Coreia: finalmente, o caminho da Paz
Foi um dos mais extremos focos de tensão nuclear do globo, sob permanente ameaça do imperialismo dominante. Para resolver o conflito foi preciso reunir as Coreias. Porque a paz é uma só, para ambas.
O que alguns analistas consideravam impossível há poucos meses, aconteceu. Os líderes da República Democrática Popular da Coreia (RPDC) e da República da Coreia (RC), Kim Jung-un e Moon Jae-in, reuniram-se numa cimeira da qual os resultados ultrapassaram as expectativas dos observadores ocidentais.
Ao dar o nome à declaração conjunta produzida no final da cimeira, a pequena aldeia de Panmunjom, próxima da Linha de Demarcação Militar entre os dois estados, ficará na história como o local onde se começou a resolver aquele que tem sido, simultaneamente, um dos mais longos conflitos da história contemporânea e um dos mais perigosos focos de tensão nuclear no globo.
Por esta razão, a realização e os resultados da cimeira são importantes para os povos e os amantes da paz do mundo mas, como acontece em todos os conflitos entre povos, ou entre estados, são verdadeiramente decisivos para estes e para a região onde se passam.
Neste como noutros conflitos - em particular no Médio Oriente - é a vontade de diálogo e o desejo de paz dos protagonistas que são decisivos, e não as pressões ou intervenções militares das velhas e novas potências imperiais (Estados Unidos, Grã-Bretanha, França e União Europeia/NATO).
Uma vontade de paz, prosperidade e reunificação da Coreia
Da cimeira resultou uma «Declaração de Panmunjom pela paz, prosperidade e reunificação da península coreana» que o AbrilAbril publicará na íntegra, dada a sua importância, desde já assinalando algumas das mais relevantes partes da declaração.
As delegações declaram «uma vontade de paz, prosperidade e reunificação da península coreana» em tempos que designaram como «históricos» e «de mudança». Os líderes dos dois países quiseram «deixar claro», «ao mundo» mas também «aos 80 milhões de coreanos», que «começou uma nova era de paz» e exprimiram a vontade de «não haver mais guerra na península da Coreia».
Sinais de uma détente anunciada
Ontem mesmo, precedendo a cimeira, o AbrilAbril dava conta do «clima de distensão e aproximação» que se vinha a sentir nos últimos meses, expresso nas delegações conjuntas da RPDC e da RC às Olimpíadas de Inverno, na troca de delegações culturais e na abertura de uma linha telefónica entre os dois países.
O momento decisivo foi, no entanto, como anunciámos, o anúncio por Kim Jong-un, a uma «sessão plenária extraordinária do Comité Central do Partido dos Trabalhadores», de que, «no âmbito da chamada Ofensiva para a Paz, a RPDC iria parar com os ensaios nucleares e o lançamento de mísseis balísticos intercontinentais, e iria encerrar o centro de ensaios nucleares da base de Punggye-ri».
Foto: By Don Sutherland, U.S. Air Force - http://www.defenseimagery.mil; VIRIN: DF-ST-89-04867, Public Domain, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=10513558
Fonte: https://www.abrilabril.pt/internacional/coreias-finalmente-o-caminho-da-paz
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