José de Sousa, antigo líder do Partido Comunista Português, grande figura do sindicalismo e da resistência anti-fascista em Portugal, vai ser, finalmente, homenageado, por ocasião do 40º aniversário da sua morte.
Os historiadores José Pacheco Pereira, Fernando Rosas e Francisco Canais Rocha serão alguns dos intervenientes. Juntamente com Carlos Carvalho, dirigente da CGTP-IN, Manuel Canaveira de Campos, presidente do Instituto António Sérgio do Sector Cooperativo, Edmundo Pedro, antigo companheiro de cárcere de José de Sousa no Campo de Concentração do Tarrafal, e Eugénio Mota e José Hipólito dos Santos, antigos companheiros do homenageado no movimento cooperativista.
Nos dias 13 e 20, em Lisboa, na Biblioteca-Museu República e Resistência (dois sábados, em ambos às 16 horas).
Nascido em 1898, o operário metalúrgico José de Sousa destacou-se ainda durante o regime da 1ª República portuguesa - particularmente repressivo em relação à classe operária. Preso por actividade sindical pela primeira vez aos 19 anos, José de Sousa foi secretário-geral das Juventudes Sindicalistas (da Confederação Geral dos Trabalhadores, central sindical de tendência anarco-sindicalista).
José de Sousa foi depois, em 1921, o fundador e primeiro secretário-geral da Federação das Juventudes Comunistas Portuguesas, do então recém fundado Partido Comunista Português.
Foi, a par do secretário-geral Bento Gonçalves, o grande obreiro da reorganização de 1929 do PCP, que lançou este partido na resistência clandestina contra a ditadura fascista inaugurada em 1926. E que permitiu que fosse o único partido vindo da 1ª República a sobreviver à ditadura. Com a primeira prisão de Bento Gonçalves, em 1930/3, assumiu a liderança do partido. Foi a altura em que surgiu o jornal Avante, órgão central do PCP e símbolo da resistência anti-fascista em Portugal.
Entretanto, em 1930, é o fundador e secretário-geral de uma nova central sindical, de tendência comunista, a Comissão Inter-sindical. Desempenhando um importante papel na organização e direcção de importantes estruturas de trabalhadores como a Federação Nacional dos Trabalhadores dos Transportes ou o Sindicatos dos Operários da Indústria Vidreira da Marinha Grande.
Foi um dos líderes da revolta operária de 18 de Janeiro de 1934.
Preso juntamente com Bento Gonçalves, em 1935, foi brutalmente torturado e um dos primeiros presos do Campo de Concetração do Tarrafal, onde passou cerca de 9 anos.
Ainda estava preso quando, já depois da morte de Bento Gonçalves no Tarrafal, quando foi expulso do PCP por divergências políticas marcadas pelas suas críticas a Estaline. Mas nunca abandonou as suas convicções comunistas nem deixou de lutar contra a ditadura fascista.
Tentou criar um novo partido operário de resistência à ditadura, quer através de um recuperação do velho Partido Socialista Português, quer através de um novo Partido Social Operário.
Foi, ao lado de António Sérgio, o grande organizador do movimento cooperativista, particularmente do Ateneu Cooperativo - um espaço de oposição à ditadura que reuniu comunistas, socialistas, anarquistas e outros resistentes.
Falecido ainda antes da queda da ditadura, em 1967, José de Sousa ficou praticamente apagado da história. Uma injustiça a reparar!
Luís de Carvalho
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