Violência em SP- "Caos da sociedade brasileira"
A nação brasileira assiste perplexa aos episódios de violência que vêm ocorrendo em São Paulo e espera urgentemente, por parte das autoridades constituídas, uma solução satisfatória não só para essa 'guerra' pontual instalada na cidade, mas para o complexo problema da segurança pública que acomete todo o país.
Luciana Genro analisou essa questão, na quarta-feira 17, em pronunciamento no Plenário:
"Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Brasil viu o Estado de São Paulo transformar-se na expressão viva do caos social instalado em todo o País. As declarações do Governador Cláudio Lembo, dizendo que tudo estava sob controle, enquanto aconteciam mortes, atentados, ônibus incendiados, reflete o distanciamento dos partidos e dos políticos, pelo menos da maioria, da realidade social em que vive o País.
Não é casual que os grandes Líderes do PT e do PSDB não estão se acusando mutuamente pelo que ocorre em São Paulo. Na verdade todos são responsáveis. O caos e a crise da segurança pública que vive o Brasil - essa crise é no País como um todo e se expressa na segurança pública ou na falta de segurança de forma aguda - é de responsabilidade dos governos que sucessivamente comandaram este País, particularmente o Estado de São Paulo, e não fizeram os investimentos necessários para prevenir esse tipo de situação que São Paulo está vivendo.
Que investimentos seriam esses? Em primeiro lugar, há necessidade de o Estado Brasileiro, como diz a Senadora Heloísa Helena, adotar nossos jovens antes que o narcotráfico o faça. Os jovens estão à mercê da sedução do narcotráfico como única possibilidade de ascensão social e material. Ao mesmo tempo, investimentos na segurança pública não têm sido feitos e o Governo Lula os reduziu nos últimos anos.
Agora, diante da crise, os partidos, os políticos reúnem-se como se tivessem soluções mágicas para o problema, quando não fizeram o dever de casa - investimentos sociais, desenvolvimento econômico, investimentos em segurança pública. O Governo Lula reduziu em 28% os investimentos, os repasses aos Estados por intermédio do Fundo Nacional de Segurança Pública e do Fundo Penitenciário Nacional.
As rebeliões nas cadeias acontecem não porque a maioria dos presos estão envolvidos no crime organizado, mas porque vivem em condições sub-humanas, dentro de cadeias superlotadas, são tratados como animais e, muitas vezes, acabam se comportando como tal.
Essa situação é resultado da política econômica, que necessita de superávit primário para atender a 20 mil famílias, que são as detentoras de 70% dos títulos da dívida pública brasileira e as únicas que se beneficiam do dinheiro público e dos impostos que o cidadão paga. Enquanto isso, a população fica à mercê do caos social.
Penhoro a solidariedade do PSOL às famílias das vítimas, aos policiais e aos demais que foram alvo dessa verdadeira guerra. A única saída para que a população tenha um mínimo de segurança e de estabilidade em suas vidas é a refundação da República, que está apodrecida. O crime organizado não está apenas nos presídios, mas nas instituições dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.
Nestas esferas de poder, o crime organizado é ainda mais perigoso e cruel para com a nossa população porque se apropria de instituições que deveriam representar o interesse público, mas que hoje representam exclusivamente o interesse dessas máfias organizadas dentro dos Poderes da República.
Muito obrigada!"
Luciana GENRO
Deputada PSOL
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