Depois de votação disputada ontem nas primárias do Estado de Wisconsin, o senador Barack Obama conseguiu ontem mais uma vitória sobre a senadora Hillary Clinton, sua rival na corrida democrata à Casa Branca. Foi a nona vitória seguida do senador sobre a ex-primeira-dama.
Com o triunfo, Obama conseguiu abrir ainda mais a vantagem sobre Hillary em número de delegados. Mas de 1212 delegados que apoiam Hillary, 1005 são, os assim chamados, obrigados e 234 - superdelegados.
Os suerdelegados estão representados pelos democratas de altos cargos, políticos influentes ( por exemplo, o marido de Hillary , Bill Clinton, ex-presidente dos EUA). A diferença de obrigados, eles tem o direito de votar segundo sua vontade e não seguir a opiniao de maioria durante as primárias. Obama tem só 161 voto de superdelegados, segundo Interfax. Os analistas acreditam que mesmo estes votos decidirão a escolha de único candidato do Partido Democrata.
A figura de Obama atrai a atenção de eleitores pela sua extravagância.
Barack Hussein Obama há 5 anos, quando Bush depôs Saddam Hussein, acreditou-se que isto não apenas poderia gerar uma "mudança de regime" no Iraque, mas também nos Estados Unidos.O fato de que Washington tenha se metido nesta guerra e na do Afeganistão fez com que todos os governantes aliados a Bush nas ditas invasões tenham caído. Hoje, os EUA estão dando preferência àqueles candidatos que propõem uma "mudança".
Paradoxalmente, o candidato que mais vem crescendo adotando este lema é alguém que tem o sobrenome de "Hussein". Trata-se de Barack Hussein Obama. É a primeira pessoa que tem pai e padrasto muçulmanos e que professou o Islã, e também o primeiro negro (filho de africano) que tem chance de chegar à presidência de algum dos grandes países das Américas.
Sua popularidade não se baseia na origem étnica, mas no fato de que ele encarna vários postulados antagônicos ao militarismo e ao conservadorismo social e cristão de Bush. O "Hussein americano" avança prometendo retirar as tropas do Iraque, massificar o seguro médico social e proteger o meio ambiente.
Obama e Osama
Não apenas o sobrenome Hussein, mas um nome que alguns querem confundir com "Osama" são coisas que se usam contra Obama. No entanto, se estas são uma das eleições presidenciais mais atípicas na história dos EUA, Obama é um dos candidatos mais atípicos também.
De todos os pré-candidatos, ele é o único que não nasceu no continente americano (mas no Havaí, Oceania). Seu pai é do Quênia, onde dizem que apoiou os guerrilheiros anticolonialistas. Foi criado como muçulmano no maior país maometano (Indonésia), por seus avós. Confessou já haver consumido drogas.
Apesar de sua ascendência africana, ele nunca fez parte do movimento negro e sempre se esmerou em ser um conciliador de raças e crenças. Sua origem singular e sua intenção de acatar o pensamento médio norte-americano são os responsáveis pela sua popularidade.
Assim como Londres, ele propõe que Washington vá se retirando de Bagdá para entrincheirar-se no Afeganistão. Ainda que deseje negociar com a Venezuela, Síria e Irã (que não quer atacar), seu objetivo é isolar Bin Laden, cuja perseguição apoiou. Ganha adeptos nas minorias propondo regularizar a situação dos ilegais e, entre os mais necessitados, oferecendo estender a seguridade social a todos.
Caso chegue à Casa Branca, procurará mudar sua imagem internacional o que, ainda que não seja tão radical quanto a mudança que Mandela imprimiu à África do Sul, permitiria aos EUA melhorar seu perfil diante dos ambientalistas muçulmanos e do Terceiro Mundo.
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