Brasil: Seminário Guarapiranga 2006

Evento reúne, em três dias de imersão total, especialistas e representantes de diversos setores sociais para apontar estratégias de recuperação e preservação da região da Guarapiranga, manancial que abastece quase quatro milhões de pessoas na Grande São Paulo. Na quinta-feira, 1 de junho, uma coletiva de impresa será concedida para a apresentação dos principais resultados.

A atual situação da represa Guarapiranga e as perspectivas de futuro para o manancial estão no foco do Seminário Guarapiranga 2006, evento que ocorre de 30 de maio a 1 de junho, antes do abraço simbólico que a represa vai receber da população da cidade em comemoração a seu centenário. O Seminário Guarapiranga 2006 é fruto de uma inédita articulação entre diferentes atores sociais e vai reunir alguns dos principais especialistas em gestão ambiental, recursos hídricos e urbanismo, entre outras áreas, durante três dias de imersão total, para obter um conjunto de propostas e uma carta de princípios que garantam o futuro da represa como manancial produtor de água com qualidade para o abastecimento público.

O evento, restrito a convidados, vai colocar em contato quase duas centenas de pessoas, entre representantes da comunidade científica e acadêmica, de organizações governamentais e não-governamentais, da comunidade empresarial e de movimentos sociais, além de moradores dos sete municípios inseridos na bacia hidrográfica e das áreas abastecidas pela represa.

O Seminário Guarapiranga 2006 também vai produzir mapas e um banco de dados com informações sobre qualidade da água, expansão urbana, serviço ambiental das áreas preservadas, atividades econômicas, investimentos e intervenções previstas, situações de risco e degradação socioambiental, entre outras questões. Os principais resultados do seminário serão apresentados em uma entrevista coletiva agendada para o dia 01/06, às 15:00 horas, reunindo alguns dos principais especialistas e autoridades da região.

Um manancial ameaçado 

A bacia da Guarapiranga ocupa uma área de 63.911 hectares e produz 14 mil litros de água por segundo, sendo responsável pelo abastecimento de 3,7 milhões de pessoas residentes na região sudoeste da Grande São Paulo. Seu território, contudo, vem sendo alterado de forma descontrolada, o que pode impedir que o manancial continue a produzir água com qualidade para o abastecimento público.

Atualmente 42% da área da bacia sofrem algum tipo de intervenção humana, como a abertura de pastagens, lavouras, minerações e movimentações de terra. São estas intervenções que dão origem aos núcleos habitacionais que se adensam – muitas vezes em locais proibidos ou perigosos, como encostas ou perto de corpos d' água.

Nem as áreas de preservação estão sendo poupadas: 37% das Áreas de Proteção Permanente (APPs) inseridas na bacia estão invadidas ou ocupadas. A vegetação nativa, por sua vez, fundamental para produção de água com qualidade, foi reduzida a pouco mais de um terço da área total da bacia.

Este processo de ocupação fez com que a população residente na bacia aumentasse em 210 mil pessoas no período de 1991 a 2000 (um aumento de quase 40%). Dados do IBGE dão conta de que 776 mil pessoas viviam na bacia da Guarapiranga em 2000. Pouco mais da metade dessa população (53.9%) tem rede de esgoto instalada em suas residências. Acontece que as redes existentes, por falta de investimentos, continuam despejando o esgoto na represa.

O Seminário Guarapiranga 2006 é organizado pelo Instituto Socioambiental (ISA), que há dez anos trabalha com a questão dos mananciais de São Paulo, produzindo e atualizando diagnósticos socioambientais participativos, realizando seminários para a proposição de ações de recuperação e conservação, acompanhando e propondo políticas públicas e promovendo campanhas e ações de mobilização da sociedade. O primeiro diagnóstico socioambiental sobre a Guarapiranga foi lançado pelo ISA em 1996, e seus dados estão atualizados na publicação GUARAPIRANGA 2005 – Como e por que São Paulo está perdendo este manancial, lançada em março deste ano.

Mais informações: 11 3660-7949 (ramais 7925 ou 7942), com Bruno Weis ou Inês Zanchetta (assessoria de imprensa do ISA).

Fonte: www.socioambiental.org

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey