G20 defende nova regulação do sistema financeiro internacional

Os países do G20 concluíram que é preciso fortalecer o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial e o Fórum de Estabilidade Financeira (FSF) e que não há necessidade de se criar uma nova instituição para estabelecer políticas a serem adotadas pelo sistema financeiro internacional. “A posição do G20 é de que a crise exige uma mudança de postura destes organismos, com a criação de novos mecanismos de regulação financeira e uma maior coordenação", disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega, neste domingo (9), após presidir a reunião plenária do G20, em São Paulo. Para Mantega, o G20 é um forte candidato a coordenar ações contra a crise, devido a importância que os emergentes adquiriram nos últimos dez anos.

O ministro relacionou outros pontos de consenso entre os integrantes do G20. Segundo ele, todos concordaram que, diferentemente da crise asiática ocorrida nos anos 90, a atual, iniciada nos países avançados, “colocou todas as nações no mesmo barco” e agora há necessidade de uma ação coordenada para enfrentar a turbulência financeira global. Ele reafirmou que o aumento do poder decisório dos emergentes está ancorado no fato de que estes países são responsáveis por 75% do crescimento da economia mundial. “Por isso, o G20 deve ter um papel mais destacado e ser transformado numa instituição mais relevante”.

Ajuda
- Outros pontos de consenso foram de que os países devem adotar políticas anti-cíclicas fiscais e monetárias para combater a crise financeira e que os países avançados precisam ajudar os emergentes que perderam liquidez devido à saída de fluxo de capitais.

No que se refere às políticas monetárias, os bancos centrais manifestaram preocupação com a inflação e defenderam que as medidas de combate à crise não devem ameaçar o equilíbrio monetário dos emergentes. Conforme o ministro Guido Mantega, de outro lado, o G20 discutiu os perigos da deflação provocada com as fugas de capitais. “Embora seja um movimento passageiro, houve desvalorização das moedas e a tendência e de deflação, acompanhada da diminuição dos níveis de atividade".

Mantega não detalhou as propostas que serão levadas à cúpula do G20, com a presença de chefes de Estado, que ocorrerá no próximo dia 15 em Washington. Ele explicou que a reunião do final de semana foi de caráter político e ao longo da semana uma equipe técnica irá preparar uma agenda de ações. “As equipes vão trabalhar na elaboração de um cronograma de execução destes procedimentos.”


Reuniões regulares - O ministro informou ainda que os ministros de finanças e presidentes dos bancos centrais discutiram como fortalecer o G20 transformando-o numa instância de Chefes de Governos, liderados por presidentes. Os participantes defenderam ainda que o G20 deve fazer reuniões regulares e não mais se limitar a encontros antes das reuniões de abril e outubro do FMI e do Banco Mundial, além de promover mais reuniões extraordinárias.

Os emergentes decidiram também criar uma sala de situação virtual para acompanhar os acontecimentos econômicos e influir nas decisões. A sala será coordenada por um grupo especial do G20 a ser formando para esta finalidade. No âmbito da regulação financeira, os emergentes vão sugerir na cúpula de Washington o aumento da fiscalização das ações das instituições de hedge funds (fundos de proteção contra riscos de variações nas taxas de juros e de câmbio).


Abertura – Ao abrir a reunião plenária dos ministros da Fazenda do G-20, o presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, reiterou a proposta de fortalecimento dos países emergentes: “Precisamos aumentar a participação dos países em desenvolvimento nos mecanismos decisórios da economia mundial”. O presidente também falou sobre a necessidade de medidas mais efetivas para diminuir os impactos da crise financeira internacional. “Os países desenvolvidos e instituições como o Fundo Monetário Internacional devem adotar medidas para restaurar a liquidez nos mercados internacionais”.

Fonte: Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey