Fundamentalismo islâmico: Tempo de agir, antes que seja tarde

Fundamentalismo islâmico: Tempo de agir, antes que seja tarde

11 de Setembro. Uma data de que todo o mundo há de se lembrar por muitos anos, seja pelos ataques terroristas nos EUA em 2001, seja o ataque terrorista patrocinado pela CIA que assassinou Salvador Allende, o Presidente Marxista democraticamente eleito de Chile, na mesma data em 1973.

E é aqui que começa a história. Para fazer uma análise da questão de terrorismo, é necessário estabelecer princípios fundamentais para debate e o mais básico destes deve ser que o terminologia seja a mesma para todos os casos. Admitindo que os ataques perpetrados por Al-Qaeda estão errados, temos também de condenar o terrorismo de estado praticado pelos Estados Unidos de América e seus aliados nos últimos 60 anos, juntamente com a globalização de terrorismo de estado – Imperialismo, praticado por nações Ocidentais durante séculos.

Estes são as causas básicas do fundamentalismo – interferência, intrusão e ingestão em culturas estrangeiras, intromissão em costumes diferentes, imposição de valores alheios em áreas onde só podiam fracassar, a insistência em traçar linhas em mapas, dividindo as pessoas e criando desequilíbrios que desrespeitaram séculos de história, cultura e vectores sociológicos.

Estes factores semearam as condições para tendências naturais reaparecerem mais tarde, e com o avanço gradual da pesquisa científica e a globalização de conhecimento, o poder do indivíduo de desafiar o Estado tornou-se maior. Ao passo que há cem anos, uma tribo africana que desejava proteger seu território contra imperialistas europeus, viu que suas lanças e escudos eram inúteis contra a metralhadora, hoje, a bomba de pregos, a botija de gás, o frasco de cianeto, material dos reactores nucleares, um automóvel ou uma mochila cheia de explosivos, podem ter um efeito devastador na opinião pública – o objetivo principal do terrorismo.

Dizer neste momento que os terroristas já ganharam, está errado, sejam quais forem os "terroristas" a que estamos a referir. O terrorismo de estado, perpetrado por Washington no Iraque, cujo elenco Lynndie England, a Grande Heroina Americana, os campos de concentração de Abu Ghraib e de Guantánamo, tortura, estupro, crimes de guerra, assassinato em grande escala, escolher como alvos militares estruturas civis, por referir alguns crimes graves.

Iraque, o país que Saddam Hussein manteve livre de terroristas, o país onde diariamente jorram pelas fronteiras dentro fundamentalistas oriundos de todo o mundo muçulmano, está fora de controlo e quase diariamente, estamos confrontados com mais incidentes a volta do mundo - as tentativas em Londres e Glasgow, a Mesquita Vermelha em Islamabad, a decapitação de 10 marinheiros por Abu Sayyaf e a Frente Moro, Militantes Islâmicos nas Filipinas.

No entanto, estes são incidentes isolados e ainda não criaram um clima de pânico entre a opinião pública nas sociedades alvo. Por isso nem o terrorismo de estado praticado por Washington foi bem sucedido, nem as muitas tentativas por várias organizações fundamentalistas. Estes não passam de bandos de assassinos e hereges, porque destorcem a mensagem base no Corão, que é proteger a honrar todas as formas de vida.

Hoje e amanhã

É este a situação hoje. E amanhã?

Enquanto os apelos para rebeliões feitos por Al Qaeda não são correspondidos pela vasta maioria das populações que deseja viver em paz, a pequena fracção das pessoas dispostas a rebentarem-se e no acto, massacrar o máximo número de vítimas parece inesgotável.

Apesar de imensas operações de segurança, custando centenas de milhões de dólares, esses elementos continuam a planejar e a executar ataques terroristas, como tem acontecido em todo o mundo nos últimos cinco anos. Al Qaeda continua a planejar, continua a operar continuará, e durante anos muitos a vir, porque foi criada uma causa.

“Quando”, e não “se”

Por isso seria bom a comunidade internacional compreender que sua política atual não passa de uma táctica para ganhar algum tempo, até que haja mais um incidente que provoca danos humanos e materiais. Os funcionários de segurança, em muitos países, concordam que apesar de todos seus esforços, é um caso de "Quando e não se".

A história não pode ser alterada, mas desculpas podem ser pedidas e recompensas pagas, enquanto um processo de diálogo sincero e de respeito mútuo pode aqcalmar as tensões numa altura em que a Humanidade deveria juntar-se, abraçar outros povos como irmãos e não lançar bombas sobre eles, ou no meio deles, a única diferença entre os terroristas de Washington e os terroristas islâmicos. Nenhuma distinção pode ser feita entre o assassínio de uma criança iraquiana por um americano, ou um civil ocidental a perder seus entes queridos quando um tresloucado jovem grita Allahu Akhbar e liga os fios.

Seis passos fundamentais

1. Todos os países ou povos que se envolviam na escravatura – incluindo os africanos – devem assinar uma Carta de Culpa e Desculpa, admitindo o que foi feito e admitindo que estava errado;

2. Todas as nações que se empenharam em atividade imperialista deveriam assinar uma Carta, comprometendo-se a metas claramente definidas para os países que eles civilizaram" com a balano nome da Bíblia. É totalmente inaceitável, por exemplo, que os Objectivos de Desenvolvimento do Milênio talvez não sejam alcançados até 2015;

3. Os Estados Unidos de América devem admitir sua parte em alimentar as chamas do fundamentalismo Islamista por armar, ajudar e auxiliar os Mujaheddin contra o Governo progressivo de o Dr. Najibullah em Afganistão e devem reconhecer que Al Qaeda e os Taleban eram um resultado e desenvolvimento natural do monstro que criaram;

4. A comunidade internacional deve admitir, de uma vez por todas, o inviolabilidade de todas as fronteiras e isto inclui tanto Kosovo, como Israel. É totalmente inaceitável que Israel transgrida a lei internacional por permanecer em controlo de territórios que ocupou em guerra, a menos que queira justificar actos violentos contra o Estado de Israel por elementos que reivindicam o seu direito legítimo a estas terras. Portanto deve haver uma retirada total faseada dos territórios ocupados;

5. Às comunidades Islâmicas deve ser permitido tempo e espaço para resolver a questão do fundamentalismo através de um processo de diálogo com os jovens irados que fazem as vontades dos oportunistas que vivem confortavelmente de actividades terroristas;

6. Finalmente, uma Carta Global de Direitos Humanos Fundamentais deve estabelecer linhas claras para que cada ser humano tenha:

a) o direito à não-violabilidade da pessoa e da condição humana;

b) o direito a uma alimentação adequada;

c) o direito a uma educação que produz resultados dentro da comunidade onde uma pessoa é inserida, nomeadamente um posto de trabalho com remuneração suficiente para construir uma vida em conforto e

d) um sistema de saúde que garante direitos humanos básicos e globais. Com estes quatro preceitos fundamentais, as questões do abuso da criança, mutilação genital feminina, imigração, crime, fome e doença, entre muitas outras, são abordadas.

Com boa vontade, pode ser feito. Leva apenas 12 anos, por exemplo, para implementar um sistema de educação básico e secundário. Nada disso é possível sem debate e discussão, todo isso é possível por diálogo e mútuo entendimento. Se continuarmos no nosso percurso actual, semearemos as sementes hoje para um amanhã em que os nossos filhos cresçam num clima de ódio, porque a guerra entre as civilizações já começou. Será que foi para isto que nós nos esforçamos tanto durante dois mil anos?

Timothy BANCROFT-HINCHEY

PRAVDA Ru

Director e Chefe de Redacção

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey