Criado pela Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária, (Seagri), através da Bahia Pesca, o projeto de cultivo de ostras em cativeiro, em Cachoeira, no recôncavo baiano, já dá os primeiros frutos e garante renda para 18 famílias.
A cada mês estão sendo retiradas 100 dúzias de ostras, produzidas em mesas suspensas sobre as águas dos manguezais da Baía do Iguape. Cada mesa tem entre 30 a 40 travesseiros e produzem ostras que chegam a 15 centímetros, três vezes maiores que o produto importado dos estados do Sudeste e Sul do País.
Através do projeto as famílias apreendem técnicas de produção e controle de qualidade e criação de estruturas associativistas para a comercialização do produto. Todo o trabalho é feito nas comunidades remanescentes de quilombos de Dendê, Caongi, Calembá e Engenho da Ponte. O cultivo está aumentando, e no futuro vai abarcar todas as famílias da região, diz, entusiasmado o presidente da Cooperativa de Maricultores do Iguape (Comai), Nilton Antonio Nogueira Silva, de 42 anos.
Além da Baía do Iguape, entre os municípios de Cachoeira e Maragogipe, a Bahia Pesca desenvolve pesquisas nos projetos de ostreicultura nas localidades de Ponta Grossa, Baiacu e Jiribatuba (Ilha de Itaparica), Maragogipinho, no município de Aratuípe, e na Ilha Branca, município de Jaguaripe.
Potencial Para o diretor-presidente da Bahia Pesca, Isaac Albagli, a ostreicultura é uma atividade de grande potencial no entorno da Baía de Todos os Santos, que começa a ser explorado de forma mais racional. Ele explica que além desse trabalho em Iguape, a Bahia Pesca desenvolve outros projetos, como o de cultivo de algas e a criação de Beijupirá em cativeiro. Em Iguape já se colhe os primeiros resultados, mas em outras áreas o trabalho se desenvolve bem com boas perspectivas, diz.
Conforme explicou o subgerente de Maricultura da Bahia Pesca, Eduardo Rômulo Nunes Rodrigues, em Iguape trata-se de um projeto de cultivo para complemento de renda, uma vez que as comunidades quilombolas da região desenvolvem outras atividades como o plantio de legumes e a apicultura. O que fazemos é criar condições, mediante acompanhamento técnico, para que no futuro eles possam desenvolver atividades geradoras de emprego e renda em benefício da própria comunidade, diz.
Eduardo diz que a próxima fase do trabalho é o de criar um certificado de qualidade e origem dos produtos, que ficará a cargo do Programa Estadual de Controle Higiênico Sanitário de Moluscos Bivalves. Com isso teremos o monitoramento da produção e da qualidade do produto que será comercializado em Salvador e outras regiões, diz Eduardo.
Somos as guerreiras do manguezal!.
Em meio à lama e vegetação típica dos manguezais, as marisqueiras Juscilene Viana Jovelino, 29, Selma Silva Santos, 28, e Iraíldes de Assis, 58 anos, são as responsáveis pela depuração das ostras que são trazidas das mesas instaladas nas águas dos manguezais da Baía do Iguape.
Inseridas, juntamente com outras mulheres, no projeto de cultivo de ostras desenvolvido pela Bahia Pesca, elas admitem que o trabalho é cansativo, por causa do sol e do tempo em que permanecem retirando as ostras incrustadas nas pedras, para depois separá-las e vendê-las na região. Somos verdadeiras guerreiras do manguezal, afirma Juscilene.
O trabalho da Bahia Pesca consiste em, após a identificação das famílias e da disponibilidade para inserção no trabalho, de fornecer material (mesas e travesseiros) e as técnicas de coletas das sementes de ostras. Esse trabalho dura entre oito a 12 meses (engorda), quando a partir de então se inicia o trabalho de retirada e comercialização.
Conscientes das necessidades de melhorias nas condições de trabalho e da manutenção da produção, elas aguardam a efetivação da cooperativa, para terem uma infra-estrutura melhor de comercialização. Com a capacitação vamos aprendendo também a cuidar do próprio meio ambiente onde as ostras se reproduzem e cuidando de manter a produção, sem riscos de extinção das espécimes, pois é daqui do manguezal que sai o nosso sustento, diz Selma.
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