Se não é misterioso, mas é, pelo menos, curioso, que o general Villas Bôas, sempre do lado das elites dominantes, dos latifundiários e grileiros, dos mineradores e madeireiros ilegais - gente que invade terras indígenas -, incondicional apoiador de Jair Bolsonaro, parece ter desaparecido, sumido mesmo, silenciado completamente, com relação à falta de disciplina e ao desrespeito à hierarquia militar, por parte do general Pazuello.
por Arialdo Pacello(*)
O mundo inteiro sabe que o general Pazuello envergonhou (continua envergonhando) as Forças Armadas, com a incompetência que demonstrou quando da sua desastrada gestão à frente do Ministério da Saúde (considerado hoje o pior ministro da Saúde em toda a História do Brasil). Suas incontáveis mentiras nas interpelações da CPI da Pandemia também são motivo de vexame entre os seus companheiros de farda. E, como se tudo isso fosse pouco, com total menosprezo ao Regulamento Disciplinar do Exército, indo participar (como militar da ativa) de atos meramente políticos de Jair Bolsonaro, sem uso de máscara e sem respeitar as recomendações de distanciamento, em total descuido à saúde e à vida dos brasileiros.
O general Villas Bôas, mesmo se tratando de um elemento ignorante em jurisprudência, não sendo nem mesmo um causídico, ainda menos um jurisconsulto, teve o desplante de dirigir-se aos ministros do STF, atrevidamente, pressionando-os sobre a questão da prisão em segunda instância, para que a decisão da Suprema Corte não beneficiasse o melhor presidente brasileiro dos últimos 50 anos: LULA - Luiz Inácio da Silva - um desafeto do inoportuno general direitista e entreguista.
Mas, repito, o que é mais curioso é que o general Villas Bôas, supostamente conhecedor das regras da disciplina militar (que ele tanto evoca), mantém-se em silêncio com relação ao notório comportamento indisciplinado do general Pazuello.
Senhor general Villas Bôas, faça como o general Santos Cruz, venha a público e defina de que lado o senhor está! O general Santos Cruz não deixou dúvida: criticou Jair Bolsonaro, classificando-o como estelionatário; e pediu punição para o general Pazuello, pela sua falta de disciplina e pelo seu total desrespeito às regras militares.
Esse seu silêncio, general Villas Bôas - ao contrário do que fez, indevidamente, com relação ao STF, na questão da prisão em segunda instância - mostra que o senhor está, realmente, do lado das elites dominantes, dos latifundiários e grileiros, das milícias criminosas, dos desmatadores e mineradores ilegais; mostra que o senhor está com o psicopata presidente; mostra que o senhor está ao lado dos que querem destruir a pátria brasileira. Tudo isso revela que, na verdade, o senhor não se preocupa com a hierarquia e a disciplina militar; mas, tão somente, com questões de ideologia política!
Isso não condiz com o papel das Forças Armadas.
Ou o senhor já se pronunciou, e eu não vi e não ouvi? Se o senhor já pediu punição para o general Pazuello e advertência para o presidente Jair Bolsonaro, peço desculpas. Mas, se o senhor silenciou, que adjetivo posso aplicar à sua omissão?
(*)Arialdo Pacello, advogado, servidor aposentado do Banco do Brasil.
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