Nesta quinta-feira, 30 de agosto, celebrou-se em todo mundo o Dia Internacional dos Desaparecidos. O dia 30 de agosto foi instituído como Dia Internacional dos Detidos Desaparecidos por iniciativa da Federação Latino-Americana de Associações de Familiares de Detidos Desaparecidos (FEDEFAM), em meados da década de 80.
Segundo o Comitê Internacional da Cruz Vermelha, na América Latina, as famílias foram as primeiras a empreender esforços para conseguir informações sobre os desaparecidos e evitar outros casos de desaparecimento. Foram essas famílias que trabalharam para que fosse estabelecido o Dia Internacional dos Desaparecidos.
Hoje, milhares de famílias não sabem o destino de seus parentes e entes queridos.
São famílias que lutam pelo direito de conhecer a verdade, de dar uma sepultura digna aos seres amados e de viver finalmente seu processo de dor. São famílias que lutam para que se faça justiça e para que os responsáveis sejam levados a julgamento.
Milhares de pessoas, em sua maioria civis, desapareceram por causa de conflitos armados ou violências internas. Estima-se que, entre 1966 e 1986, 90.000 pessoas desapareceram em países como Guatemala, Honduras, El Salvador, México, Colômbia, Bolívia, peru, equador, Chile, argentina, Brasil, Uruguai e Haiti. Esses números incluem crianças e bebês que nasceram enquanto suas mães estavam presas.
GUATEMALA. 200 mil pessoas, em sua maioria indígenas maias, assassinados e assassinadas. Desaparecidos nas mãos de um exército genocida.
EL SALVADOR. 75 mil mortos e desaparecidos na década de oitenta.
PERU. 69 mil vítimas, a maioria camponeses e camponesas indígenas, assassinados e desaparecidos nas duas últimas décadas. Sendero Luminoso matou uns 40 mil. O exército, a uns 20 mil. Até esse momento, nenhum militar foi levado aos tribunais.
CHILE. As vítimas de tortura durante a ditadura de Augusto Pinochet foram milhares. Quase 3.200 pessoas morreram devido a episódios de violência política ocorridos durante os anos de ditadura.
ARGENTINA. Estimativa de 30.000 pessoas desaparecidas após o golpe de 76.
COLOMBIA. Ao menos 600 pessoas desaparecidas no ano passado, a maioria nas mãos de grupos paramilitares e de guerrilha.
NEPAL. 378 pessoas "desaparecidas" somente ano passado.
BOSNIA. 7.500 homens e crianças desaparecidos desde 1995.
ARGELIA. 4.000 "desaparecidos" especialmente entre 1993 e 1998
Esses são apenas alguns exemplos. Hoje o pesadelo ainda continua, em muitos lugares.
No Brasil, familiares de desaparecidos durante a ditadura militar brasileira (1964 1985) exigem ao presidente Lula da Silva a abertura dos arquivos secretos do país.
A exigência foi feita ao presidente por um grupo de familiares, com a apresentação do livro Direito à Memória e à Verdade, lançado nesta quarta-feira (29 de agosto) no Palácio do Planalto. A obra reúne a história de 400 militantes de esquerda mortos ou desaparecidos durante o regime militar.
Em seu discurso durante o lançamento da obra, Lula comprometeu-se que o governo continuará trabalhando para contar a história do Brasil do jeito que ela realmente aconteceu. Nós temos disposição e vontade política para continuar fazendo o que for preciso fazer para que a gente possa fazer com que a história do Brasil seja contada com uma única verdade. Ou melhor, com aquela verdade que todo mundo sabe que existe, mas que está mal contada, falou o presidente.
Rebeka HOLANDA
PRAVDA.Ru
BRASIL
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