Por Revista Consciência.Net em 21/03/2011
"O que está acontecendo é simplesmente inacreditável. Não entendo porque eles continuam presos", afirma Aderson Bussinger, da Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ, que acompanha o caso. Entre os presos, "ameaças a Obama", está a "Vovó tricolor", de 69 anos. Depois que um coquetel molotov foi jogado contra o Consulado, ela terminou presa, assim como outras 12 pessoas que apenas ouviram o barulho do artefato explodindo. Do Diário da Liberdade.
Na sexta-feira, 18, após um protesto em frente ao Consulado dos Estados Unidos, 13 pessoas foram presas. Depois de passar a noite na cadeia, nove homens foram levados aos presídios de Ary Franco, onde foram obrigados a raspar a cabeça. A imagem lembra as fotos dos presos políticos em Guantánamo, base norte-americana em Cuba, marcada pelo absoluto desrespeito aos Direitos Humanos.
"Estamos vendo a situação se repetir aqui no Rio. Por causa da vinda de Obama, inocentes estão presos desde sexta-feira. São os presos políticos de Cabral e Dilma", protesta Cyro Garcia, presidente do PSTU, partido que tem 10 militantes nos presídios.
"O que está acontecendo é simplesmente inacreditável. Não entendo porque eles continuam presos", afirma Aderson Bussinger, da Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ, que acompanha o caso. De fato, é difícil supor que o menor J. , de 16 anos, ainda permaneça em um Centro de Triagem, na Ilha do Governador.
Ou encontrar os motivos que fizeram o juiz de plantão considerar que Maria de Lourdes Pereira da Silva, de 69 anos signifique uma ameaça ao presidente dos Estados Unidos e sua comitiva.
A senhora, que também é conhecida pela torcida do Fluminense como "Vovó tricolor", pela assiduidade aos jogos, estava passando pelo Centro do Rio, na sexta-feira, quando concordou com o motivo do protesto e se juntou ao grupo que dizia "Obama, go home". Depois que um coquetel molotov foi jogado contra o Consulado, ela terminou presa, assim como outras 12 pessoas que apenas ouviram o barulho do artefato explodindo, antes do avanço dos policiais. Desde a manhã de sábado, ela divide uma cela em Bangu 8 com uma estudante de Artes da Uerj e uma professora, que estavam no ato, e outra detenta.
Neste domingo, pouco antes da chegada de Obama no Theatro Municipal, uma passeata com 800 pessoas foi até a Rua do Passeio, exigir a libertação dos 13. Muitos amigos e parentes dos presos estavam lá. Cirlete Proença, que tem um casal de filhos preso, discursou, e emocionada, chegou a comparar os dias de hoje aos da ditadura militar.
A prisão arbritária tem despertado muitos gestos de solidariedade. O forte calor deste domingo não impediu a presença no ato dos advogados Marcelo Cerqueira e Antonio Modesto da Silveira, dois símbolos na defesa dos presos políticos na ditadura militar. Modesto, de 84 anos, chegou a ser sequestrado pelo DOI-CODI e é autor da Lei de Anistia. Parlamentares, inclusive o senador Lindberg Farias, do PT, também já manifestaram apoio, com uma nota pública.
Nesta segunda, às 11h, um ato será realizado no campus do Fundão da UFRJ, pela liberdade dos presos, e contará com a presença de juristas e professores da Faculdade de Direito. A campanha para libertar os 13 também chegou a internet. Uma petição online já recebeu quase cinco mil assinaturas em apenas dois dias e uma charge do cartunista Latuff está sendo reproduzida em sites do mundo todo e nas redes sociais.
Os advogados do PSTU preparam um novo pedido de liberdade, apoiados agora pelo fim da visita de Barack Obama. "Mas não queremos só a libertação. É preciso que as acusações sejam retiradas, para que não sejam presos no futuro. Não há crime em participar ou organizar um protesto pacífico", diz Cyro Garcia.
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