A crise chega ao lado real da economia americana

por Roberto Fendt


Com a manchete “ Falências assombram EUA ”, o caderno de economia do Globo de hoje informa a quebra da Circuit City, uma grande cadeia de varejo de artigos eletrônicos, e a menor cotação em 62 anos das ações da General Motors.


Para quem tinha alguma dúvida de que a crise está agora começando no “lado real” da economia americana é bom começar a pôr as barbas de molho. As duas empresas são ícones e a situação econômica das duas dá o que pensar.


O segmento em que operava a Circuit City é o mais dinâmico da economia americana: mexe com computadores, seus pertences e acessórios, e a miríade de produtos do entretenimento eletrônico, passando pela música, DVDs de filmes e shows, jogos eletrônicos e tudo o mais que é demandado por uma sociedade afluente.

A General Motors é emblemática da cultura americana do transporte individual. Mas o impacto de sua perda de valor de mercado vai além. Qualquer montadora é como um supermercado: ela agrega milhares de diferentes itens, produzidos por milhares de fornecedores, em modelos de veículos. A simples divulgação das análises do Deutsche Bank e do Barclay Bank a respeito da empresa, independentemente de estarem corretas ou não, acentuou um movimento de perda de valor, que já vinha de algum tempo. Quem agora vai querer comprar um carro de uma montadora que poderá deixar de existir? Que efeitos isso terá sobre a enorme cadeia de suprimentos que começa no aço e passa pelas autopeças? O que ocorrerá com o emprego, cuja perspectiva de redução já está afugentando os consumidores da Circuit City?

Tempos difíceis pela frente, é o que se pode esperar. Enquanto isso, as despesas de pessoal aqui estouraram o orçamento. Afinal, tudo não passa de uma “marola”.


Roberto Fendt

Vice-Presidente do Instituto Liberal

http://www.guiasaojose.com.br/novo/coluna/index_novo.asp?id=1855

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey