BRASILIA/BRASIL - No Brasil, a instabilidade política, que virou crise econômica, e afundou o Pais na recessão, no desemprego, no descrédito e desrespeito ao governo central, nos protestos populares por ruas, praças e avenidas, no enfrentamento entre classes sociais e políticas, teve um resultado nefasto, embora não tenha sido percebido pela grande opinião pública: Quase 4 milhões de brasileiros da classe C foram obrigados a irem viver nas classes D e E. Um rebaixamento obrigado, por força da crise política criada pelo enfrentamento entre o governo petista, que tem apenas 7% da aprovação popular, e a oposição a ele.
Por ANTONIO CARLOS LACERDA
Ano passado, 2015, pelo menos 3,7 milhões de brasileiros deixaram a classe C e voltaram para as classes D e E, segundo estudo da economista Ana Maria Barufi, publicado pelo jornal Valor Econômico.
A pesquisa foi feita com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) e da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No mesmo período, a participação da classe C na pirâmide social do país caiu dois pontos porcentuais, de 56,6% para 54,6%. Uma parcela dessa queda alimentou as classes D e E, cuja participação avançou de 16,1% para 18,9% e de 15,5% para 16,1%, respectivamente. O aumento do desemprego e a queda da renda são alguns dos principais fatores que afetam a mobilidade social no país.
Na classe C, que concentra o maior contingente de brasileiros, estão 103,6 milhões de pessoas, com renda mensal entre 1.646 e 6.585 reais. Na classe D estão famílias com renda de 995 a 1.646 e na E, de até 995 reais.
"O problema é que não se vê reversão dessa tendência [no curto prazo]", disse ao jornal a economista responsável pelo estudo, tendo em conta o cenário de aprofundamento do desemprego.
Ana Maria acrescenta que as recessões afetaram mais rapidamente e de forma mais intensa as classes mais baixas, já que as vagas que demandam menor qualificação são as primeiras a serem cortadas em períodos de ajuste.
A inflação, que acumulou 10,67% em 2015, é um agravante, pois compromete o orçamento doméstico com gastos básicos dessa parcela da população, como alimentação e transporte.
Com isso, a economista prevê que a desigualdade de renda aumente no país nos próximos meses, o que pode levar a classe C a voltar a responder por menos de 50% do total da população do país.
ANTONIO CARLOS LACERDA é Correspondente Internacional do PRAVDA.RU
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