O Partido Ecologista Os Verdes repudia veementemente a decisão do Ministério das Obras Públicas, conhecida hoje, de não tornar públicos os relatórios da REFER e do Instituto Nacional de Transporte Ferroviário, relativos ao acidente na Linha do Tua, caso esta informação venha a confirmar-se.
Para Os Verdes, tal atitude, que contraria o que se faz a nível internacional e a transparência a que os cidadãos têm direito em matéria de segurança ferroviária, é demonstrativa de que algo há a esconder. Aliás, o Governo tem sido parco nos esclarecimentos sobre esta matéria. Os Verdes relembram que, logo após o acidente, pretenderam chamar o Ministro das Obras Públicas à comissão parlamentar, mas essa vinda foi inviabilizada pelos deputados socialistas.
Os Verdes relembram também que há um velho ditado popular que diz quem não deve, não teme, o que nos leva a concluir que o governo deve estar em dívida para com a segurança ferroviária e, por isso, tanto teme responder sobre ela.
EM ANEXO: Requerimentos entregues hoje na Assembleia da República sobre esta matéria, dirigidos ao Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações
REQUERIMENTO Nº /X
4 de Abril de 2007
Assunto: Plano de Investimentos na Linha do Tua
Apresentado por: Deputado Francisco Madeira Lopes (PEV)
Exmo. Senhor Presidente da Assembleia da República,
Durante a sessão de perguntas ao Governo de âmbito geral decorrida no
passado dia 16 de Março em Plenário da Assembleia da República, à pergunta
sobre o futuro da linha ferroviária do Tua, sua modernização e investimento em
medidas de segurança, não apenas naquela linha mas em toda a rede
ferroviária nacional, a Sra. Secretária de Estado dos Transportes, apesar, de
forma contraditória, de ter admitido, por um lado, a possibilidade do
encerramento a prazo daquele eixo viário fundamental para o desenvolvimento
de toda aquela região, por outro, referiu que estaria previsto o investimento de
538 milhões de euros para 2007, 721 milhões em 2008 e 741 milhões em 2009.
Contudo, não referiu em que medidas nem quando é que serão aplicadas
essas verbas, tendo-se disponibilizando, porém, a fornecer por escrito todos os
elementos.
Atendendo a que a segurança ferroviária não depende apenas do bom estado
das estruturas metálicas, obras de arte, catenárias, travessas, carris, entre
outras, que compõem a linha ou o caminho de ferro propriamente dito, mas
depende também e em primeiro lugar da estabilidade e segurança geológica do
espaço canal da linha, do aterro onde está implantada e de toda a sua
envolvente geomorfológica (mormente nas linhas de montanha), dos taludes e
encostas adjacentes, segurança essa que não é possível assegurar sem
inspecções regulares, realizadas por pessoal competente equipado com o
material adequado e sem as respectivas intervenções e obras de consolidação;
Atendendo a que a inexistência de sensores de linha que permitam identificar
objectos estranhos que possam trazer perigo para a circulação de material
circulante, funcionários e passageiros, ajudando assim a acautelar acidentes;
Atendendo a que existe uma manifesta carência de meios técnicos e recursos
humanos na fiscalização das nossas linhas, dispondo a REFER apenas de dois
geólogos para todo o país;
Solicito, ao abrigo das disposições constitucionais e regimentais aplicáveis, a
V. Exa. o Presidente da Assembleia da República que remeta ao Governo o
presente requerimento, para que o Ministério das Obras Públicas,
Transportes e Comunicações me possa prestar os seguintes
esclarecimentos:
1. Em que acções, estudos, obras ou intervenções se prevê investir as
referidas verbas, em cada ano, na linha do Tua?
2. Serão levadas a cabo intervenções de consolidação do aterro, e das
vertentes, encostas ou taludes?
3. Serão instalados sensores de linhas capazes de detectar objectos estranhos
ou o aluimento de terras e pedras que possam pôr em perigo a circulação na
Linha do Tua?
4. Será efectuado o levantamento das condições reais dos taludes no que
respeita ao risco de desmoronamento de pedras e terras?
5. Que novos técnicos entrarão ao serviço da REFER e que alterações
orgânicas foram feitas para reforçar as suas competências em matéria de
segurança, de monitorização e de fiscalização?
6. Qual o plano de financiamento, acções e medidas e respectiva
calendarização dos investimentos anunciados para 2007, 2008 e 2009?
O Deputado
(Francisco Madeira Lopes)
REQUERIMENTO Nº /X
4 de Abril de 2007
Assunto: Relatórios sobre o acidente da Linha do Tua
Apresentado por: Deputado Francisco Madeira Lopes (PEV)
Exmo. Senhor Presidente da Assembleia da República,
O Partido Ecologista Os Verdes tem vindo em a exigir respostas claras quer
em relação ao lamentável acidente ocorrido na Linha Férrea do Tua, quer em
relação às intenções do Governo para o futuro daquele eixo viário fundamental
e estruturante do desenvolvimento, transporte e comunicação daquela região.
Nesse sentido, O Grupo Parlamentar Os Verdes solicitou a vinda do Sr.
Ministro das Obras Públicas à Comissão Parlamentar competente para prestar
esclarecimentos, o que foi inviabilizado pelo Partido Socialista, solicitou
esclarecimentos no debate mensal de Fevereiro com o Primeiro-Ministro e no
passado dia 16 de Março, em Plenário da Assembleia da República, durante a
sessão de perguntas ao Governo de âmbito geral, voltou a colocar a questão
do futuro da linha ferroviária do Tua à Sra. Secretária de Estado dos
Transportes, Ana Paula Vitorino, que se escusou a dar mais pormenores
afirmando que os relatórios dos inquéritos a decorrer (pela REFER e pelo INTF
Instituto Nacional do Transporte Ferroviário) estariam terminados em 20 de
Março.
No dia 26 de Março último soubemos, apenas pela Comunicação Social, que o
Governo anunciou através de comunicado (indisponível no site do Ministério),
onde apenas se revelaria um resumo dos dois relatórios, que apontarão para
um desmoronamento de terras e pedras de grande dimensão que se terão
desprendido da trincheira do lado direito, como a causa do referido acidente.
Entretanto o Público noticiou hoje que o Ministério das Obras Públicas
Transportes e Comunicações não vai tornar públicos os relatórios da REFER e
do Instituto Nacional do Transporte Ferroviário ao acidente do Tua, ao arrepio,
aliás, daquelas que são as práticas correntes a nível internacional, revelando
uma inadmissível e extremamente preocupante falta de transparência!
Assim, solicito, ao abrigo das disposições constitucionais e regimentais
aplicáveis, a V. Exa. o Presidente da Assembleia da República que remeta ao
Governo o presente requerimento, para que o Ministério das Obras Públicas,
Transportes e Comunicações me possa prestar os seguintes
esclarecimentos:
1. Porque razão o referido comunicado de 26 de Março, através do qual o
Ministério deu notícia do resultado (com resumo) dos relatórios referidos, não
foi enviado à Assembleia da República nem sequer está publicado na íntegra?
2. Porque razão não torna o Ministério públicos os resultados e o conteúdo
integral dos relatórios em causa?
3. O que é que tem o Ministério a esconder ou a recear ou o que é que
pretende acautelar com essa postura?
Finalmente, requeiro o envio dos referidos relatórios, na sua versão integral, a
fim de poder exercer cabalmente a minha actividade de fiscalização do
mandato do Governo para a qual foi eleito.
O Deputado
(Francisco Madeira Lopes)Subscrever Pravda Telegram channel, Facebook, Twitter