Pentágono pede relaxamento de regras de Guantánamo

Um relatório divulgado nesta segunda-feira pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos recomenda que o regime de isolamento dos prisioneiros da base americana de Guantánamo, em Cuba, seja relaxado para que haja um maior "contato humano" entre os detentos.


O documento foi apresentado pelo almirante Patrick M. Walsh em uma entrevista coletiva no Pentágono nesta segunda-feira.


Walsh foi escolhido pelo secretário de Defesa dos Estados Unidos, Robert Gates, para liderar uma equipe que produziria um relatório sobre as condições do campo de prisioneiros, após uma ordem para o fechamento da prisão no prazo de um ano ter sido assinada pelo presidente Barack Obama no último dia 22 de janeiro.


Segundo o relatório, o campo de prisioneiros "está de acordo com todos os padrões de tratamento humano e em conformidade com o artigo 3 das Convenções de Genebra", mas é "recomendável que haja maior contato humano, oportunidades de recreação, estímulo intelectual e orações coletivas" para os detentos.


"Socialização, ou interação entre os detentos, é importante por causa do longo período de tempo que eles estão presos", disse Patrick Walsh.


Informações dão conta de que os detentos do campo de prisioneiros passem 23 horas por dia confinados em suas celas.


Recursos
O almirante afirmou que as recomendações "não seriam um requisito para que o campo se adeque às condições das Convenções de Genebra", mas que "são itens para ajudar o comando a melhorar as condições da prisão".
"Até que a prisão seja fechada, as condições (dos detentos) devem estar de acordo com todos os padrões humanitários", disse Walsh.


O relatório ainda recomenda que, enquanto o campo de prisioneiros estiver aberto, ele deve receber os recursos necessários para seu funcionamento. "É importante que o Departamento (de Defesa) continue a enviar recursos para Guantánamo até que todos os detentos saiam", disse o alemirante.


Tortura
O relatório do Pentágono foi divulgado no mesmo dia em que o novo titular da pasta da Justiça dos EUA, Eric Holder, fez sua primeira visita ao campo de prisioneiros em Cuba. Holder visitou as instalações da prisão e está analisando as condições para o fechamento do campo no prazo de um ano, como foi ordenado por Obama.
Calcula-se que cerca de 250 pessoas estejam encarceradas na base americana em Cuba, muitas sem acusações formais.


Também nesta segunda-feira, um cidadão etíope que passou mais de quatro anos detido na prisão americana na baía de Guantánamo voltou à Grã-Bretanha, onde residia. Binyam Mohamed foi preso em 2002 no Paquistão acusado de envolvimento em um plano para detonar uma bomba nos Estados Unidos. As acusações, no entanto, foram retiradas no ano passado.


O etíope, que permanece sob custódia das autoridades da Grã-Bretanha, disse ter sido torturado para confessar que participou do plano e acusa autoridades do serviço de inteligência doméstica britânico (MI5) de cumplicidade com os abusos que sofreu. Ele alega que foi enviado secretamente do Paquistão para o Marrocos, onde teria sido torturado, e que de lá teria sido transferido para o Afeganistão e depois para Guantánamo, onde estava desde 2004.

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey