Por ANTONIO CARLOS LACERDA
BRASILIA/BRASIL - No Brasil, a pequena cidade de Simões Filho, com apenas 110 mil habitantes, localizada na Região Metropolitana de Salvador, a 21 quilômetros da capital, é a mais violenta do País e considerada a 'capital da morte'.
Os dados estatísticos constam do ranking nacional de homicídios, elaborado com informações dos ministérios da Saúde e Justiça, e revelou que Alagoas, Espírito Santo e Pará são os três estados mais violentos do Brasil.
O índice de homicídios caiu no país no ano passado, passando de 27 casos por 100 mil habitantes em 2009 para 26,2 em 2010, segundo o estudo Mapa da Violência 2012, elaborado com base em informações do Ministério da Justiça e do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde. Em 2008, a taxa ficou em 26,4.
Os dados do Instituo Sangari são preliminares e consideram como morte violenta as provocadas no trânsito, por armas de fogo ou outros tipos de agressões.
Quando se analisa o ranking por estados, Alagoas lidera o ranking da taxa de homicídios em 2010 - foram 66,8 casos por 100 mil habitantes. Em seguida estão os estados de Espírito Santo (50,1), Pará (45,9), Pernambuco (38,8) e Amapá (38,7). Santa Catarina foi o estado que registrou o menor índice no ano passado (12,9).
Já dentre as capitais, Maceió aparece como a mais violenta: foram 109,9 homicídios/100 mil habitantes em 2010. Em seguida estão, João Pessoa (80,3), Vitória (67,1), Recife (57,9) e São Luis (56,1).
Homicídio é causa da morte de quase 40% dos jovens. 'Aqui, vida não vale nada', diz pai de morto na cidade mais violenta do país, o município baiano de Simões Filho, com média de 146,4 homicídios por 100 mil habitantes nos últimos três anos.
Na sequência estão Campina Grande do Sul (PR), com taxa 130, e Marabá (PA), com taxa 120,5. Segundo o sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, diretor de Pesquisas do Instituto Sangari, o nível epidêmico de homicídios considerado pela ONU é 10 mortes por 100 mil habitantes.
Mais de 1 milhão de pessoas morreu vítima de homicídios no país nos últimos 30 anos, aponta o Mapa da Violência. As mortes violentas passaram de 13.910 casos registrados em 1980 para 49.932 em 2010, um aumento de 259% e que equivale a cerca de 4,4% de crescimento anual.
Segundo o estudo, na última década, houve uma queda na taxa de assassinatos registrada nas capitais e regiões metropolitanas e um aumento contínuo na taxa nas cidades do interior. Enquanto que, nas capitais e regiões metropolitanas, a taxa passou de 44,1 em 2003 para 33,6 em 2010, nas cidades do interior houve um crescimento, passando a média nacional de 16,6 em 2003 para 20,1, em 2010.
"O interior, que antigamente era uma ilha de tranquilidade, deixou de ser. Estes novos municípios, principalmente que viraram polos de crescimento, também estão virando polos de criminalidade", afirma o pesquisador. "Temos que pensar em políticas públicas que pensem em tratar o aumento da violência nas cidades do interior, principalmente em zonas de fronteira", acrescentou Waiselfisz.
Ele também destacou que a criminalidade e as mortes estão migrando para o interior devido ao crescimento da repressão e do reforço na segurança pública e no policiamento nas capitais e regiões metropolitanas.
ANTONIO CARLOS LACERDA é correspondente internacional do PRAVDA.RU.
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