Capa e artigo de fundo recentes da revista Economist, fez-me lembrar de o quanto é ideológica e ensandecida a propaganda que se vê no ocidente contra o presidente Vladimir Putin da Rússia. Por mais que, sim, seja também manobra de vendas para aumentar a circulação da revista, como uma espécie de bom cartoon super polêmico, para atrair atenções para a página editorial, o fato de essa caricatura demoníaca ganhar capa já mostra, só ele, o quanto a mídia-empresa ocidental mainstream é institucionalizada e programada.
Os ocidentais amam insultar a mídia-empresa antiocidental, que seria, dizem eles, "órgãos partidários" e "porta-vozes do governo". Mas... por que viajar até tão longe? Podem ficar em casa, deixando-se enganar dia e noite pelo New York Times, pela Radio France e BBC [e pela BandNewsFM, Rádio BandNews, Rádio Jovem Pan, Rádio Estadão, Folha de S.Paulo, O Estado de S.Paulo e tal e tal e tal, no Brasil-2016 (ano 1º do Golpe)]. Só isso já oferece material mais do que suficiente para conhecer as operações psicológicas de guerra híbrida, saídas diretamente dos laboratórios de pesquisa pioneira de Edward Bernays no início do século, e que passam, até hoje, por jornalismo sério. Não por acaso, para mim, esses hábitos são "viver por trás da Grande Muralha Corta-fogo Ocidental".
Tenho um amigo cuja assinatura de email é "Culpa do Putin". Por algum tempo, ele trocou a assinatura para "Culpa da China". Mas não durou; recentemente, voltou à assinatura antiga. Como se viu, deprimentemente previsível, o presidente Putin especificamente, e a Rússia em geral são como bonecos do vudu, de espetar com agulhas, dos quais se serve oracismo ocidental para demonizar outros povos (eslavos) e outras religiões (cristãos ortodoxos, e também o Islã e o Budismo na Sibéria).
O mais notável é a fúria com que a propaganda racista ocidental psicopata ataca sempre Putin & Co., acentuadamente mais contida que os ataques contra o presidente da China Xi Jinping (XJP) e o povo chinês. A fúria ocidental psicopata contra russos e o presidente Putin já ultrapassou o medo irracional e já atinge hoje níveis de 'humor' macabro, pervertido, doentio.
Mas, sim: quem queira ver uma capa que gerou muita polêmica e que exibe imagem de XJP, apareceu na revista Time, em abril, 2016. Mas, convenhamos: mostrar o líder chinês como replicante à Blade Runner de Mao Tse Tung é moderado, quase elogioso, comparado ao tsunami orwelliano à Emmanuel Goldstein disparado sem parar contra Putin.
Negócio quase gentil, se comparado ao frenesi racista que a propaganda ocidental dispara sem parar contra o presidente Vladimir Putin da Rússia e seus conterrâneos eslavos.
Sim, a Rússia tem a mais longa fronteira com a União Europeia; e o ocidente sempre conseguiu impedir a Alemanha de construir qualquer tipo de aliança econômica ou geopolítica com a Rússia. Assim também, a 'revolução colorida' do oeste da Ucrânia, com vocação genocida, que nunca passou de total fracasso, porque a Crimeia optou por ser reintegrada à Rússia, como o Donbass, movimentos para um recasamento que se pode esperar para os próximos anos. Desnecessário lembrar o fator vingança, porque não há coisa que a tirania ocidental mais ame do que arrancar qualquer vingança acessível, de sua longuíssima lista de fracassos e de tentativas malsucedidas de extermínio, por aí pelo mundo.
Mas a Rússia é país capitalista oficial. A Constituição vigente foi redigida, quase toda, por 5ª-Colunistas norte-americanos e norte-americanistas. Muita gente suspeita que o Banco Central da Rússia esteja também sob o tacão de famílias ocidentais da banqueiragem e do petróleo. Apesar da ignorância vastamente disseminada pelo mundo, nesses dois campos a China pode, com certeza, se autoposicionar na coluna da oposição. Dado o medo pânico, doente, histérico, alucinado, nos EUA pós-1917, e os nunca revelados quantos bilhões gastos para esmagar qualquer expressão comunista em todos os cantos do mundo, bem se poderia supor que a China e Xi vermelhos seriam Inimigo Público n.1 nos EUA. Mas, não. É Putin. Putin e todos os russos.
Uma possível explicação é que o ocidente tem percepções diferentes do poder militar de Rússia e de China. Os russos já exibiram bem armados e poderosos exército, marinha e força aérea na Síria e no Mar Negro. O ocidente é provavelmente apanhado numa inércia histórica, ao ver a China que moderniza rapidamente o Exército Popular de Libertação (EPL) (mas nem pensar na Guerra da Coreia, quando a Nova China recém libertada ainda não tinha força aérea, nem marinha, nem mísseis nucleares, mas mesmo assim chutou o traseiro de Tio Sam, usando quase que exclusivamente armas da 1ª Guerra Mundial, velhas e superadas). Problema é que também aqui, para começar, ninguém no ocidente sequer admite que os EUA tenham sido derrotados na Guerra da Coreia.
O que posso dizer é que aqui na China, exatamente como 1950-1953, o presidente Xi e o Exército Popular de Libertação não temem o poderio dos EUA, medo zero. Respeito sim. Medo deles? Nunca!. O presidente Xi pôs oExército de Libertação do Povo em prontidão para combate. E não estava brincando nem falando 'para a mídia'.
Mas apareceu nova mosca varejeira, contra o unguento imperial que o ocidente sonha aplicar em todo o planeta, e que pode empurrar o presidente Xi e o povo chinês em rápida ascensão no ódio-racistômetro, elevando-os às alturas do racismo ocidental antieslavos: a ameaça chama-se Rodrigo Duterte, novo presidente eleito das Filipinas. O mais recente pior pesadelo do Tio Sam não tem papas na língua, diz o que pensa e chegou falando muito grosso. Disse ao império norte-americano o que nenhum império está habituado a ouvir, assim, na lata: que é império genocida, ditatorial e saqueador. Não disse uma vez e calou para sempre: Duterte diz sempre a mesma coisa, dia após dia, reunião após reunião, conferência após conferência de imprensa.
Na reunião de cúpula da Organização das Nações do Sudeste da Ásia [ing. ASEAN], no Laos, dias 8-9/9/2016, Duterte exibiu fotos do período colonial e falou sobre o genocídio cometido pelo ocidente EUA, quando brutalmente invadiu e ocupou as Filipinas (1899-1913), matando cerca de 1,25 milhão de pessoas, ¼ da população do país. A mídia-empresa ocidental censurou o homem como se fosse vetor da peste bubônica, e até veículos semi-solidários, como o South China Morning Post mostraram-se indignados de haver alguém capaz de associar ocidente e genocídio. Deus seja louvado! E, isso, apesar do fato de que 80-90% de todos os genocídios da história da humanidade terem sido perpetrados pela Euroanglolândia, aí incluído na coluna dos autores, é claro, Israel.
Por trás Grande Muralha Corta-fogo Ocidental, genocídio é coisa que pode acontecer com povos fracos, de pele escura e com socialistas impenitentes, como Slobodan Milosevic da Sérvia cercada e destruída.
Dizendo a verdade diretamente ao poder imperial, Duterte - que é advogado - dá uma aula de denúncia de genocídio perpetrado pelo ocidente, na recente reunião de cúpula da ASEAN em Vientiane, Laos. Como alguém se atreve a dar às coisas os verdadeiros nomes?! (Imagem Baidu.com)
Duterte socialista-trabalhista semioficial. Seu gabinete é inclusivo e consultivo, e nele foram integrados líderes da oposição política que estiveram exilados e presos, inclusive comunistas e muçulmanos. É perfeitamente claro que Duterte não suporta a arrogância grotesca, imperial, e a tirania dos EUA nas Filipinas, país que foi capacho de limpar sapatos para que os EUA servissem-se dele como bem quisessem na exploração da Ásia e, isso, desde a virada do século 19-20. Quando a cidade natal de Duterte, Davao foi atacada por terroristas num mercado público, dia 2/9/2016, ataque que cheirava de longe a atentado sob falsa bandeira, o presidente sugeriu que a culpa pelo atentado seria do Grupo Abu Sayyef, de muçulmanos separatistas da ilha de Mindanao, área controlada pelas Forças Especiais dos EUA que têm uma base lá. Não há dúvidas de que Duterte acertou no indiciamento dos culpados pelo atentado. Mas não se pode admitir que líderes mundiais ponham-se a dizer a verdade ao poder, especialmente se são "irmãozinhos escurinhos", como o ministro de Relações Exteriores das Filipinas, Perfecto Yasay, descreveu a atitude dos EUA contra seu país há tanto tempo sofredor e vítimas de abusos.
Depois de assinar com Xi Jinping acordos de desenvolvimento que somam ($15 bilhões, mais de quatro vezes o valor ($4,7 bilhões) de tudo que os EUA investiram nas Filipinas até hoje:), Duterte declarou ao mundo que "os EUA perderam" e que seu país estava novamente alinhado com Baba Pequim. A delegação oficial do governo filipino foi a maior da história, com 300 membros e mais 150 empresários que pagaram as próprias despesas de viagem. Filipinos e chineses criaram comissões bilaterais para discutir e negociar as demandas que têm para o Mar do Sul da China, o que é anátema para os EUA que sempre insistem em seu 'direito' de 'atuar' como o cachorro louco de todas as 'negociações' naquela área.
Próxima parada de Duterte, no Japão, prostituta dos EUA, onde o presidente filipino declarou que seu país quer ver-se livre de todas e quaisquer bases militares estrangeiras (dos marines e forças especiais dos EUA) - o que nunca se viu, desde 1521, quando a Espanha começou a colonizar e estuprar o arquipélago.
Tudo, aí, é geopolítica poderosa em ação, do tipo que reescreve a história. Praticamente todos os outros líderes mundiais que falaram nesse tom e agiram correspondentemente, ou foram derrubados ou foram assassinados pelo ocidente, mais cedo ou mais tarde. Claramente, do ponto de vista do ocidente, o reposicionamento regional visionário de Duterte está intimamente associado ao presidente Xi e à China. Por essa razão, o presidente Xi Jinping já começa a fazer jus ao tratamento Putin-eslavo com agenda acelerada, numa tentativa desesperada para esmagar a China e seu papel tradicional, profundo, de liderança e de força confiável para todos os países asiáticos.
A velha história sobre gente capaz de ver que o rei está nu cabe bem no caso de Duterte. Lá está ele, gritando ao mundo que o império ocidental é fracasso gigante e existe para humilhar todos os cidadãos pobres e explorados e, por extensão, praticamente todos e quaisquer membros da humanidade que vivam fora da Euroanglolândia. Depois que uma pessoa levanta o véu, outras começam a ganhar coragem e a se aproximar para espiar.
Para Tio Sam já está acontecendo. O primeiro-ministro da Malásia Najib Razak está visitando Xi Jinping & Co. em Pequim nos dias 31/10-6/11/2016, visita de estado extraordinariamente longa para governantes mundiais. Najib declarou que a Malásia está decidida a fortalecer os laços de amizade com a China e a levar o relacionamento a "novas alturas". Com mais e mais países abraçando o projeto guia da nova história da China, "Um Cinturão, Uma Estrada" ("Novas Rotas da Seda"), do qual todo o mundo colherá benefícios no século 22, inclusive a Euroanglolândia, devem-se esperar mais e mais ações desesperadas de demonização e de desumanização do presidente Xi e do povo chinês, na mesma linha da campanha contra Putin e os russos. Talvez os rapazes e senhoras da CIA-MI6 desenterre e a pérola do século 19: "O Perigo Amarelo" e lhe apliquem maquiagem do dia.
Permaneçam sintonizados no New York Times, Radio France e BBC, enquanto a campanha de propaganda e de operações psicológicas de guerra híbrida vai tomando forma.
Agora, com mais e mais líderes mundiais empoderando-se para falar contra a tirania ocidental, na trilha desbravada pela coragem do presidente filipino Rodrigo Duterte que já assumiu palanques planetários, o presidente Xi Jinping pode esperar: logo, logo seu rosto está sendo transmutado, e aparecerá como um Putin, declarado "pária" e perfeito demônio na capa da revista Newsweek em janeiro de 2014.*****
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Putin e Xi no jornalismo de propaganda pró 'ocidente':
29/10/2016, Jeff J. Brown,* Moscow-Pequim Express (em The Saker)
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