Uribe, o macaquinho do Império na América do Sul

Todos os amigos da paz de qualquer parte do mundo têm consciência de que o imperialismo ianque é, no momento, o principal inimigo dos povos, da humanidade. Sabem que – ao adotarem a maldita tese do ataque preventivo, colocando-se no direito de agredir militarmente qualquer país, se acharem que aí estão inimigos seus – os Estados Unidos explicitam sua lógica de estado terrorista e marginal, por se colocarem à margem das leis ou acima delas.

Tratam com desdém, ou como se não existissem, a ONU e outros organismos internacionais, que têm como finalidade a garantia de um mínimo de respeito convivencial entre as nações. Como todo império, caracteriza-se por ser o mais marginal dos entes, rasgando a todo momento qualquer norma internacional estabelecida. Foi essa delinqüência de estado que determinou a invasão do Vietnã com armas de destruição em massa e a prática de genocídios que significou o fim da vida de quase três milhões de vietnamitas. Foi essa delinqüência de império que determinou a ocupação do Iraque, já tendo destruído mais de 600 mil vidas inocentes.

Contudo, o grande delinqüente não age sozinho: cria e financia seus seguidores, seus títeres, seus macaquinhos de imitação, em todas as partes do Planeta. Na América Latina, o principal escolhido é Uribe, ex-advogado do narcotraficante Pablo Escobar, acusado de envolvimento com os paramilitares, forças financiadas por cartéis de drogas e apoiadas pela CIA e membros do exército colombiano. Figura sinistra que, ao invés de pensar, xinga, faz terror verbal em concomitância com o terror de estado que usa como princípio fundamental, obedecendo, como um ser condicionado, a determinações de Washington. Trata-se de um obediente obsessivo, capaz de provocar, ao mesmo tempo, ódio e sorrisos em pessoas com um mínimo de sensatez. É a personificação da subserviência automática.

Comprador de almas, o Império não possui outra escolha a não ser a mobilização de gente como Uribe; vive do apoio de quem tem a indignidade como um estado perene de espírito. Amparar-se no lodo da sociedade é o destino de todos os colonialistas e neocolonialistas. É o caminho do imperialismo na sua constante tentativa de dominação dos povos, optando pela barbárie belicizada, em constante ameaça à paz.

O que explica porque, mais uma vez, ataca um dos nossos, um país da nossa América Latina, ordenando a ação criminosa de seu macaquinho da América do Sul contra vidas humanas, assassinando várias pessoas em território soberano, inclusive, o líder guerrilheiro Raúl Reyes, que, em harmonia com os governos da Venezuela e do Equador, estava à frente de um acordo humanitário para a libertação de reféns que se encontram em poder das FARCs, abrindo caminho para uma solução de paz para o conflito da Colômbia, que já dura dezenas de anos.

Agredido o povo equatoriano, e por extensão a América Latina, Bush, vendo o cumprimento do que determinou ao macaquinho do Império, logo aplaudiu o ato. Sentiu-se vitorioso e, com ele, toda a mídia delinqüencial do continente.

Não obstante, a América de Bolívar é sábia. Seus líderes, principalmente os que estão mais à frente, na luta pela integração latino-americana, como Chávez, Daniel Ortega e outros, na reunião dos países do Grupo do Rio, realizada na República Dominicana, partiram para o sacrifício pessoal a fim de desmascarar, de uma vez por todas, a jogada criminosa do Departamento de Estado dos EUA: ouviram Uribe tentar defender-se do indefensável, blasfemando, buscando palavras que não pusessem em dúvida sua condição de macaquinho da Casa Branca, doido para fugir do cerco da razão, da sensatez, sem noção do que falava, referindo-se sempre a supostos ataques das FARCs a partir do Equador, desde 2004, quando Correa ainda não era presidente, ressaltando que onde estiver um “terrorista” ela poderá agir, em clara pantomima bushista. Estava bastante nervoso o terrorista de estado.

Percebia que o silêncio dos presentes era a indignação dos povos da América Latina. Ficava ainda mais irritado quando Correa o olhava cheio de perplexidade. Contudo, não parava: falava, falava... Não poderia sair derrotado do encontro, pois sabe que o Império costuma ser impiedoso com os seus macaquinhos que fracassam. Foi pacientemente ouvido por todos. Tudo por Nossa América. Mas, o olhar de algumas pessoas parecia dizer: como um ser humano se sujeita a tamanha subserviência, a serviço de interesses estranhos ao seu povo e a uma América Latina por cuja união o libertador de seu próprio país tanto lutou ?!

Acompanhei tudo pela televisão.

O trágico e o cômico estavam estampados nas palavras e gestos de Uribe. Havia gente no plenário que parecia ter pena do pobre diabo do Império. É que, às vezes, o ser humano é tão contra o ser humano que consegue provocar ódio e pena ao mesmo tempo. Não saberia explicar esta reação; é algo a ser devidamente estudado.

Terminou, enfim, a triste pantomima do macaquinho de Bush. Nenhuma manifestação de apoio à sua infelicidade.

Depois de algum tempo, a Presidente da Argentina, Cristina Kirchner, entra em cena e, de cara, evoca a legalidade, dizendo que a ilegalidade deve ser evitada em qualquer circunstância, e fez uma pergunta a Uribe, daquelas que levam o réu a não conseguir evitar sua nudez: por que, só agora, quando se negocia com as FARCs uma saída humanitária para os reféns que estão sob o controle delas, tendo os guerrilheiros já, unilateralmente, libertado vários desses prisioneiros, o governo da Colômbia decide violar o território equatoriano ?

Inegavelmente, a pergunta da chefa de Estado argentina encerrava em próprio conteúdo a resposta: o sucesso das iniciativas pela libertação dos reféns das forças guerrilheiras significa clara ameaça ao verdadeiro intento de Uribe – guerra, jamais a paz.

Cristina é bem informada. Sabe que o Plano Colômbia (Plano Amazônico, na realidade) é incompatível com qualquer estratégia de pacificação, não só dentro da Colômbia, como também em toda a América do Sul, principalmente agora, momento em que a região tem governos nitidamente antiimperialistas. O certo é que a pergunta da líder da Argentina desestabilizou o macaquinho do Império, que, de cabeça baixa, olhando de soslaio as pessoas, evitava encará-las. Mais tarde, Uribe voltou a falar, porém sem mais recorrer a pantomimas.


Chegou a vez de Hugo Chávez fazer suas considerações sobre os acontecimentos, usando, como de hábito, a tranqüilidade que lhe é peculiar, que a mídia dos grupos econômicos, em geral, faz questão de ocultar. Fez ele longo relato das acusações de que tem sido vítima, dando exemplos de iniciativas tomadas pelo seu governo para uma boa relação com o governo da Colômbia, apesar das diferenças ideológicas. Deu a entender que as ameaças que Uribe lhe tem feito, de processá-lo junto a um tribunal internacional, obedecem a uma determinação externa, ressaltando que o intuito é sua destruição.

Como principal líder da luta pela paz na América Latina e Caribe, não parou de ressaltar que todas as suas ações, em relação ao governo colombiano, foram, comprovadamente, sempre no sentido de assegurar a boa convivência, a soberania e a harmonia entre os povos latino-americanos.

Disse, inclusive, que Uribe foi certificado por ele e o Presidente Correa de que o governo equatoriano participaria das negociações com as forças armadas da Colômbia, visando a uma solução humanitária para os reféns dessa organização, e que o presidente colombiano não fez nenhuma objeção a tal proposta. Chávez voltou a dizer que as diferenças político-ideológicas nunca o impediram de buscar relacionar-se com Uribe ou com qualquer outro governante, destacando que têm avançado as relações comerciais entre Colômbia e Venezuela.

Se, enquanto o macaquinho do Império falava, o silêncio foi a tônica de todos os presentes, o aplauso e, inclusive, o clima de descontração e alegria eram a constante durante todo o pronunciamento do presidente da Venezuela. Eram os primeiros sinais de que o eixo Uribe-Bush estava em pleno isolamento.

Mas, como reagiria Uribe após a pergunta desconcertante da Presidenta Cristina, os argumentos de Daniel Ortega sobre o êxito das negociações de paz em sua região, América Central – apesar do esforço constante do imperialismo ianque de que tudo desse errado – e o incontestável discurso de Chávez ? Ora, quando até mesmo o Presidente Calderón, do México, se negou a apoiar a ação criminosa do governo colombiano contra o Equador, Uribe, em total isolamento, apenas apoiado por um estranho, que a humanidade cada vez mais condena, não teve outro recurso senão o de aceitar uma resolução em que se compromete a respeitar a legislação internacional, no que se refere à soberania dos povos. Teve de ceder à América Latina. Todavia, disse que, com os “terríveis terroristas” das FARCs, jamais haverá acordo, desejando, com isso, mostrar a Bush que o Plano Colômbia (Plano Amazônico) está salvo, nem tudo está perdido.

Isolado seu macaquinho, o Império foi derrotado pela América Latina. Venceu a paz. Preparemo-nos, agora, para o próximo ardil de Washington. Só a unidade latino-americana será capaz de neutralizar tal ameaça.

Alberto de Souza

Professor e Jornalista

Matéria Publicada no Comite Bolivariano de São Paulo

http://www.comitebolivarianosp.org/leitura/index.asp

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey