Não é de hoje que as Potências Internacionais manifestam um interesse particular pela rica região da Amazónia, cuja maior fatia pertence ao Brasil, correspondendo a cerca de 60% do seu território. Nos finais do Século XVIII e no seguinte, pesquisadores estrangeiros, disfarçados de missionários protestantes e evangélicos, internavam-se na mata tropical e contactavam os povos autóctones tendo em vista o levantamento das riquezas naturais, incluindo as de origem mineral.
Agora que estas estão mapeadas e avaliadas em triliões e triliões de dólares, a saga se faz de forma mais limpa, longe da terrível sucuri e da voraz piranha ou do inclemente mosquito portador de muitas febres.
Faz-se sob a acção de OnGs (Organizações não Governamentais), patrocinadas praticamente pelas mesmas potências, apenas com mais refinamento ideológico e mais dinheiro. Tais grupos de pressão, sob a capa da necessidade de preservação do chamado pulmão do planeta, que não passa de um mito na opinião de ambientalistas como Bjorn Lomborg, procuram alterar o estatuto de soberania da região em favor dos grandes interesses económicos que representam.
Antes, fizeram-no em nome da pseudo evangelização do ímpio indígena; hoje, voltam a evocá-lo, porém com um subtil detalhe, não mais para convertê-lo à Fé Cristã, mas mobilizando-o para o direito inalienável, muito discutível, a uma pátria livre e independente da tutela colonial, como se o Brasil não fosse a sua pátria. Claro, fazem-no com os olhos postos na imensa riqueza natural que está sob os pés do nativo que continuam a enganar com falsas promessas e sonhos de índio de cavalo sentado
A táctica é óbvia e velha como o pai Adão, dividir para reinar, melhor, para usurpar. Mas nada melhor para dissimular tão ardilosa cobiça alienígena que se afirmar, no Areópago Internacional, como campeão da ecologia amazónica Nada mais enganador, como veremos adiante.
Incrivelmente a influência das OnGs se desenvolve no terreno sem praticamente qualquer obstáculo da parte do Governo Brasileiro, com tais privilégios que nem aos nacionais são permitidos, conseguindo inclusive influenciá-lo. Veja-se a recente declaração atrabiliária da Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que fez eco das preocupações ambientais veiculadas pela OnG Friends of the Earth, uma organização ambientalista internacional, com delegações em praticamente todos os países Ocidentais.
Declarou nomeadamente que O que está acontecendo é uma rapina. Mais de 70% dos desmatamentos foram para a formação de pastos para a pecuária. Omitiu deliberadamente o facto que as áreas de expansão pecuarista se fazem sobretudo em zonas de savana, não tendo propriamente a ver com novos arroteamentos da floresta tropical. Numa situação de denúncia internacional, a primeira coisa a considerar como membro de um governo soberano, quanto a nós, seria verificar a legitimidade de tal facto, sobretudo quando se suspeita das motivações ideológicas ocultas dos seus agentes, que mais visam interesses económicos e políticos estranhos ao Brasil, nomeadamente a protecção enviesada dos mercados de produção de carne bovina, europeu e norte-americano.
Todo o ruído ambientalista contra a expansão agropecuária na Amazónia tem como referência um dossier, O Reino do Gado, patrocinado financeiramente pela União Europeia, que, não por caso, ditou recentemente limites à importação de carne bovina de origem brasileira, justificando a medida com o receio da brucelose. Até parece que o gado europeu não sofre de vez enquanto do mesmo mal e nós sabemos lá que leite ou queijo bebemos ou comemos. Ah, a segurança alimentar é assegurada pelo rótulo e a marca deixem-nos rir Na verdade as razões são outras: seguramente há razões políticas e económicas envolvidas na decisão, afirmou o Vice-presidente da Comissão da Agricultura do Parlamento Europeu, Friedrich-Wilhelm Baringdorf. Lapidar! Não esquecer que a redução administrativa da oferta proporciona o necessário aumento dos preços ao consumidor, sobretudo quando no mercado importador o Estado procura se desvincular de subsídios à produção, como está acontecendo na Europa Comunitária. Há muitas formas de matar pulgas e neste caso, que não é de pulgas mas de carne bovina, é mais que evidente
Compreende-se a cobiça das Grandes Potências Económicas sobre a Amazónia, as quais controlam o mercado mundial das commodities, sobretudo as não renováveis, fundamentais à indústria de ponta. A Amazónia, uma enorme região, onde cabe a Europa Ocidental e sobra espaço, encontram-se reservas abundantes de nióbio, manganés, ferro, alumínio, crómio, urânio, ouro, prata, diamantes, petróleo e gás natural, algumas das quais, as maiores do planeta.
Daí que não estranhemos que nos anos 80, tenha surgido um manual de geografia, da autoria de um tal de David Norman, da escola norte-americana Júnior Highschool, em que essa rica região aparece como uma Reserva Internacional da Floresta Amazónica sob a sigla PRINFA. O pretexto declarado é a preservação da sua vasta floresta tropical e da biodiversidade que lhe está associada. Mais, a dado passo daquele livro, o autor justifica a reserva ecológica da Amazónia face à vizinhança de povos corruptos e primitivos, inábeis na conservação da Natureza, uma espécie de caricatura arrogante do Destino Manifesto dos portugueses na sua época de glória da expansão marítima dos Séculos XV e XVI. Se atendermos ao potencial do subsolo amazónico e à tradição predatória dos países industrializados, com os USA à cabeça, a preocupação ecológica é apenas um pano de fundo
A devastação que causaram nos seus próprios territórios na era da 1ª. Revolução Industrial, vão certamente repeti-la na Amazónia e talvez com mais intensidade, já que não têm nenhuma obrigação social com o povo brasileiro da região. Daí que também não estranhemos que as palavras de alguns líderes políticos, dos dois lados do Atlântico, se façam com a desfaçatez de quem sabe ao que vai.
Em 1992, por exemplo, John Major, ex-1º. Ministro Britânico, declarava que As Nações desenvolvidas devem estender o domínio da lei ao que é comum de todos no Mundo. As campanhas ecológicas internacionais sobre a Região Amazónica estão deixando a fase operativa que pode definitivamente abrir caminho a intervenções militares directas sobre a Região. Henri Kissingir, ex-Secretário de Estado da Casa Branca, por sua vez, em 1994, afirmava que Os países industrializados não poderão viver da maneira como existiram até hoje se não tiverem à sua disposição os recursos naturais não renováveis do planeta. Terão que montar um sistema de pressões e constrangimentos que garantam a consecução de seus intentos. Ambas declarações se completam, ainda que com ordem inversa Tudo indica que estamos ainda na fase do marketing político ideológico
Mas caso este falhe, o Establishment Internacional do Capital Financeiro e Industrial já decidiu: mandará avançar a sua Tropa de Elite para assegurar a depredação anunciada. Aí adeus às boas intenções daqueles que supõem haver na Amazónia apenas um problema ecológico.
Artur Rosa Teixeira
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