BRASILIA/BRASIL - Apesar de os empresários do setor de exportação do Brasil estar procurando manter distância do Irã, por conta das sanções impostas pela ONU ao polêmico programa nuclear de Teerã, o governo brasileiro, numa demonstração clara de rejeição às sanções, declarou que vai, sim, exportar etanol para o governo de Teerã.
Por ANTONIO CARLOS LACERDA
Correspondente no Brasil
Segundo o Itamaraty (Ministério das Relações Exteriores do Brasil), as sanções da ONU contra o Irã não restringem a exportação de etanol para aquele país persa. "Vamos exportar para onde quisermos, nossa prioridade é abrir mercados. As sanções da ONU não proíbem a venda de etanol, então não sei porque haveria problema. O Brasil não vai se impor sanções voluntárias", disse uma fonte oficial do governo brasileiro.
Entretanto, a mesma fonte deixou claro que a decisão de exportar etanol para o Irã fica inclusivamente a cargo do setor privado brasileiro, que tem o direito inquestionável de decidir a quem vender, assumindo, portanto, o risco de sofrer eventuais retaliações por parte dos Estados Unidos e outros países que aprovaram as sanções contra o Irã.
Segundo Adhemar Altieri, diretor de comunicação da Única, entidade brasileira que representa os produtores de etanol, os empresários do Brasil não têm a menor intenção de exportar etanol para o Irã. Não há projetos de curto nem de longo prazo de vender etanol para o Irã, e se for para exportar, iremos optar por mercados prioritários, que importam maiores volumes, garantiu.
Em tom de velada ameaça ao Brasil, os Estados Unidos disseram que não seria uma boa idéia a venda de etanol ao Irã. Isso seria muito arriscado, já que as sanções aprovadas pela ONU reconhecem que há uma ligação potencial entre o setor de energia do Irã e atividades de proliferação (nuclear, revelou uma fonte do governo dos Estados Unidos.
No Congresso dos Estados Unidos, aliados de Israel disseram vão deixar de apoiar a abertura do mercado americano para o etanol brasileiro caso haja avanço na aproximação do governo do Brasil com o governo do Irã.
Esse enfretamento Brasil e Estados Unidos colocou os usineiros brasileiros em uma encruzilhada de difícil decisão, tipo se correr o bicho pega, de ficar o bicho come: se respeitar as sanções da ONU e não vender etanol a Teerã deixa de ganhar dinheiro; se desrespeitar as sanções da ONU vender etanol a Teerã perde o mercado americano.
Observadores políticos disseram que essa queda de braço entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o Conselho de Segurança da ONU (Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia, China e Alemanha) poderá resultar em um massacre do Brasil no âmbito da diplomacia internacional ou na sua projeção como uma respeitada figura no contexto mundial das nações.
ANTONIO CARLOS LACERDA
PRAVDA Ru BRASIL
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