Pesquisa Mensal de Comércio Fonte IBGE Base: Abril de 2009
Em abril, vendas do varejo variam - 0,2% e receita nominal 0,2%
Ambas as taxas foram em relação a março, na série com ajuste sazonal. Esse resultado sinaliza uma estabilidade nas vendas do setor, em relação ao mês anterior. Na comparação com abril de 2008, o volume de vendas e a receita nominal do varejo cresceram 6,9% e 13,0%, respectivamente, bem acima das taxas observadas em março, devido ao deslocamento da Páscoa, de março para abril, entre 2008 e 2009. Nos quatro primeiros meses do ano, esses indicadores registraram elevação de 4,5% e 10,6%. Nos últimos doze meses, volume e receita acumularam crescimento de 7,1% e 13,4%.
Quanto ao Comércio Varejista Ampliado, na passagem de março para abril, houve queda de -4,0% para volume de vendas e -4,5% para a receita nominal, em razão do encolhimento das vendas de veículos e de material de construção. Em relação ao volume de vendas, o Comércio Varejista Ampliado também registrou variação negativa de -0,8%, em abril de 2009 frente a abril de 2008, obtendo taxas de crescimento de 2,5% no acumulado no ano, e de 6,0%, nos últimos doze meses. Para os mesmos indicadores, a receita nominal de vendas variou 1,6% (abril 2009/abril2008); 5,2% (acumulado no ano) e 10,6% (últimos doze meses).
Na comparação abril/março de 2009, apenas duas das oito atividades do Varejo apresentaram taxas de variação positivas para o volume de vendas: Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (0,8%) e Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (8,9%). Os resultados negativos foram de -0,8% para Combustíveis e lubrificantes; -1,7% em Tecidos, vestuário e calçados; - 2,0% para Móveis eletrodomésticos; -1,0% para Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos; -2,7% em Livros, jornais, revistas e papelaria; e -2,4% em Outros artigos de uso pessoal e doméstico. As duas outras atividades que formam o Varejo Ampliado registraram, também, resultados negativos, em abril em relação a março: Veículos e motos, partes e peças, com taxa de -5,6%; e Material de construção (-3,5%).
Em relação a abril de 2008, exatamente metade das 10 atividades pesquisadas obteve crescimento no volume de vendas.
Resultados setoriais
A atividade de Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, com crescimento de 14,1% em relação a abril de 2008, figura este mês como a segunda maior taxa de desempenho setorial do varejo. Tal resultado, assim como o desempenho de março (-0,2%), resulta consideravelmente do fator-calendário: o deslocamento da Páscoa, de março para abril, entre 2008 e 2009. Essa magnitude de crescimento, combinada com o elevado peso na estrutura do comércio, colocou o segmento como responsável, em abril, por 98% da taxa global do setor. Em termos de resultados acumulados, as variações foram de 6,5% para quatro primeiros meses do ano e de 5,5% para os últimos 12 meses. A estabilização dos preços dos alimentos e o crescimento da massa de rendimento real efetivo dos assalariados vêm mantendo a atividade num patamar de crescimento próximo daquele registrado antes de setembro do ano passado.
O segmento de Outros artigos de uso pessoal e doméstico, com expansão de 13,8% no volume de vendas em relação a abril de 2008, proporcionou o segundo maior impacto positivo na formação da taxa do varejo. O diferencial entre a taxa desse mês e a de março (4,7%) também resulta do Efeito-Páscoa, uma vez que as lojas de departamentos têm forte participação nas vendas de produtos relacionados à data. No acumulado dos quatro primeiros meses de 2009, em relação a igual período de 2008, a atividade revela taxa de crescimento da ordem de 8,3%, acumulando em 12 meses variação de 11,3%.
O segmento de Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos; com 11,3% de variação no volume de vendas na relação abril09/abril08 exerceu a terceira maior contribuição à taxa geral do varejo. Com expansão da ordem de 12,0% no acumulado de janeiro a abril, sobre igual período de 2008, e aumento de 12,8% no acumulado dos últimos 12 meses, a atividade vem praticamente mantendo o ritmo de crescimento, o que pode ser justificado tanto pelo resultado positivo da massa real de salários como pelo caráter de uso essencial de seus produtos.
A atividade de Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação exerceu o quarto maior impacto positivo na formação da taxa do varejo em abril, com seus 27,0% de crescimento em relação a igual mês de 2008. Em termos de resultados acumulados, trata-se da atividade com o maior patamar de expansão do volume de vendas até agora: 18,1% na relação janeiro-abril09/janeiro-abril08, e 29,7% no acumulado dos últimos 12 meses. Aumento de renda e redução de preços são os principais fatores para este desempenho.
A quinta e última contribuição positiva ao desempenho do varejo, na relação abril09/abril08, veio de Combustíveis e lubrificantes, com crescimento no volume de vendas da ordem de 3,7%. Registrando taxas de variação de 3,2% e 8,3% nos acumulados dos quatro primeiros meses do ano, em relação a igual período do ano anterior, e nos últimos 12 meses, respectivamente, o segmento vem mantendo resultados próximos aos obtidos pelo varejo, mesmo coma redução da atividade econômica. Para isto, tem sido fundamental a estabilidade nos preços dos combustíveis, com variação abaixo da índice geral de inflação. De acordo com o IPCA, no acumulado de 12 meses até abril, os combustíveis automotivos variaram de preços em 1,1%, contra uma variação de 5,5% do índice geral.
A atividade de Móveis e eletrodomésticos, com -10,0% de queda no volume de vendas em relação a abril de 2008, foi a que mais contribuiu negativamente na formação da taxa de desempenho do varejo, este mês. No acumulado de janeiro a abril assinalou redução de -1,6% sobre igual período do ano anterior, e variação positiva de 8,3% no acumulado dos últimos 12 meses. Esta última taxa incorporando, ainda, as altos índices de desempenho observados até setembro de 2008. As restrições ao crédito, aliadas às expectativas do consumidor diante de um novo cenário econômico, e ainda, o elevado nível de vendas que o segmento alcançou depois de cinco anos ininterruptos de forte crescimento, justificam o quadro atual de taxas negativas.
O segundo maior impacto negativo sobre o resultado do varejo coube a Tecidos, vestuário e calçados, que obteve variação de -9,8% no volume de vendas em abril, com relação ao mesmo mês de 2008. Em termos de resultados acumulados, as taxas ficaram em -7,5%, na relação janeiro-abril09/janeiro-abril08, e em -1,1%, no acumulado dos últimos 12 meses. Já que as vendas da atividade são sensíveis tanto à evolução da massa de salários, com variação positiva, quanto ao crédito (ofertado com restrições a partir de setembro/08), fica para o fator preço uma boa dose de explicação para este comportamento negativo. De setembro/08 a abril/09, segundo o IPCA, enquanto o índice geral de preços variou 3,1%, o item roupas teve crescimento de 6,2%. Ou seja, exatamente o dobro.
A variação no volume de vendas de Livros, jornais, revistas e papelaria, de -1,4% sobre abril de 2008, teve reduzida importância na formação da taxa geral comércio varejista. O resultado desse mês, o primeiro negativo da atividade depois de 27 meses de crescimento, praticamente não afetou os resultados acumulados, que continuam acima da taxa global do setor, atingindo 9,4% para os quatro primeiros meses do ano, e 10,3% nos últimos 12 meses. Justifica estes resultados a diversificação na linha de produtos comercializados, principalmente pelas grandes redes de livrarias e papelarias, com participação crescente na oferta de suprimentos de informática.
Completam o quadro de taxas negativas na relação abril09/abril/08, Veículos e motos, partes e peças, com variação de -11,3%; e Material de construção (-15,8%), resultados que proporcionaram uma queda de -0,8% no volume de vendas do Comércio varejista ampliado. Com relação aos indicadores acumulados, houve redução das taxas em ambas atividades. Para Veículos e motos, partes e peças, elas estabeleceram-se em 1,3%, para o período janeiro-abril, e em 5,1%, para os últimos 12 meses. Já as taxas de Material de construção situaram-se em -11,4% no acumulado do ano, e em 0,3%, no de 12 meses. Tais resultados são atribuídos ao quadro de restrições ao crédito e de incertezas dos consumidores, que teve inicio em setembro/08. A política de redução do IPI para automóveis e, mais recentemente, para itens básicos de material de construção, vem evitando uma maior retração destas atividades.
Resultados regionais
Tomando-se por base o volume de vendas do Comércio Varejista, os resultados de novembro por Unidades da Federação mostram o seguinte quadro, no que se refere ao indicador mês/mês anterior com ajustamento sazonal: 16 estados com variações positivas e 11 assinalando quedas. Os principais acréscimos ocorreram em Alagoas (3,4%); Roraima (3,2%), Sergipe (3,0%); e Paraíba (2,4%), enquanto as maiores reduções foram verificadas em Rondônia (-7,6%); Tocantins (-2,1%); Santa Catarina (-2,1%); e Goiás (-1,7%).
Já na relação abril09/abril08 (sem ajustamento), 22 das 27 Unidades da Federação assinalaram resultados positivos no volume de vendas. As maiores taxas de crescimento ocorreram nos estados de Roraima (24,2%); Sergipe (12,4%); Rondônia (11,6%); São Paulo (9,8%); e Alagoas (9,7%). As principais quedas foram em Tocantins (-2,0%); Acre (-1,9%); e Espírito Santo (-1,8%). Quanto à participação na composição da taxa do Comércio varejista, os destaques foram, pela ordem: São Paulo (9,8%); Rio de Janeiro (5,4%); Paraná (8,9%); Minas Gerais (5,4%); e Santa Catarina (9,7%).
Quanto ao volume de vendas do varejo ampliado, ainda na comparação com abril/08, prevaleceram os resultados negativos, que ocorreram em 15 das 27 Unidades da Federação. Destacaram-se com as maiores quedas o Acre (-12,6%); Amazonas (-10,1%); Espírito Santo (-7,7%); Distrito Federal (-7,4%); e Goiás (-6,6%). Em termos de contribuição para o resultado negativo do setor, os destaques foram Rio Grande do Sul (-3,4%); Distrito Federal (-7,4%); Goiás (-6,6%); Espírito Santo (-7,7%); e Rio de Janeiro (-1,4%).
Prof. Ricardo Bergamini
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