ano a respeito de um dos centros de destabilização [ligado a essa conspiração] e seu programa de planejamento. Esse centro está operando em Cucuta, uma cidade colombiana na fronteira com a Venezuela. Os líderes de três organizações subversivas - Centro de Pensamiento Primero Colombia, FTI Consulting, e Fundación Internacionalismo Democrático - encontram-se regularmente lá. A última mencionada organização é dirigida por Alvaro Uribe, o ex-presidente da Colômbia, que foi recrutado pela CIA nos meados dos anos oitenta, de quando essa agência usou para tanto informações potencialmente prejudiciais a respeito de certo tráfico de drogas.
Em junho desse ano as três acima mencionadas organizações apresentaram o "Plano Estratégico da Venezuela" com o foco no apôio político ao Henrique Capriles. Esse seria apresentado como o de facto presidente, do qual as eleições teriam sido "roubadas". De acordo com esse plano e abaixo do lema "Nós somos a Melhor Alternativa", a oposição venezuelana deveria alcançar o objetivo de "retornar a Venezuela a verdadeira democracia", a qual o país teria então perdido a 14 anos atrás (por culpa de Chavez e seus seguidores).
Os conspiradores precisam de problemas diários para estimular distúrbios de rua, nos quais estudantes, intelectuais e outros segmentos da população deverão se juntar. Um trabalho ativo está sendo feito junto aos militares com o objetivo de minar a autoridade do governo entre os mesmos. Parte do "Plano Estratégico" dos conspiradores seria o de encorajar os militares a "defender as liberdades democráticas", e prepará-los para uma ação independente no meio de acontecimentos [hipotéticos e desejados] de crise e de conflitos sociais incontroláveis. Esse plano também inclue apelos constantes a mídia e a cooperação com jornalistas estrangeiros. A oposição deveria advogar a normalização de relações entre a Venezuela e os Estados Unidos. Isso seria então para neutralizar as alegações do governo de que Washington estaria interferindo nos assuntos internos da Venezuela.
As ações dos serviços de inteligência dos Estados Unidos, e dos líderes da oposição venezuelana não são só coordenadas através do centro operacional em Cucuta. Os conspiradores usam as estações da CIA e da DIA [as agências americanas acima mencionadas] em Curação, Arriba e Banaire, assim como as da República Dominicana, Panamá e outros países da América Central para receberem intruções. A Inteligência Bolivariana já registrou vários encontros entre membros da oposição venezuelana e representantes de grupos extremistas da comunidade de imigrantes de Cuba em Miami e chefes de organizações paramilitares colombianas (AUC); esses grupos deverão ser usados, de acordo com o Plano Estratégico da oposição também acima mencionado, para iniciar uma guerra fraticida.
De acordo com avaliações de alguns analistas na Venezuela, Washington não estaria satisfeito com a perspectiva de paz a qual as discussões entre o governo da Colômbia e a direção da FARC estão levando após cinquenta anos de ameaças e conflitos. Isso faria com que as probabilidades dos Estados Unidos de poder manter suas bases militares (ou pelo menos a maioria delas) no território da Colombia iria diminuir consideravelmente. O Pentágono estaria então tentando encontrar opções de retaguarda, a serem usadas como uma espécie de cópias de segurança.
Uma dessas opções de segurança para a recolocação das bases militares poderia ser a Venezuela, se a oposição se mostrasse capaz de levar o país a uma situação a ponto de conflito armado com as forças da lei. Exatamente um tal resultado é o que o "Plano Estratégico para a Venezuela" dos conspiradores tem em mente. Uma confirmação indireta de que os Estados Unidos estariam se preparando para um abrupt deteriorar da situação no país seria o reenforçamento das missões americanas com pessoal de serviço que trabalhava no Afeganistão, no Iraque e na Líbia. Aumenta-se também a frequência de americanos engajados em atividades jornalísticas que estão sendo detidos nas proximidades de instalações militares como air fields, portos, estações de radares e centros de comando, na Venezuela. O incidente mais recente foi a detenção de Jim Wyss, um correspondente para o Miami Herald na Colômbia. Ele estava conduzindo uma série de encontros com pessoas abaixo do interesse da contra-inteligência venezuelana na cidade de San Cristobal.
É a criação de condições para intervenções militares diretas na Venezuela assim como a coordenação das medidas de tempo e oportunidades que a oposição vem organizando recentemente em encontros secretos com "emissários de Barack Obama". É a imagem doméstica e internacional do presidente dos Estados Unidos que tem sido catastróficamente danificada e que faz com que ele, ao que tudo indica, esteja considerando opções de emergência que possam, ao menos parcialmente, rehabilitá-lo aos olhos dos seus concidadões. Seria uma "pequena guerra vitoriosa" na Venezuela, um país com um "regime-ditatorial-quase-que-marxista" , que poderia apresentar-se como uma opção muito tentadora aos olhos dele. O aspecto energético associado com uma hipotética vitória, ou seja o reestabelecimento de uma posição dominante para os Estados Unidos no sector do petróleo venezuelano - sempre é mencionado pelo pessoal de inteligência americano nos seus contactos com os conspiradores. Pode ser dito com confiança que nenhum dos conspiradores iria recusar aos americanos um tal serviço, se eles conseguissem alcançar o poder.
Palavras-Chaves: CIA, América Latina, Estados Unidos, Venezuela. [ou vire-se a panqueca e obtenha-se América Latina, Venezuela, Estados Unidos, CIA]
Referências e Notas:
Nil Nikandrov, "Demonstrative Bloodshed in Store for Venezuela" . O original encontra-se em Strategic Culture Foundation - www.strategic-culture.org - Com agradecimentos a Strategic Culture Foundation online journal. Para mais informações a respeito dos direitos autorais favor visitar o site www.strategic-culture.org
Todos os Direitos Reservados - Nil Nikandrov e Strategic Culture Foundation.
*Anna Malm - http://artigospoliticos.wordpress.com
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