O Presidente da República, Cavaco Silva, defendeu esta terça-feira o «potencial imenso» de uma «concertação de posições» entre Portugal e Espanha no seio da União Europeia, uma forma de «fazer valer» os interesses dos dois países
«A concertação de posições na União Europeia, sempre que estejam em causa interesses comuns, deve continuar a ser apanágio do relacionamento entre os nossos países», disse Cavaco Silva, num almoço no Palácio da Moncloa oferecido em sua homenagem pelo primeiro-ministro espanhol, José Luis Rodriguez Zapatero. Portugal e Espanha, que têm «uma base de relacionamento» que lhes permite serem «ambiciosos quanto ao futuro». «Só têm a ganhar se explorarem as sinergias que resultam de projectos comuns», afirmou.
De resto, o Chefe de Estado advogou que a União Europeia «beneficiou muito com a adesão de Espanha e de Portugal», tal como os dois países ibéricos também «muito devem à integração europeia». A um ano de Portugal assumir a presidência portuguesa da União Europeia, no segundo semestre de 2007, o Presidente da República defendeu ainda que a questão da imigração ilegal merece «uma resposta europeia», que atenda também ao «desenvolvimento económico e social dos países de onde provêm» as «massas de deserdados» que procuram a Europa.
Cavaco Silva voltou a lembrar o bom momento das relações entre os dois países nos planos económico, cultural ou no domínio da ciência e tecnologia. O primeiro-ministro espanhol manifestou, por seu turno, «grande confiança» na próxima presidência portuguesa da União, tanto mais que Portugal e Espanha, unidos por «uma fronteira praticamente virtual»: «Partilham a mesma visão sobre os desafios que a Europa enfrenta.»
Antes, ao presidir à sessão de encerramento do encontro COTEC (associaç ões empresariais que têm como missão promover o aumento da competitividade das empresas e da inovação) Portugal-Espanha, Cavaco Silva quis sublinhar a sua «mensagem de apoio aos empreendedores» e a necessidade de eliminar os obstáculos que os constrangem. «É minha convicção que, nestes tempos de viragem, devemos difundir uma mensagem de apoio aos empreendedores. Devemos reconhecer o seu mérito - e retira r as muitas barreiras que tantas vezes desencorajam os seus investimentos e as suas iniciativas», afirmou, considerando que «a Europa precisa de fortalecer a sua cultura empreendedora».
Para Cavaco Silva, tal passa por «estimular e premiar os valores do trabalho, do esforço e do mérito», além dos da «ousadia, capacidade de risco e de iniciativa», uma mudança «cultural» que, em seu entender, deve ser feita. «Ter ambição é positivo, vale a pena arriscar, vale a pena abrir novos caminhos, agarrar o destino com ambas as mãos, pensar a vida «por conta própria» , afirmou.
Ao mesmo tempo, salientou, é necessário «combinar inovação tecnológica e empreendedorismo» e apostar na «transformação do potencial científico e tecnológico em inovação geradora de novos negócios viáveis». Este, acrescentou, é «o grande desafio da Europa»: «Não se trata apenas de um requisito da Estratégia de Lisboa; trata-se de uma condição indispensável para a sobrevivência económica europeia num mundo globalizado», disse.
Perante uma plateia de empresários portugueses e espanhóis, Cavaco Silva transmitiu a imagem do «Portugal do Século XXI»: «Um País empreendedor, confiante em si próprio, capaz de desmultiplicar centros de criatividade científica e empresarial, de se afirmar como um país de oportunidades.»
A visita de Cavaco Silva a Espanha, como nota "Visão Online", prossegue à tarde com uma visita ao Congresso dos Deputados, onde intervém perante o plenário reunido, recebendo depois no Palácio do Pardo (onde está alojado durante a sua visita a Espanha) o líder da oposição espanhola, o presidente do PP, Mariano Rajoy. O segundo dia da visita de Estado a Espanha, que se conclui na quinta-feira nas Astúrias, termina com um banquete de retribuição oferecido pelo Presidente da República aos Reis de Espanha. Na terça-feira de manhã, o Presidente da República, Cavaco Silva, homenageara, em Madrid, as vítimas dos atentados terroristas de 11 de Março de 2004, enaltecendo a resposta dos madrilenos desde então e a «grandeza dos valores que são alicerce da democracia».
«Quis, nesta minha visita, prestar o meu tributo às vítimas dos atentados terroristas de 11 de Março e, através delas, às vítimas do terrorismo. Quis, também, que essa homenagem abrangesse todos quantos, em Madrid, pela força do seu exemplo nessa hora difícil, nos fizeram acreditar na grandeza dos valores que são alicerce da democracia», disse, antes de visitar o memorial do Retiro, na capital espanhola.
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