Diretor do Banco do Vaticano está sendo investigado por lavagem de dinheiro

Por ANTONIO CARLOS LACERCADA

Correspondente Internacional

ROMA/ITÁLIA (Pravda Ru) – Ettore Gotti Tedeschi, presidente do Banco do Vaticano, conhecido como Instituto Vaticano para as Obras Religiosas (IOR), está sendo investigado pela justiça italiana por suposta lavagem de dinheiro.

Por ordem da justiça italiana, agentes da polícia tributária do País apreenderam 23 Milhões de Euros, que estavam depositados em uma conta do Banco Credito Artigiano Spa.

O seqüestro dos 23 Milhões de Euros foi pedido por um tribunal de Roma que investiga a omissão por parte do IOR de dados obrigatórios quanto à identidade das pessoas efetuando transações financeiras.

O IOR não é acusado diretamente de lavagem e sim de ter omitido os dados requeridos, e Ettore Gotti Tedeschi é investigado por omissões de dados no Banco do Vaticano.

A justiça da Itália suspeita que o Banco do Vaticano administre, através de contas anônimas, identificadas apenas com a sigla IOR, importantes somas em dinheiro de procedência duvidosa e obscura.

Esta é a primeira vez que uma iniciativa dessa natureza é executada contra o IOR, na Itália. O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, não quis comentar as denúncias.

O Banco do Vaticano, que administra as contas de várias ordens religiosas e de associações católicas, é uma instituição da Igreja Católica que não é regida pelas normas financeiras vigentes na Itália.

O Instituto esteve envolvido num escândalo político-financeiro nos anos 80, pela falência, em 1982, do Banco Ambrosiano, do qual o Vaticano era um acionista importante, por uma dívida de 3,5 Bilhões de Dólares e um buraco fiscal de 1,4 Bilhão de Dólares.

O IOR se beneficia da extraterritorialidade já que se encontra na Cidade do Vaticano, mas o inquérito, a pedido da Procuradoria de Justiça de Roma, pôde ser aberto com base em normas adotadas em 2007, que obrigam os bancos a fornecer a identidade dos autores e a natureza da transação.

A ação penal foi baseada em dados da Unidade de Informação Financeira (UIF) - ligada ao Banco da Itália, o Banco Central do País - que já havia disposto, em 15 de setembro, a suspensão, por cinco dias, de duas operações, consideradas suspeitas, feitas pelo IOR em sua conta, na sede romana do banco Crédito Artigiano.

As iniciativas se referiam à movimentação de 20 Milhões de Euros, destinados ao instituto de crédito J.P. Morgan em Frankfurt, e à de outros três milhões para a Banca del Fucino, da Itália. Na conta, foram depositados, em seguida, 28 Milhões de Euros.

As supostas irregularidades seriam a violação dos ítens 2 e 3, do artigo 55, do Decreto Legislativo 231/2007, que obriga as entidades bancárias a revelarem as identidades dos sujeitos das operações financeiras, bem como seus objetivos e natureza.

O envolvimento do IOR na investigação não é ligado, entretanto, à lavagem de dinheiro, mas a uma série de omissões dos envolvidos nas movimentações e seus efeitos, e que são previstas em legislações contra este tipo de crime.

Os R$ 52 Milhões de Euros foram apreendidos por ordem da juíza Maria Teresa Covatta, a partir de uma solicitação dos procuradores de Justiça da Itália Nello Rossi e Stefano Rocco Fava.

Em uma circular datada de 9 setembro, o Banco da Itália havia dado aos institutos de crédito indicações sobre as relações com o IOR, considerado uma instituição extracomunitária, proveniente de fora da União Européia.

ANTONIO CARLOS LACERDA é Correspondente Internacional do Pravda Ru no Brasil. E-mail:- [email protected]

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