Esta 61ª Assembleia Geral da ONU ficou marcada pela questão iraniana. Logo na jornada inaugural, na terça-feira, George W. Bush e Mahmud Ahmadinejad discursaram, assumindo posições opostas.
O Presidente do Irão, Mahmud Ahmadinejad, voltou a defender o direito do seu país à energia nuclear, tendo aproveitado o seu tempo de antena na Assembleia-Geral para voltar a criticar a política norte-americana.
Ahmadinejad acusou os Estados Unidos de estarem a manipular a ONU em seu benefício. «Todas as nossas actividades nucleares são transparentes, pacíficas e estão debaixo dos olhares atentos dos inspectores da AIEA [Agência Internacional de Energia Atómica].»
Mahmud Ahmadinejad descreveu os responsáveis norte-americanos como «os que fizeram bombas atómicas e têm como triste balanço terem-nas utilizado contra a humanidade».
O Presidente iraniano criticou ainda «as potência hegemónicas», que «impõem as suas políticas de exclusão nos mecanismos internacionais, incluindo no Conselho de Segurança» da ONU.
«Aparentemente, o Conselho de Segurança não pode ser utilizado a não ser para garantir a segurança e os direitos de certas grandes potências», acusou, numa altura em que os Estados Unidos pedem a imposição de sanções contra Teerão devido à recusa iraniana de suspender as suas actividades nucleares.
Num discurso ideológico e impregnado de referências religiosas, o Presidente iraniano denunciou a política dos Estados Unidos e dos seus aliados britânicos e israelitas para o Médio Oriente.
No Iraque, «os ocupantes são incapazes de estabelecer a segurança» e «não têm a vontade política necessária para eliminar as fontes de instabilidade». Mahmud Ahmadinejad acusou depois os Estados Unidos de se servirem do «aumento das hostilidades e do terrorismo» no Iraque como «pretexto» para manter a sua presença no país.
Em relação ao recente conflito no Líbano, lamentou que o Conselho de Segurança tenha sido impedido «por certas potências» de apelar a um cessar-fogo e criticou ainda «os alegados campeões da democracia» por se terem recusado a reconhecer «o Governo democraticamente eleito» pelos palestinianos após as eleições que deram a vitória ao Hamas.
Por seu lado, o Presidente norte-americano George W. Bush dirigiu-se aos cidadãos iranianos, para lhes dizer que tomem o futuro nas suas mãos porque os seus líderes estão a privá-los da liberdade e a utilizar os recursos na nação para financiar o terrorismo.
«Os Estados Unidos respeitam-vos. Respeitamos o vosso país. Admiramos a vossa histórica rica, a vossa cultura vibrante e os vossos contributos para a civilização. Merecem uma oportunidade para definirem o vosso próprio futuro, uma economia que premeie os vossos talentos e uma sociedade que permita o cumprimento do vosso tremendo potencial. O grande obstáculo a este futuro é que os vossos líderes escolheram negar-vos a liberdade e estão a utilizar os recursos da nação para financiar o terrorismo, incentivar o extremismo e perseguir as armas nucleares.»
Mas Bush apressou-se a acrescentar que os Estados Unidos estão empenhados em encontrar uma solução diplomática para a crise sobre o dossier nuclear iraniano. O Presidente norte-americano acredita que o seu homólogo iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, está determinado em desenvolver uma arma nuclear e está a resistir aos pedidos para suspender o enriquecimento de urânio, tentando ganhar tempo e dividir a Europa e os Estados Unidos. Bush disse não ter objecções à ambição iraniana de desenvolver energia nuclear para fins pacíficos.
«Estamos a trabalhar numa solução diplomática para esta crise (...). Esperamos que chegue o dia em que poderemos viver em liberdade, e a América e o Irão possam ser bons amigos e parceiros próximos na causa da paz», garantiu
Com um Iraque pós-Saddam dividido por violência sectária e um Irão com promessas nucleares, Bush insistiu que o mundo deve apoiar os moderados e não os extremistas e garantiu aos muçulmanos que os Estados Unidos não estão em guerra contra o Islão.
«O meu país deseja a paz. Extremistas na vossa região [Médio Oriente] espalham informações segundo as quais o Ocidente está em guerra contra o Islão. Isso é falso», afirmou, incentivando os países do Médio Oriente a adoptarem medidas democráticas e salientou algumas eleições em países como os Emirados Árabes Unidos, Kuwait e Bahrein.
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