O parlamento estoniano aprovou no dia 15 de fevereiro a versão final da lei sobre o desmantelamento de monumentos banidos. Os nacionalistas estonianos e ativistas de extrema direita aplaudiram a decisão: a lei estipula que o Soldado de Bronze, monumento ao soldado soviético libertador localizado num parque perto do antigo centro de Tallinn, seja removido nos próximos 30 dias.
As agências de notícias já reportaram ataques contra o Soldado de Bronze, construído há mais de 50 anos numa tumba comum de soldados soviéticos. Agora as autoridades estonianas receberam luz verde para derrubar o monumento. Além disso, o parlamento também declarou que o dia 22 de setembro, dia que o Exército Vermelho libertou Tallinn das tropas alemãs, será um dia de luto.
A nova legislação ainda tem que ser assinada pelo presidente estoniano Toomas Hendrik Ilves. O presidente ainda hesita na sua decisão. O presidente disse que a lei contradiz as normas da constituição, e deve ser reenviada para modificações. No entanto, ainda não se sabe se o chefe da Estônia vai colocar sua assinatura neste documento anti-russo.
Aparentemente, ele não gostaria de ser o líder de uma nação que comete blasfêmia contra os soldados que derrotaram a Alemanha nazista. Enquanto isso, os membros do parlamento não parecem se preocupar com o atraso. A questão é que o presidente Ilves assinou outra medida aprovada pelo parlamento. Nesta lei, as autoridades estonianas vão remover os restos dos soldados enterrados em lugar inapropriado. O Soldado de Bronze e os restos de 13 soldados soviéticos enterrados aí estão no topo da lista de monumentos de guerra e tumbas que serão removidos.
Parece que não apenas a Rússia, mas também outros países estão cansados dos numerosos atos de blasfêmia e ódio vingativo cometidos pela Estônia contra seu vizinho oriental. Algum tempo atrás, o primeiro-ministro estoniano Abdrus Ansip baniu a contrução de um monumento a Pedro o Grande na cidade de Narva. Apesar de que o imperador russo não foi considerado um ocupante soviético, foi caracterizado como uma figura histórica responsável pela morte e saque do povo estoniano em larga escala.
Políticos responsáveis em vários países repetidamente aconselharam a Estônia a não semear a discórdia, não tocar os restos daqueles que derrotaram a Alemanha nazista, e não provocar a Rússia a retaliar. Mesmo o presidente Waldus Adamcus, da Lituânia (um dos três países bálticos), fez uma declaração ao governo da Estônia há alguns dias: Deveríamos deixar o Soldado de Bronze onde está, e seguir em frente. Devemos deixar de olhar para trás, criando problemas desnecessários.
O governo estoniano parece ter ignorado o pedido de Adamcus. A nova legislação sobre as construções banidas com certeza criará problemas. A lei em questão estipula que os monumentos que causam inimizade e violam a ordem pública devem ser desmantelados. Supostamente, a lei foi aprovada para estabilizar a situação da sociedade.
Mas os legisladores estonianos deveriam ter considerado o fato de que o Soldado de Bronze é a última linha de defesa para as centenas de milhares de russos étnicos que vivem na Estônia. É algo semelhante a Stalingrado para eles. As pessoas estão prontas para colocar-se na frente dos buldôzeres ou dos neo-nazistas. A possível repercussão da implantação da nova lei pode ser desastrosa.
A Rússia deveria, sem dúvida, responder de maneira forte e adequada à mesquinharia do governo estoniano. A Rússia poderia tomar uma série de medidas, mas nenhuma delas pode garantir que o Soldado de Bronze vai permanecer intacto. É uma questão de princípios.
É inútil criticar a Estônia outra vez, e ameaçar com sanções duras. A proposta de transladar o monumento para a Rússia também não é boa.
O monumento é um dos símbolos mais notáveis do passado vivo, o símbolo da nossa grande vitória. A história moderna está baseada nestes símbolos. Vamos parafrasear um pouco: a história moderna é feita com esses símbolos em nossos corações e mentes. As gerações mais novas desses países provavelmente terão uma idéia completamente diferente da Segunda Guerra Mundial se não fosse pelo Soldado de Bronze e outros monumentos similares espalhados pela Europa. Os jovens podem ter a impressão de que a principal trama da Segunda Gueera Mundial surgiu da corajosa luta dos alemães contra os bolcheviques. Os alemães eram um pouco loucos mas muito organizados e civilizados, e fizeram um esforço heróico por resistir às hordas bolcheviques, que iriam trazer morte e caos à Europa.
Mikhail Leontyev, comentador do Canal 1 da TV russa: Precisamos tomar medidas para que os aliados ocidentais da Estônia pressionem o governo estoniano.
Estou impressionado com a falta de ação por parte do governo russo. No melhor dos casos, ataques verbais lançados pelo parlamento russo são totalmente inúteis. No pior, as críticas produzem o efeito inverso. Eu me refiro especificamente à proposta de transferir os restos dos soldados soviéticos à Rússia.
Seria uma desgraça mundial se eles tiverem sucesso em desmantelar o Soldado de Bronze. Esta desgraça seria justa para nós, porque somos os culpados pelas conseqüências. Nós deixamos que isso acontecesse.
Devemos dirigir nossos esforços nos aliados da Estônia e seus protetores ocidentais. É a única maneira de pressionar a Estônia, pelo que eu saiba. Deveríamos conversar com vários países, que não podem e não vão tolerar a legalização do nazismo na Europa. Já é hora da Rússia começar a conversar com a União Européia e a OTAN, nas quais a Estônia está incorporada. Devemos discutir o problema com os EUA, a Alemanha e os países escandinavos. Temos que colocar o problema à luz para que todo o mundo o veja. Esta é a tática que pode nos ajudar a fazer as coisas da nossa maneira.
O termo parlamento estoniano soa bastante impessoal. Afinal de contas, quem são as pessoas que pressionaram pela remoção do monumento?
Sabe-se que o antigo primeiro-ministro estoniano Mart Laar, autor de livros de história escandalosos, transformou o projeto em lei. Mas Mikhail Lotman, filho do renomado filologista Yuri Lotman, também votou pelo projeto. É compreensível, já que Mikhail Lotman vendeu os arquivos e a biblioteca de seu pai por 80.000 dólares, há dois anos. A propósito, Yuri Lotman serviu como artilheiro no exército soviético durante a Segunda Guerra Mundial. Os meios reportaram que Mikhail literalmente limpou todos os objetos do escritório de seu pai, inclusive diplomas e correspondência pessoal. Ele até jogou fora o documento de serviço militar de seu pai.
Agora devemos falar um pouco sobre o papel dos membros russos do parlamento estoniano. Não é de se admirar que Trivimi Velliste foi um dos deputados que apoiou a nova lei. Velliste sempre foi conhecido por suas idéias extremamente radicais.
No entanto, todos na Estônia sabem que o verdadeiro nome do deputado é Trofim Velichkin. O deputado nega categoricamente todas as alegações sobre seu nome real (de fato, ele prefere usar o inglês, quando fala com russos). Em teoria, o destino da legislação depende da posição de vários membros do parlamento estonianos, os russo étnicos que têm nomes russos. O resultado da votação fala por si só. A deputada Nelli Kalikova votou pela lei; a deputada Tatyana Muravyeva estava aparentemente no parlamento durante a votação, mas nunca registrou seu voto. O deputado Serguey Ivanov estava ausente durante a votação, há rumores de que ele estava na cafeteria. 44 membros do parlamento estoniano tentaram salvar a reputação de seu país. Faltaram apenas dois votos para barrar a decisão.
O presidente estoniano Toomas Hendric Ilves anunciou no dia 15 de fevereiro que não vai assinar a nova lei aprovada pelo parlamento. O presidente disse que a lei contradiz a constituição do país. Não há nenhuma outra informação sobre a decisão do presidente.
Agora o presidente estoniano deveria reenviar a lei de volta ao parlamento. A apenas semanas das eleições marcadas para o dia 4 de março, é bem provável que os novos membros do parlamento estoniano vão lidar com a lei. No entanto, não há nenhuma garantia de que os novos membros vão abandonar os planos de remover o monumento do soldado libertador. A lei será remetida à corte se o presidente a rejeitar outra vez.
Fonte: Komsomolskaya Pravda
Traduzido por Carlo MOIANA
PRAVDA.Ru
BUENOS AIRES ARGENTINA
Subscrever Pravda Telegram channel, Facebook, Twitter