Renan Calheiros apresentou ontem (28) no Senado os documentos para negar a revelação feita pela revista Veja, de que as despesas pessoais com a pensão e a moradia da filha com a jornalista Mônica Veloso eram bancadas pelo lobista Cláudio Gontijo, da construtora Mendes Júnior. Renan disse que pediu a um amigo para intermediar o apoio à jornalista. O amigo a que se refere é o lobista Cláudio Gontijo, que presta serviço como assessor especial da Mendes Júnior, uma das maiores construtoras do País. Renan afirmou que a partir daí passou a pagar uma pensão de R$ 3 mil mensais. O valor, no entanto, é inferior ao apresentado pela reportagem.
"Estou aqui para mostrar, provar, reiterar o que se trata de uma questão pessoal. Ninguém teria outro sentimento ao se ver constrangido na sua privacidade. (Questão essa) que só se deveria fazer no confessionário para pedir perdão e fazer penitência. Infelizmente, minha defesa será aqui", declarou, no início do seu pronunciamento.
Ele pediu desculpas à mulher Verônica e aos filhos, que, segundo anunciou, estavam presentes ao plenário do Senado. "Confesso que tive uma relação em que tive uma filha. Em casos não programados, episódios como esse geram contendas que terminam na vara de família", afirmou.
Com estes explicações ele conseguiu convencer alguns parlamentares. O líder do PMDB no Senado, Valdir Raupp (RO), disse que as palavras de Renan "encerram o assunto" sobre as denúncias. "Se todos os senadores se convenceram, não tem porque discutir isso aqui. Só ia fazer (o Renan) sofrer mais. Vamos discutir outros assuntos na bancada do PMDB", disse. Mas para o corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), as explicações do presidente do Congresso não encerraram o assunto.
"Preliminarmente, estou convencido. Mas vou fazer uma investigação nos documentos e apresentar um relatório que será encaminhado à Mesa do Senado e ao Conselho de Ética", disse o senador Tuma. Os dados dos documentos do presidente do Congresso não batem com os que foram apresentados pela reportagem da revista que está nas bancas. E ainda deixam em aberto outras questões envolvendo sua relação com alguns dos presos no escândalo da máfia das obras.
A reportagem da Veja diz que Gontijo pagava para Renan a pensão mensal de R$ 12 mil para a filha fora do casamento e o aluguel do apartamento onde ela vivia com a mãe, Mônica Veloso, no valor de R$ 4,5 mil - totalizando gastos mensais de R$ 16,5 mil. Nos documentos apresentados hoje por Renan, nenhum valor diz respeito ao período anterior ao reconhecimento da filha - do início de 2004 até novembro de 2005. O senador não entregou nenhum documento que garanta que os recursos que foram repassados à jornalista nesse período tenham sido, de fato, pagos com recursos próprios.
Com agências
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