Bento XVI voltou ontem a Roma, mas antes visitou os campos de concentração e extermínio nazista de Auschwitz e Birkenau, a 60 quilômetros da Cracóvia. Lá morreram pelo menos 1,1 milhão de judeus, mais de 150 mil poloneses e outros milhares de cidadãos de vários países.
Desafiando o lamaçal que havia no parque devido à intensa chuva que caiu durante a noite, os poloneses não desanimaram e receberam o Papa com o mesmo carinho com que trataram Karol Wojtyla quando voltou ao lugar em nove ocasiões. Bento XVI afirmou que já considera a cidade como "sua Cracóvia". Em meio a intermináveis aplausos, ressaltou que é querida no mundo todo, já que dela João Paulo II partiu para o Vaticano. Graças a ele, a Polônia se transformou em um país querido por todos, afirmou o Papa.
Em uma homilia cheia de elogios a João Paulo II, seu amigo Joseph Ratzinger pediu aos poloneses que permaneçam firmes na fé, explicando que a fé em Cristo não significa "colocar-se nas mãos de uma pessoa ordinária, mas do Salvador".
"Falar neste lugar de horror, neste lugar onde se cometeram crimes sem precedentes contra Deus e o homem, é quase impossível. E é particularmente difícil e perturbador para um cristão, para um papa alemão", disse o pontífice em Auschwitz.
"Num lugar como esse falham as palavras. No fim, só pode haver um silêncio temeroso, um silêncio que é um clamor ao coração de Deus: Por que, Senhor, permaneceste em silêncio?" Citando o seu antecessor, Bento XVI disse que fazia a visita como um filho do povo alemão. "Os chefes do Terceiro Reich queriam exterminar a todo o povo judeu, apagá-lo da lista de povos da terra", disse o papa, acrescentando que ao tentar destruir Israel os nazistas queriam "em última instância destroçar a fonte da fé cristã e substituí-la por uma fé inventada por eles."
Bento entrou no campo de concentração em atitude solene, passando pelo portão do campo de concentração com as mãos unidas. A visita está carregada de significado para as relações católico-judaicas, um tema caro a Bento.
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