O engenheiro informático Juan Verzeri é o titeriteiro do Racing Club de Montevidéu na primeira participação do time uruguaio na Taça Libertadores de América. Na prévia do jogo Racing x Atenas de San Carlos recebeu o PRAVDA no Estádio Parque Osvaldo Roberto de olho no jogo perante o Corinthians na Quarta, 14 de Abril no Grande Parque Central.
PRAVDA: ¿O início da carreira com uniforme de treinador? ¿sempre no ambiente do futebol?
ENGº VERZERI: A vida toda neste ambiente do futebol, desde o primeiro pranto, pela influência do pai, de jeito específico com o Club Atlético Bella Vista e logo na fase de moleque não alcancei ser mais um profissional e acabei mexendo com os livros, a carreira de engenharia informática. Quanto ao futebol, joguei na Liga Universitária no decorrer de quinze anos no Clube Círculo de Tenis gradativamente pois começamos na Divisão D até atingir a cimeira da Divisão A, arvorando o caneco de Campeões de Campeões, restando apenas conquistar o título de Campeão dessa Divisão, que consegui já na fase de treinador. Uma lesão na coluna acabou encerrando minha carreira de jogador, uma hérnia foi a responsável que eu pendurasse as chuteiras. Logo após fiz o curso de treinador começando minha carreira e o time no qual joguei muitos anos foi o primeiro que dirigi, que no início, na primeira temporada conseguimos o título de campeão na Divisão A.
Foram mais três anos chefiando esse time e conquistando mais dois canecos, além de ficar com a Sub-20 desse mesmo time e daí para frente a seleção uruguaia universitária participando no ano 2001 nos Jogos Universitários de Beijing, que é um grande evento que ocorre a cada dois anos com participantes do mundo inteiro. Assim que acabou essa etapa no futebol universitário, fui para o futebol profissional, em 2002, no Club Atlético River Plate de Montevidéu, ficando na frente da 3ª e 4ª Divisão, conquistando o título de Campeão na 4ª, no Torneio Acesso, Vice- Campeões Uruguaios e também na 3ª o vice-campeonato, ou seja, uma etapa muito prolífera quanto teve a ver com conquistas e á minha experiência nesse clube, que salientou sempre pela grande tarefa que faz com as categorias dos mais jovens.
Em 2004, sempre em 3ª e 4ª Divisão, comecei uma outra etapa no Liverpool F. C. de Montevidéu, conquistando o campeonato na Divisão 3ª. Foi em 2005 que deu início um projeto no Club Atlético Juventud da cidade de Las Piedras, como treinador adito de Julio Rivas, que tinha sido meu treinador no Club Círculo de Tenis no decorrer de muitos anos, ou seja, conhecia-o faz muito tempo. Felizmente trabalhei três anos junto com ele, acompanhando um projeto de grandíssimo sucesso quanto tinha a ver com a «moldagem» de juvenis que iniciou-se trazendo muitos jovens do interior do país, fazendo uma residência para todos eles em Montevidéu, no bairro Lezica, montando-se uma geração que no decorrer de dois anos participou no Mundial de Viareggio de Clubes na Itália, sendo o principal torneio mundial nessa categoria Sub-20, conquistando o título de campeão, com o privilégio de ser o primeiro time sul-americano em conquistá-lo no histórico desse evento. Mais logo, em 2007 atingimos nosso alvo de Campeão na Divisão B com Juventud. Após a fase de Juventud, sempre com o Julio Rivas e como treinador adito, teve a possibilidade de participar da responsabilidade da seleção nacional de Omã.
Foi uma experiência extremamente interessante quanto teve a ver com futebol em si próprio, nem só pelo fato de participar de uma classificatória rumo ao Mundial senão tendo a possibilidade conhecer uma outra cultura, um país como é Omã, nem sei, super interessante e na hora de voltar, aos poucos tive a primeira oportunidade de chefiar um time como treinador principal na Divisão A, e foi no Racing Club de Montevideo. Porém desde o finalzinho de Junho de 2008 até hoje temos desenvolvido um processo muito interessante fazendo crescer o clube e várias conquistas esportivas pois além de ter feito pouso na Divisão Primeira do futebol uruguaio, participamos do Torneio Liguilla que classificou os times uruguaios para as Taças Libertadores e Sul-Americana ficando com o título de vice-campeões e garantindo uma vaga na Pré-Libertadores e logo na atual edição da Libertadores que estamos participando agora após eliminar o time Junior da Colômbia. É bom salientar que fomos o primeiro time uruguaio em ultrapassar a Pré-Libertadores pois das cinco edições anteriores, sempre ficaram fora dessa possibilidade. Agora temos segurado essa barra, nesse Grupo que é extremamente difícil pois contêm os três campeões do Brasil, Paraguai e da Colômbia. Em paralelo, participando do Campeonato Uruguaio, tentando atingir o melhor sucesso possível.
P: Tens percebido que sendo um treinador muito novo já marcou o histórico do Racing e o próprio futebol uruguaio ultrapassando pela primeira vez a Pré-Libertadores? Qual é o sentimento?
ENGº VERZERI: Tirando uma primeira conclusão quanto ao assunto, tenho certeza absoluta que as conquistas são atingidas pela tarefa de uma turma. Aliás, somos uma grande equipa, que envolve a Diretoria na liderança do clube, os jogadores que são aqueles que refletem no gramado a tarefa e o planejamento feito e o time técnico que me acompanha, fora que até os funcionários do clube fazem parte. Dentro dessa grande equipa, cada um de nós temos uma função e precisamos desenvolvê-la do jeito mais profissional possível ainda levando em consideração que trata-se do Racing, que é um time com jeitinho de bairro mas na hora que déramos início o trabalho tínhamos muita a coisa a melhorar e gradativamente temos conseguido. Quanto as conquistas, em oportunidades trabalha-se como primeira marcação, procura-se a excelência no dia-a-dia que é o mais importante logo.
Mas o futebol é difícil mesmo, ás vezes os sucessos não chegam de mãos dadas com o esforço feito. Felizmente temos tido a sustentação dos sucessos, tendo o privilégio de pular por cima de cada uma das barreiras que foram colocadas em nossa frente, concorrendo a cada dia com rivais mais difíceis, ou seja, que no histórico do clube temos ganho um espaço importante e só daqui a alguns anos vamos perceber o tamanho pois até hoje o Racing nunca conquistou. De jeito específico nas minhas outras atividades profissionais também tenho conquistado alvos importantes, como o título que é o mais importante de todos. Tudo mundo concorre a um objetivo e só um o acaba conquistando. Ao meu ver, o que tinha comentado no início, o mais importante é a tarefa feita numa turma, tentar a excelência no dia-a-dia, ficando claro que só isso dá-nos a chance de sonhar e que os sonhos vão de braços dados com muito esforço fora que nessa carreira do sucesso são inúmeros os fatos que fazem-no possível.
P: Ao ver da maioria dos uruguaios as Taças Libertadores e Sul-Americana não são agora objetivos que fiquem tão longe assim. Acha que fica distante apenas quatro pontos da chance de voltar num torneio internacional em 2011 e esse poderia ser o grande objetivo em 2010 fora que nesta versão da Libertadores a campanha é muito boa até hoje?
ENGº VERZERI: Quanto tem a ver com a Libertadores temos chance, ficando ainda duas partidas muito difíceis mas estão faltando quatro pontos no Campeonato Uruguaio para alcançar o alvo das próximas edições da Sul-Americana ou até da própria Libertadores. É muito difícil para nós jogar os dois torneios em paralelo com o mesmo rendimento pois isso aí envolve rotação e trata-se de uma turma que de olho nas exigências da Libertadores encurta-se bastante mas isso reflete as possibilidades financeiras do clube.
Com certeza, dos 38 times participantes da atual Libertadores, Racing que é o caçulo da Copa, sendo sua primeira participação e possui o orçamento mais econômico. Quanto ao outro assunto que é o Campeonato Uruguaio e a nova chance de classificar para um novo torneio internacional, é difícil mesmo, pois são muitos times concorrendo a um mesmo objetivo e nós temos alguns jogos em cachoeira que além que vamos dar batalha, temos certeza que é difícil a possibilidade de dar mais um mergulho nesses torneios.
P: Santiago «Vasquito» Ostolaza foi sua escolha para Capitão do time e de longe daria para chutar que não trata-se daqueles Dungas da vida, com cara feia e voz de trovão. A disciplina táctica foi importante na escolha do «Vasquito» como capitão ou trata-se mesmo de um cara com voz de comando e ninguém conhece?
ENGº VERZERI: Acho que o capitão é um jogador que tem um papel especial, de jeito específico na minha opinião tem que ser líder, mas líder que tudo aquilo que faz ou diz seja confirmado com o exemplo e mais importante ainda, que seja no decorrer da semana, no dia-a-dia, na tarefa, em tudo quanto envolve ser um profissional e nesses itens, Santiago Ostolaza prencheu o formulário e tirou nota dez. Quanto a tudo aquilo que o torcedor pudesse perceber desde a arquibancada, ou seja, gestual, talvez não possui um sistema comunicativo alto ou gritando não destaca-se mas pode ter certeza que é um jogador muito respeitado nem só pelos companheiros senão pelo próprios rivais pois as vezes falando pouco pode impor o temperamento, os fatos na hora de jogar.
P: Qual foi o sentimento de entrar numa grande cidade como São Paulo e de jeito específico no Estádio de Pacaembu, lotado de torcedores ferventes do Corinthians? Quanto acabou influenciando os mais novos da turma?
ENGº VERZERI: Vamos ver, o futebol em si próprio envolve muitas horas de esforço, muitas horas de tarefa, de sacrifício, de renunciar outras coisas que podem ser importantes, são escolhas que poderiam fazer esquecer uma coisa e mergulhar numa outra, mas tem momentos de brilho que são incríveis e inesquecíveis, instantes no topo da emoção e no decorrer destes dois últimos anos temos curtido desses instantes importantes em várias oportunidades. Fica claro que ter jogado nesse Estádio, como apresentavam-se as arquibancadas e os torcedores, o ambiente que gerou esse jogo, pois foi a estréia do Corinthians na atual edição, também o rendimento da nossa turma e a resposta de um time novinho inserido nesse ambiente perante um rival com crachá de candidato, tendo furado as malhas do Timão no início do jogo, foi tudo com cheirinho de emoção mas também tivemos outros momentos na campanha com emoções muito marcantes que são as que retroalimentam mais para continuar tocando na frente.
P: É difícil garantir o número um no grupo pois tem o gigante do Corinthians primeiro até agora e vocês num segundo degrau. Caso tivesse a possibilidade de jogar a última partida com o Timão em Montevidéu, com eles tendo garantido com antecedência a vaga nas Oitavas e trazendo reservas, como planejaria esse jogo tentando garantir a tua própria vaga como um dos melhores segundos?
ENGº VERZERI: A próxima partida é com o Corinthians e nenhum dos times terá garantido sua vaga até o início desse jogo, ou seja, vamos brigar com eles na procura dessa tal vaga. Embora, fazer esses planos antes dos jogos não vai refletir nosso agir em campo, o segmento táctico, nesses instantes de definição do grupo, são todas partidas determinantes e o importante é alcançar o cume mental, ficar bem fortes de cabeça e pular no gramado como se fosse uma verdadeira final pois é fundamental somar pontos nesse jogo e ficar bem posicionados no encerramento do grupo em Assunção perante o Cerro Porteño tentando carimbar o passaporte na próxima fase.
P: Lembre-se que o Defensor Sporting, chefiado pelo Jorge «Traça» Da Silva ia muito bem no grupo faz alguns anos e tentou um ataque bastante agressivo perante o primeiro nessa oportunidade que foi o Santos perdendo o jogo no Centenário de 2 x 0. Time brasileiro não se desenvolve bem melhor sendo atacado «sem raciocinar»?
ENGº VERZERI: Nós tentamos sempre manter o equilíbrio. A nossa vontade de vencer não pode gerar oportunidades para o rival. Temos que ter paciência, coisa semelhante aconteceu com o DIM (Independiente Medellín) no jogo de volta aqui em Montevidéu. Temos que ter atenção extrema pois o Corinthians tem muitas armas no ataque e uma turma qualificada para desenvolver estratégias ofensivas, eles tem muitas opções, muitos jogadores diferentes que podem resolver. Por enquanto, temos que ter o nosso dispositivo de ataque e responder com armas ofensivas que consigam incomodá-los bastante para que não se sintam descontraídos no tapete verde.
P: Voltando no assunto Pacaembu, na prévia do jogo, ainda nos vestiários, teve que trabalhar na cabeça dos jogadores, fazer comentários que os movimentassem na psique, como falar em assuntos como orçamentos de um time e do outro tentando aumentar ainda mais o astral deles? É tão importante esse bate papo prévio quanto o segmento táctico?
ENGº VERZERI: Sem dúvida, pode ter certeza, o item psicológico e espiritual, são os sustentos do item «futebol», além disso de jeito constante é retroalimento puro, uma coisa sem a outra de perto, não dá pé. Bem mais de olho nos desafios do tamanho como representa uma partida perante um time como o Corinthians.
P: O jogo perante o Atenas de San Carlos está acontecendo daqui a alguns minutos. Uma pergunta com resposta simples para encerrar a reportagem. Tivesse preferido jogar na fronteira uruguaio-brasileira, Rivera - Santana do Livramento, no Estádio Atilio Paiva Olivera de Rivera perante o Timão como fez o Cerro perante os colorados do Inter?
ENGº VERZERI: Em Montevidéu, sem problemas e prefiro o Grande Parque Central, estádio do Club Nacional de Football do que o Estádio Centenario.
P: A «saidera»? Uruguai, Brasil, Argentina na África do Sul 2010? As chances para eles? Chegou a hora do Lionel Messi se formar como craque? Espanha também precisa confirmar nem só nas Taças da Europa e Confederações. Trata-se da hora «H» da fúria vermelha?
ENGº VERZERI: Acho que das três seleções sul-americanas, na prévia, o time que aponta para ficar mais perto do objetivo de Campeão é o Brasil, por tudo quanto fez nos últimos tempos e até pelos próprios jogadores que dispõe. Fora isso nunca ia afastar da chance aos argentinos e quanto aos uruguaios trata-se de um time que pode surpreender pois tem grandes jogadores, uma turma de treinadores de grandíssima valia e o sangue uruguaio que todos sonhamos possa estourar a qualquer instante num evento dessa importância.
Dá para imaginar que o Messi poderia confirmar sua qualidade neste Mundial, como aconteceu com o Maradona no México 1986, ele está no topo da onda e quanto á Espanha tem confirmado bem na Euro Copa quanto na última classificatória que é um grande equipe e só precisa dar a facada mortal nas Taças do Mundo, ambiente que no mínimo até agora não é confortável para eles. Caso essa responsabilidade não acabe perturbando eles, acho que tem armas de valia para concorrer com qualquer um dos grandes rivais como é o caso do Brasil, a própria Itália.
Correspondente PRAVDA.ru
Gustavo Espiñeira
Montevidéu Uruguai
Subscrever Pravda Telegram channel, Facebook, Twitter