O Dia Mundial da SIDA teve como tema Responsabilização. Depois das múltiplas iniciativas na sexta-feira, dia 1 de Dezembro, Dia Mundial da SIDA, algumas das quais tendo comunicado as boas notícias e outras, as más, onde estamos hoje, perante o flagelo que iniciou há 25 anos atrás?
As boas notícias
Na sua mensagem no dia 1 de Dezembro, Kofi Annan referiu a mudança de atitudes ao longo dos últimos dez anos, realçando o facto que recursos financeiros estão a ser empregues como nunca antes e vários países estão a conseguir travar o alastramento mas alertando para a necessidade de mobilizar a vontade política.
Para Kofi Annan, a constituição da UNAIDS há dez anos foi uma pedra de toque na luta contra este pandemia, pois resultou na Declaração de Empenho, que estabeleceu alvos para serem atingidos. Posteriormente, o Fundo Global para o Combate contra a SIDA tem canalizado três biliões de USD de dadores para várias acções e investimentos de países de baixo e médio rendimento chegam já a 8 biliões de USD.
Os desafios
Para Kofi Annan, não podemos arriscar perder os avanços que lográmos, não podemos colocar em questão os esforços heróicos de tantas pessoas. Para Kofi Annan o desafio agora é realizar tudo que foi prometido, incluindo os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, nomeadamente parar e começar a inverter o espalhamento da SIDA até 2015.
Responsabilização, para o Secretário-Geral da ONU, passa por todos os Chefes de Estado e de Governo mas também por todos nós. É necessário que pais, maridos, filhos e irmãos apoiem e afirmem as aspirações das mulheres. Finalmente, Cada um de nós deve ajudar a trazer a SIDA para fora das trevas, e espalhar a mensagem que o silêncio é a morte.
Esperança
Para Dr. Peter Piot, Director Executivo da UNAIDS, o 19º Dia Mundial de SIDA (dez anos depois da constituição da UNAIDS e 25 anos depois da identificação da doença) traz sinais de esperança, principalmente nas tendências de comportamentos sexuais de populações jovens maior uso de preservativos, iniciação de actividade sexual mais tarde e menos parceiros sexuais, culminando na diminuição de prevalência de SIDA entre esta população em vários países.
Dr. Peter Piot também referiu o aumento da politização do fenómeno e o maior acesso a programas de tratamento. Também de grande importância, o método de colecção de dados está sendo melhorado todos os anos, providenciando cifras mais fiáveis sobre a realidade.
O caminho para a frente
Para Dr. Peter Piot, programas de prevenção contra a SIDA têm mais sucesso quando são endereçados às pessoas mais em risco e quando acompanham as alterações e mudanças na realidade em cada país. Programas de sensibilização funcionam. Os alvos destes programas, de acordo com os resultados da pesquisa realizada recentemente, devem continuar a incidir sobre as populações toxicodependentes (principalmente os que injectam), trabalhadores na indústria sexual e homossexuais (principalmente masculinos).
A realidade
O novo relatório sobre a SIDA revela que a pandemia já não está restrita ao grupo etário de 15-49 anos de idade, pois uma percentagem substancial das pessoas que vivem com a doença tem mais de 50 anos. Os últimos dados da UNAIDS e da OMS indicam que em 2005, 2,8 milhões de adultos com mais que 50 anos estavam infectados com HIV/SIDA além de 2,3 milhões de crianças com menos de 15 anos.
Os dados revelam também que a taxa de incidência (casos novos de pessoas a viver com SIDA comparado percentualmente com o número de pessoas previamente não infectadas) está estabilizada devido a melhorias nos programas de tratamento (ART) e a maior consciencialização da população mundial. A taxa de prevalência está ainda a subir, devido à subida em taxas de natalidade.
Na África Sub-Saariana, a taxa de infecção é ainda de 3 milhões de pessoas por ano e em oito países, a prevalência mantém-se acima dos 15 por cento (África do Sul, Botswana, Lesoto, Moçambique, Namíbia, Suazilândia, Zâmbia, Zimbabué), sendo de mais que 30 por cento na Suazilândia. Na África Ocidental, a taxa de prevalência é muito menor (entre 1 e 5 por cento em geral) por isso não se pode afirmar que a SIDA é um fenómeno africano.
Globalmente, metade das infecções novas incide na população na faixa etária das pessoas com menos que 25 anos.
Não há razões para festejar mas há indícios que a comunidade internacional, e principalmente os vários mecanismos da ONU e da indústria farmacêutica, estão com boas perspectivas no sentido de dominar e eventualmente vencer esta doença, que continua a infectar 4,1 milhões de pessoas todos os anos.
Timothy BANCROFT-HINCHEY
PRAVDA.Ru
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