Blairo Maggi: “Carne brasileira enfrenta forte competitividade no mercado”

Blairo Maggi, o governador regressou da viagem pela Rússia e Europa impressionado de como alguns produtos brasileiros, principalmente a carne, são vistos lá fora. "Cabe ao Brasil fiscalizar rigorosamente cada passo empreendido no setor de exportação", disse Maggi na coletiva à imprensa, no Palácio Paiaguás, na manhã de ontem, segundo a Varzea-Grandense. .

Na sua interpretação, prevalece, perante os europeus, uma grande desconfiança em relação à carne que o Brasil exporta, baseando-se em informações desencontradas e inconsistentes, a maioria delas 'plantadas' propositalmente, fundamentadas na sede competitiva do mercado competidor'. O enfrentamento de mercado é forte. Mas nós fomos até lá com a finalidade de visitar e conhecer as pessoas para quem exportamos nossos produtos e das quais também recebemos mercadorias. Uma típica viagem de relações públicas, marketing. Não tivemos nenhuma pauta específica. Apenas representamos o governo mato-grossense. Foi uma viagem coroada de sucesso, pois levantamos parte do que de fato tem acontecido".

As embaixadas brasileiras conhecem esses problemas muito bem, que têm se munidos de informações diversas para contorná-los dentro do possível, assegurou o governador: "Isso tem possibilitado uma ampla defesa do negócio brasileiro (exportação). Também foi bom perceber que dá para 'andar de carona' com algumas ações viabilizadas pelo governo federal no exterior. As viagens se tornam assim mais fáceis e menos onerosas. Sem falar que há uma maior possibilidade de as soluções serem buscadas conjuntamente, em grupo, com as pessoas certas".

Missão européia em MT

Maggi declarou que uma missão européia estará aportando em Mato Grosso para fiscalizar o segmento bovinocultor e suíno. "Eles vêm com a determinação de levantar o que está em desacordo com seus procedimentos. Disso surgirá um relatório oficial, prometeram. Temos que nos preparar, portanto".

O governador reconhece que o Estado de MT, particularmente, ainda carece de uma estrutura compatível com as expectativas de exportação. "Precisamos melhorar a infra-estrutura, estradas e ferrovia. Condições existem para que isto aconteça. No geral, o Brasil inteiro está se modernizando. Vem criando mecanismos seguros à exportação".

Uma das informações sem fundamento vigente em território europeu, segundo rememorou, é de que parte da Europa acredita piamente que, de 2003 para cá, foram desmatados 73 mil quilômetros quadrados de área para plantio de soja. "Eis uma informação inconsistente: como poderíamos ter desmatado essa quantidade, se contamos com somente 50 mil quilômetros quadrados?"

Os integrantes da missão brasileira (MT, MS, PR, Ministério da Agricultura/Embrapa) tiveram acesso a um documento em que é mostrado, claramente, que a soja é contra a vida. "É o que propagam abertamente na Europa.

Exigências

Nos últimos 10 anos, conforme o governador, a comunidade européia vem fazendo uma série de exigências que sempre dificultam o trabalho exportador. A preocupação de Maggi é de que seja elaborado um relatório (pelas respectivas missões) que reforce ainda mais a imagem negativa que vêm tentando imprimir consecutivamente à carne exportada pelo Brasil. "Se o relatório deles constar uma vírgula que esteja em desacordo com suas exigências, aí é problema".

Parafraseando o que denomina de postura contraditória, Blairo disse: "É aquele velho ditado: façam o que digo, e não o que faço". Percebe-se assim claramente (via Parlamento), assinalou o governador, a defesa intransigente que fazem dos interesses dos paises europeus. O que sempre se reflete no Parlamento, pois existe a preocupação de que estejamos fazendo coisas não transparentes:

"Daí que surgiu o mencionado dossiê - que realmente objetiva denegrir a imagem do Brasil, simultaneamente à decisão de enviar uma Comissão Européia para ver o que tem de errado por aqui, não as coisas certas, com as quais trabalhamos. Temos que tomar muito cuidado, pois a questão comercial da exportação está em jogo".

Centro de imagens

Ainda que esse grupo brasileiro que aportou na Rússia/Europa tivesse agendado apenas uma visita de cordialidade, foi assinado um termo de acordo com os europeus para abertura de um Centro de Imagens, que possibilitará um monitoramento brasileiro criterioso acerca do controle da safra e do desmatamento. As imagens de 2007 já estarão disponibilizadas gratuitamente.

O governador visitou também uma universidade da Holanda, participando, durante todo o dia, de um evento da instituição. "Percebemos, nas discussões que enfocaram a amplitude das questões ligadas ao meio ambiente, a importância de cada notícia sobre tal assunto. Na realidade, num outro aspecto interligado, a Holanda faz é forte pressão para que o Brasil se retire do cenário exportador de carne. Suas exigências são gradualmente complexas, mas estamos conseguindo atender. É uma pressão muito grande".

Em futuro até breve, preconizou Maggi, um dos embates brasileiros com os países europeus será centralizado na questão da proteína animal. "Espaço para ofertar um crescimento nós dispomos. É apenas uma questão de buscar fortalecer a estrutura vigente, ampliando-a de acordo com as demandas que começam a ser registradas".

O governador afirmou que adorou conhecer a Rússia, Moscou. "Trata-se de uma cidade linda de dia e, à noite, mais linda, ainda. A comida deles é bem parecida com a nossa, à exceção do frio, em torno de 3° graus abaixo de zero. Chega a 30º, em algumas ocasiões". Ele acrescentou que os governos Russo e brasileiro querem estar mais próximos".

Blairo também visitou uma espécie de Centro de Eventos da Alemanha. "Deve dar uns 30 Centro de Eventos do Pantanal. É enorme e imponente". Disse ter gostado de comprovar que o Brasil e Mato Grosso estavam igualmente nesse evento, bem representados. "Vi por lá empresários de Santa Catarina e Rio Grande do Sul vendendo balas e gomas de mascar. A pauta de exportação brasileira é realmente expressiva".

Uma de suas sugestões é para que também os produtores ("aqueles da ponta") conheçam de perto a procura e destinação da sua produção. "Decidimos fomentar a participação de produtores em feiras semelhantes. Isto vai oportunizar conhecer a força produtiva do seu trabalho".

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Author`s name Derio Nunes