Os dois colaboradores de Saddam Hussein, meio-irmão , Barzan al-Tikriti, o antigo chefe do Tribunal Revolucionário Awad al-Bandar, foram enforcados nesta madrugada, segundo informou a emissora de TV pública iraquiana "Al Iraqiya". A Rússia afirmou hoje que a essa execução não ajuda na estabilização da situação no Iraque.
"A execução dos dois colaboradores do ex-presidente iraquiano, como a do próprio Saddam Hussein, não favorece a estabilização da situação no Iraque", disse Mikhail Kaminin, porta-voz do Ministério de Assuntos Exteriores russo, citado pela agência "Interfax".
Os dois colaboradores de Saddam foram enforcados nesta madrugada, segundo informou a emissora de TV pública iraquiana "Al Iraqiya".
Tikriti era chefe dos serviços de espionagem em 1982, enquanto Bandar presidiu o tribunal que julgou e condenou à morte 148 xiitas pela implicação em uma tentativa frustrada de assassinato de Saddam Hussein numa cidade de Dujail.
O "caso Dujail" se remonta a 7 de julho de 1982, quando a comitiva presidencial em que Saddam viajava foi atacada no momento em que passava por esta cidade agrícola, situada 60 quilômetros ao norte de Bagdá e povoada quase exclusivamente por xiitas.
Saddam voltava com seu luxuoso Mercedes negro de uma visita de inspeção às tropas iraquianas que combatiam no norte do país contra o Exército do Irã quando se viu surpreendido por uma chuva de fogo.
Os atacantes descarregaram suas metralhadoras contra o Mercedes do ex-ditador, mas graças à blindagem do veículo, nem ele nem nenhum de seus adjuntos morreram ou foram feridos. Apenas onze guarda-costas sofreram ferimentos no atentado.
Aquele atentado frustrado foi mais tarde reivindicado pelo partido xiita Dawa, nesse momento envolvido em uma violenta campanha contra o regime laico de Saddam e que seguia ativo apesar da repressão exercida contra seus membros.
O "Dawa", hoje dirigido pelo ex-primeiro-ministro iraquiano Ibrahim al-Jaafari tinha então seus dirigentes refugiados em Teerã, de onde ordenavam seus ataques contra os partidários do regime de Saddam e que nem sempre conseguiam seus objetivos, como a tentativa de assassinato, também frustrada, do vice-primeiro-ministro Tareq Aziz.
Concretamente, o atentado contra Saddam tinha sido planejado e executado pela família Jafayi, que acabara de perder um de seus membros militante do "Dawa", pelas torturas recebidas na prisão.
O atentado de Dujail foi seguido por uma onda de detenções no povoado. Um total de 148 dos habitantes, entre eles todos os Jafayi, foram julgados e condenados à morte. Vários deles eram adolescentes.
O próprio Saddam assinou para ratificar as penas de morte, autorizando assim o primeiro massacre em massa de xiitas durante seu regime (1979-2003), que foi seguido por outros, particularmente em 1991.
Mas a vingança de Saddam não acabou com as execuções: a maioria dos terrenos agrícolas de Dujail foi destruída, e milhares de habitantes da localidade se viram forçados a emigrar para o sul do país, zonas desérticas onde mal conseguiram viver pelo resto de seus dias.
Saddam alegou durante o longo julgamento que os 148 xiitas de Dujail foram executados de acordo com a Justiça, depois de confessarem sua participação naquele atentado e o Tribunal Revolucionário, dirigido por Bandar al-Awad os condenar à morte.
Além disso, Saddam argumentou que o atentado contra ele foi cometido quando o país se encontrava envolvido em uma feroz guerra com o Irã, que durou de 1980 a 1988 e durante a qual os xiitas do Iraque foram acusados em muitas ocasiões de falta de lealdade a seu país por suas similitudes com os iranianos, também xiitas.
Com EFE
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