Duas reportagens publicadas no dia 25 pelo jornal Financial Times sugerem que os efeitos da crise econômica iniciada nos Estados Unidos podem ser benéficos para o Brasil. Os textos, assinados pelo correspondente Jonathan Wheatley, são parte de uma série sobre "as ramificações globais da crise financeira". O efeito principal seria uma redução no crescimento econômico experimentado pelo Brasil, o que contribuiria para reduzir as pressões inflacionárias.
Por Manoel Castanho (*)
Duas reportagens publicadas hoje (25) pelo jornal Financial Times sugerem que os efeitos da crise econômica iniciada nos Estados Unidos podem ser benéficos para o Brasil. Os textos, assinados pelo correspondente Jonathan Wheatley, são parte de uma série sobre "as ramificações globais da crise financeira". O efeito principal seria uma redução no crescimento econômico experimentado pelo Brasil, o que contribuiria para reduzir as pressões inflacionárias.
"Desta vez é diferente, pelo menos até agora", começa a matéria. "O Brasil espera um resfriado leve, mas nada sério", publica o jornal, fazendo referência ao dito de que "quando os mercados financeiros americanos espirram, a América Latina pega uma gripe".
A reportagem continua dizendo que o Brasil não está descolado do resto do mundo, mas confia em suas reservas internacionais (US$ 200 bilhões) para suportar uma possível saída de capitais como as ocorridas em 1997 (crise asiática) e 1998 (crise russa). Neste ano, mais de US$ 9 bilhões já deixaram o país para cobrir perdas dos investidores em outros lugares.
"Mais do que isso, a crise do crédito pode ter vindo num bom momento, potencialmente ajudando a desaquecer a economia sem que o crescimento fique abaixo do potencial do país", afirma a matéria, lembrando que a economia do país enfrentava um período de superaquecimento.
Economistas consultados pelo correspondente do Financial Times afirmam que o crescimento do país deve cair de 5,4% neste ano para 3,5% em 2009. Como comparação, é esperado que o crescimento global seja de 1% no ano que vem. Isto poderia ser refletido na taxa de juros, que vem sofrendo sucessivos aumentos em 2008.
O jornal ainda cita a popularidade do presidente Lula, que "diferentemente de seus pares do mundo desenvolvido", está "surfando numa onda de popularidade", com 78% de aprovação.
Mas algumas preocupações antigas também são mencionadas na matéria. "A política fiscal continua sendo extremamente expansionista, alimentando a inflação", comenta Wheatley. E outro economista consultado afirma que "o governo não vê o gasto público como um fator que alimenta a inflação, mas sim como algo que contribui para o crescimento".
(*) Jornalista do COFECON
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http://www.cofecon.org.br/index.php?option=com_content&task=view&id=1561&Itemid=1
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