Um canal de televisão holandês, BNN, começa a transmitir esta sexta-feira um reality show que terá o nome de O Grande Show do Doador, no qual uma mulher de 37 anos com uma doença terminal escolhe uma de três pessoas com problemas renais para receber os seus rins. A escolha será feita com base em conversas com familiares e na análise do perfil dos doentes (cuja cara e identidade nunca é revelada). Os telespectadores também terão uma palavra a dizer. O show causou uma forte polêmica no país.
"Isto é uma ideia de loucos", reagiu à BBC o democrata-cristão Joop Atsma, considerando "inconcebível que se vote quem é que vai receber um rim". A questão foi abordada pelo Parlamento nesta terça-feira e dividiu a maioria. Embora todos reconheçam a importância do problema com o sistema de doação de órgãos, os deputados dos partidos democrata-cristãos e protestante (ChristenUnie, CU) pediram ao ministro da Saúde, Ab Klink, e ao ministro das Comunicações, Ronald Plasterk, que impedissem a transmissão.
No partido social-democrata, um deputado condenou a exibição por motivos éticos, mas não pediu sua proibição, devido à importância do assunto. Os dois ministros já declararam que a lei do estatuto das comunicações não lhes permite censurar previamente a transmissão.
Às críticas, o director da BNN (cujo fundador morreu de doença renal) responde que o programa servirá para chamar a atenção para a falta de órgãos para doação na Holanda e defende que as probabilidades de os doentes receberem um rim num reality show "é maior" que no sistema de saúde. "As chances para os candidatos de obter um rim são de 33%, bem maiores do que as pessoas que estão nas listas de espera", explicou Dillich.
Na Holanda, o transplante de órgãos possui regras restritas. Os doadores não podem escolher para quem irão seus órgãos após a morte. Mas, no transplante de rins, caso o doador esteja vivo, ele pode fazê-lo, caso se estabeleça uma ligação entre as pessoas envolvidas.
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